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Não podemos ficar encolhidos e timoratos

Redação (Sexta-feira, 14-06-2019, Gaudium Press) Estando no Monte das Oliveiras, poucos dias antes da Santa Ceia, Jesus falou aos Apóstolos a respeito do fim do mundo e dos sinais que precederão esse magno acontecimento.

Não podemos ficar encolhidos e timoratos-Foto Arquivo Gaudium Press.jpg

Ataques externos e internos

Referiu-Se Ele à “abominação desoladora, de que falou o Profeta Daniel, instalada no Lugar santo – o leitor entenda!” (Mt 24, 15).

Esse profeta afirma que tal abominação ocorrerá no Templo (cf. Dn 9, 27). Quantas coisas hediondas acontecem hoje em lugares sagrados!

Nosso Senhor tratou também sobre as perseguições que os bons sofreriam (Cf. Lc 21, 12), e que se aplicam à Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Ao longo de seus dois milênios, a Esposa de Cristo padeceu terríveis investidas. “Basta-nos recordar as perseguições romanas, a invasão dos bárbaros, o arianismo, os cátaros e albigenses, Avignon, o Renascimento, Protestantismo e Humanismo, a Revolução Francesa, o Comunismo.

“Ou seja, a Santa Igreja vem recebendo os mais violentos ataques que a História tenha conhecido, quer externa quer internamente.”

Arrancar a menina dos olhos

Como se persegue a Igreja?

Responde Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Atentando contra os seus direitos ou trabalhando para dela afastar as almas. Todo ato pelo qual se afasta da Igreja uma alma é um ato de perseguição a Cristo.

“Toda alma é, na Igreja, um membro vivo. Arrancar uma alma à Igreja é arrancar um membro ao Corpo Místico de Cristo. Arrancar uma alma à Igreja é fazer a Nosso Senhor, em certo sentido, o mesmo que a nós nos fariam se nos arrancassem a menina dos olhos.”

E como se arrancam atualmente milhões de almas à Igreja?

Induzindo-as a cometerem pecados, entre outros meios através dos escândalos.

“O mundo hoje está pervadido, encharcado e transbordante de escândalos por todos os cantos. São escândalos nas modas, nas conversas, nos modos de ser; são escândalos na televisão, na internet, nos cinemas; são escândalos nos jornais, nas revistas, no relacionamento social. Onde não há escândalo e a inocência não vai sendo tragada pela voragem da impureza e da desonestidade?

Qual será, pois, a reação de Nosso Senhor a esta avalanche de pecados de dimensões inauditas?”

Fachos da Luz de Cristo

“Errôneo seria pensar que durante as perseguições cabe aos bons ficarem encolhidos e timoratos, incapazes de qualquer ação. Pelo contrário, dão-lhes elas ensejo a testemunharem com coragem a boa doutrina diante daqueles que se desviaram do caminho certo.

“Ao afirmar que as portas do Inferno não prevalecerão contra a sua Igreja (cf. Mt 16, 18), estabeleceu o Divino Fundador que ela será não apenas invencível, mas sempre triunfante. Assim, por mais que os infernos, não podendo destruí-la, se organizem para sufocá-la, jamais conseguirão impedir sua atuação. E, sejam quais forem as aparências, a Luz de Cristo permanecerá em sua Esposa com todo o seu poder e grandeza, aguardando o momento de manifestar-se de forma intensa, majestosa e irresistível.

“Nessas horas de tempestade, suscita a Providência testemunhas da Fé que sejam fachos da Luz de Cristo a rasgar a obscuridade da provação. Muitas vezes, inclusive, Deus Se utiliza de instrumentos frágeis, de modo a deixar mais patente sua onipotência: Gedeão, último homem da tribo de Manassés; Judite, piedosa viúva; e os próprios Apóstolos, simples pescadores. E, se percorrermos as grandes aparições da Virgem Maria, desde Guadalupe até Fátima, a quem vemos como receptores da mensagem senão pessoas de escassa cultura e predicados? […]

“Santa Joana d’Arc, por exemplo, era uma camponesa sem estudos; suas respostas, entretanto, confundiram o tribunal que a julgava, pela extraordinária profundidade teológica.”
E no século XX houve um varão – Plinio Corrêa de Oliveira – que defendeu a Santa Igreja contra seus inimigos velados ou declarados, com destemor, garbo e ufania, através de seu exemplo e de conferências, livros, artigos de jornal e revista. Sua obra magna, “Revolução e Contra-Revolução”, vinda a lume em 1959 – com edições nos principais idiomas do Ocidente -, tornou-se o livro de cabeceira de todos os que desejavam e desejam fazer parte da família de almas de seus seguidores.

Ditadura do relativismo

Um dos maiores inimigos da Igreja, em nossos dias, que leva muitíssimas almas à perdição, é o relativismo moral e religioso.

A respeito dele, o então Cardeal Ratzinger – futuro Papa Bento XVI – afirmou:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento…

A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas, lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo, e por aí adiante.

“Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar ‘aqui e além por qualquer vento de doutrina’, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos.

“Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.”

Peçamos a Nossa Senhora sabedoria e fortaleza de alma para defendermos a Santa Igreja, certos de que seus inimigos serão esmagados e ela triunfará de modo esplendoroso dando origem ao Reino de Maria.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 196)

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 82.

2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A cena do Horto se repete… In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano V, n. 48 (março 2002), p. 7.

3- CLÁ DIAS, op. cit. v. IV, p. 397.

4- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A cena do Horto se repete… In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano V, n. 48 (março 2002), p. 7.

5- CLÁ DIAS, op. cit. v. IV, p. 397.

6- RATZINGER, Joseph. Homilia na Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, de 18/4/2005.

 

 

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