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O maior de todos os Sacramentos

Redação (Terça-feira, 03-09-2019, Gaudium Press) Após ter lavado os pés dos Apóstolos, inclusive de Judas Iscariotes, o Redentor instituiu o Sacramento da Eucaristia.

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Fundamento de nossa Fé na Eucaristia

A Eucaristia é o maior de todos os Sacramentos, pois n’Ela está Nosso Senhor Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Narra São Marcos:

“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo: ‘Tomai, isto é o meu Corpo.’
“Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes e todos beberam dele. Jesus lhes disse: ‘Isto é o meu Sangue, o Sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo, não beberei mais do fruto da videira, até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus.'” (Mc 14, 22-25)

Essas palavras são repetidas quase sem variações por São Mateus, São Lucas e São Paulo (cf. Mt 26, 26-29; Lc 22, 17-20; I Cor 11, 23-25), e constituem o fundamento de nossa Fé na Eucaristia.

A palavra de Nosso Senhor é criadora

Explica Monsenhor João Clá:

“Tudo o que é revelado por Deus é mistério da Fé, mas a Eucaristia o é por excelência. Quando o sacerdote profere a fórmula da Consagração, temos de acreditar que o pão e o vinho que vemos, provamos, cheiramos e até tocamos com a língua, e cuja aparência não mudou em nada, passaram a ser Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Os sentidos nos enganam – e não só em assuntos de Fé! -, pois
eles percebem apenas os acidentes e não captam a substância. Mas, graças à Fé que ilumina a inteligência, sabemos que ali está Jesus Sacramentado.

“Qual é a razão que nos leva a aceitar esta verdade?

“A afirmação de Nosso Senhor: ‘Isto é o meu Corpo… Este é o cálice do meu Sangue…’. Porque a palavra d’Ele é divina; logo, é criadora, é lei, é ‘viva, eficaz’ (Hb 4, 12), produz aquilo que significa e ‘permanece eternamente’ (Is 40, 8).”

Primeira comunhão da Santíssima Virgem

Comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira que, enquanto o Salvador “era traído e os judeus planejavam matá-Lo, Ele instituía um modo de ficar com os homens ininterruptamente.

“É um fato muito bonito: Nosso Senhor, depois da instituição da Sagrada Eucaristia, não mais deixou de estar na Terra por um instante sequer. No momento em que os judeus pensavam armar uma cilada para expulsá-Lo da Terra, o Redentor preparava uma sacratíssima rasteira contra eles. Instituiu a Eucaristia e, quando morreu, Ele ficou sob forma eucarística em Nossa Senhora; assim não abandonou o mundo em nenhum momento.”

Nossa Senhora fez sua primeira Comunhão quando Jesus instituiu a Sagrada Eucaristia. Afirma Jourdain:

“Foi principalmente para sua Santíssima e Beatíssima Mãe que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia. Sem dúvida, Ele o instituiu para toda a Igreja, mas, depois de Jesus, Maria é a parte principal da Igreja.”

A Sagrada Hóstia nos assume e transforma

Escreve Monsenhor João Clá:

“O alimento material foi criado para o desenvolvimento e sustento orgânico do homem, com vistas também a servir de símbolo para a instituição da Eucaristia.

“Há, entretanto, uma distinção entre o alimento material e o espiritual. O primeiro produz em nós seus efeitos, convertendo-se em substância de nosso organismo, ao ser por ele assimilado. Com o segundo se passa exatamente o contrário, pois nós somos assumidos por ele, como diz Santo Agostinho : ‘A força que nele se simboliza é a unidade, para que agregados a seu Corpo, feitos membros seus, sejamos o que recebemos.’

“Na Sagrada Hóstia, o Criador Se doa à criatura e, ao mesmo tempo, assume-a e transforma, tornando-a mais semelhante a Ele. E, se ela corresponde ao seu amor, estabelece com ela uma ‘comunhão de vontade’ que, conforme ensina o Papa Bento XVI, ‘cresce em comunhão de pensamento e de sentimento’.”

“Christianus alter Christus – O cristão é um outro Cristo, pois, na realidade, pelo Batismo passamos a ser outros Cristos, e a Eucaristia vai paulatinamente reproduzindo em nós os mesmos sentimentos e virtudes próprias ao Homem-Deus.

“Com o tempo, e pela assídua frequência a este Sacramento, pensaremos, amaremos e agiremos tal como Ele. Nossa caridade, humildade, obediência e demais virtudes serão semelhantes às d’Ele.”

Símbolo da escravidão

O fato de Deus “oferecer-Se aos homens como alimento, é inimaginável! Nem sequer os Anjos poderiam cogitar algo tão ousado!

“Vemos nesta ousadia o quanto Deus ama a cada um de nós. Ele promoveu a ordem do universo com vistas à Eucaristia, porque quer unir-nos a Ele de uma forma extraordinária e tornar-Se nosso escravo. Sim, pois quando o sacerdote pronuncia a fórmula da Consagração, Ele obedece à sua voz, opera a transubstanciação e renova-se de forma incruenta o Sacrifício do Calvário.

“A Eucaristia é, portanto, símbolo da escravidão de Deus a nós, mas, sobretudo, da nossa escravidão a Ele, pois se Ele assim Se entrega a nós, também é preciso nos entregarmos a Ele sem reservas!”

Que essas considerações nos ajudem a melhor nos compenetrarmos da sublimidade deste imenso dom de Deus à humanidade, e do papel de Nossa Senhora na devoção eucarística.

 

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 207)

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. III, p. 429-430.

2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Como corresponder com gratidão ao infinito dom da Eucaristia? In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XII, n. 136 (julho 2009), p. 13.
3- Cf. Idem. O sepulcro do Senhor. In revista Dr. Plinio. Ano XIII, n. 145 (abril 2010), p. 22.
4- JOURDAIN, Zéphyr-Clément. Somme des grandeurs de Marie. 2.ed. Paris: Hippolyte Walzer, 1900, t. IV, p.561.
5- Sermo LVII, n.7. In: Obras completas. Madrid: BAC, 1983, v. X, p.137.
6- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 318.
7-Deus caritas est. N. 18.
8- CLÁ DIAS, op. cit., 2013, v. VII, p. 325-326.
9- Idem, ibidem, 2014, v. IV, p. 319.
10- Idem, ibidem, 2014, v. III, p. 431.

 

 

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