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“O latim continua vivo”, assegura diretor da seção latina da Secretaria da Santa Sé

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 06-09-2019, Gaudium Press) O latim não é uma língua morta, pelo contrário, tem a cada dia novas expressões de vida. Este é a abordagem principal de Dom Waldemar Turek, Diretor da seção latina da Secretaria da Santa Sé, em uma entrevista concedida à edição polonesa do diário oficial vaticano, L’Osservatore Romano. Como mostra desta vitalidade, o prelado enumerou os tuítes do Papa, lidos em latim por milhares de pessoas, novos programas radiofônicos em latim e as notícias da Santa Sé publicadas nessa língua.

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“Queremos mostrar através destes programas que o latim segue sendo, ao menos em certa medida, um idioma vivo. Hoje, a grande maioria das pessoas interessadas no latim pensam que é um idioma morto, que ninguém mais fala ou escreve em latim”, declarou Dom Turek. “Nós, no entanto, somos uma equipe pequena, realmente uma das poucas que tenta não apenas apoiar, mas também promover o uso do latim como idioma vivo. Sei que aqui e ali há grupos de estudantes latinos que tentam falar este idioma, que também há professores que ministram conferências em latim. No entanto, estes grupos são raros. Fazemos uma chamada a todos os que estejam interessados no latim de alguma maneira, especialmente os jovens, porque esperamos que seja um incentivo para que conheçam o rico mundo da cultura expressado nesse idioma”.

Dom Turek está à frente de um departamento encarregado de preparar os documentos pontifícios em latim, que continua sendo a língua oficial da Igreja, a maioria dos quais são assinados pessoalmente pelo Papa. Da mesma maneira é responsável por traduzir os breves discursos que ocasionalmente o Pontífice pode fazer nesse idioma. Textos de grande importância como as nomeações de Bispos ou os decretos sobre os novos Santos são redigidos diretamente em latim para em seguida serem traduzidos à outros idiomas.

“Ainda que alguns chamem o latim um idioma morto, a realidade não apenas não confirma isto, mas inclusive proporciona novas provas de que é completamente diferente”, comentou o prelado. “Uma delas é o grande interesse nas publicações latinas do Papa no Twitter, seguido por quase um milhão de pessoas, assim como a publicidade que tem causado nos meios de comunicação italianos”. A isto se soma o interesse nos “novos programas transmitidos desde junho deste ano através da Rádio Vaticano”. O primeiro deles é “Hebdomada Papae. Notitiae Vaticanae Latine redditae” (A Semana do Papa: Notícias Vaticanas em Latim), de uns cinco minutos de duração. O segundo é um programa de conversação em italiano sobre o idioma latim, nos quais se discutem neologismos criados para as necessidades de textos atuais, assim como “mini lições” teóricas e práticas desta língua.

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Dom Turek lamentou que o estudo de latim tenha sido abandonado nas escolas “porque não se reconhece sua aplicação direta e vivemos em uma época de pragmatismo” na qual se abandonam áreas que dão um benefício a longo prazo. “Desafortunadamente, muitos sacerdotes não sabem latim ou o sabem muito superficialmente. Não é somente culpa deles, pois nos últimos anos ocorreram várias mudanças nos programas do Seminário, muitos clérigos, que inclusive estão bem preparados em outros campos, não tiveram um contato mais profundo com o idioma latim”, indicou o especialista. “Quando vem uma necessidade prática de conhecer o idioma em diferentes circunstâncias, por exemplo, na Eucaristia concelebrada por sacerdotes de todo o mundo em São Pedro, geralmente é muito tarde”. (EPC)

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