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União de almas

Redação (Terça-feira, 10-09-2019, Gaudium Press) Na Santa Ceia, em que foi instituída a Eucaristia, tendo Judas se retirado para consumar sua traição, Jesus dirigiu a Deus Pai uma prece a qual mostra os divinos desejos de seu Sagrado Coração.

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Sentidos da palavra “mundo”

Trata-se da Oração Sacerdotal de Nosso Senhor. Entre os evangelistas, apenas São João a consigna. Todas as preces do Redentor ao Pai eterno têm grande beleza. Mas esta talvez seja a mais bela e mais admirável oração proferida pelos adoráveis lábios do Redentor.

Referindo-se aos Apóstolos, diz o Divino Mestre:

“O mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo” (Jo 17, 14).

Explica Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Na linguagem corrente, ‘mundo’ é o conjunto de toda a humanidade, ou o globo em que vivemos. Porém, ‘mundo’ traz consigo um sentido mau, ele pode ser considerado como um reino das trevas, que tem satanás por príncipe.”

É nesse último sentido que Nosso Senhor emprega a palavra “mundo”, como o faz São Paulo:

“Nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou” (I Cor 2, 12).

E também o Apóstolo São Tiago:

“Não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4).

Atrofia da razão

No mundo de hoje os males são propagados, sobretudo, pela internet a qual, além de obscenidades e monstruosidades, promove ações prejudiciais à própria inteligência.

“O homem contemporâneo sofre frequentemente de uma superexcitação dos sentidos e da imaginação, e de uma atrofia da razão. Molesta-o fixar longamente a atenção sobre um mesmo objeto. A reflexão calma, lúcida, prolongada parece-lhe fastidiosa. Fixar a atenção, refletir são operações que implicam na primazia da inteligência sobre os sentidos. E nós vivemos do contrário: do domínio dos sentidos sobre a inteligência.”

Sublime padrão da união desejada por Nosso Senhor

Nessa Oração sublime Nosso Senhor fala também da união que deve haver entre os Apóstolos “para que todos sejam um como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17, 21a).

“O primeiro objetivo de Jesus é obter do Pai esta união para os Apóstolos e para toda a Santa Igreja, o mais possível semelhante ao seu analogado primário, ou seja, àquela existente no seio da própria divindade. É o que se verificaria pouco tempo depois: ‘A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma’ (At 4, 32).”

As três Pessoas Divinas são inseparáveis. “Logo, na unidade do Pai com o Filho, à qual Jesus Se refere, está também o Espírito Santo. E é este o sublime padrão da coesão desejada por Nosso Senhor para todos os filhos da Igreja. […]

“Como podemos chegar a essa perfeição? Fazendo desabrochar o insuperável elemento de união que é a vida da graça, infundida à maneira de semente na alma de todo batizado.

“Quem cuida de fazê-la desenvolver renuncia ao pecado, principal causa de desunião entre os homens; e na observância dos Mandamentos ‘permanece em Deus, e Deus nele’ (I Jo 3, 24).”

Simbolismo do corpo humano

A Igreja é o Corpo Místico do qual os católicos são membros e Cristo é a Cabeça.

“Não há no mundo material algo mais adequado para nos fazer compreender a arraigada coesão entre as várias partes de um todo quanto o corpo humano, criado por Deus para simbolizar com precisão a altíssima realidade da Igreja.

“Quando um inseto nos pica, por exemplo, é instintiva a reação para proteger ou aliviar o local atingido, seja este de importância secundária ou primordial no organismo. Quer tenha sido na ponta do dedo menor, quer em uma das pálpebras, a picada nos incomoda, pois nosso corpo é uma unidade, e o que acontece numa parte repercute nas outras.”

Sobre isso escreve São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios:

‘Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele’ (I Cor 12, 26).

“Também nós devemos nos amar uns aos outros enquanto filhos da Igreja, sentindo que em cada um está comprometido o nosso ideal.”

Desferir terrível golpe no demônio

A fim de obtermos a verdadeira união entre nós, católicos, devemos lutar contra o demônio e os que tramam a destruição da Igreja, a qual é indestrutível. Para que esse combate seja eficaz é fundamental o amor à Cruz.

Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Algumas almas que se unam de modo fervoroso em torno da Cruz de Nosso Senhor, junto à qual se encontra Nossa Senhora – que nos alcança e nos distribui as graças de Deus -, essas almas assim inteiramente unidas têm o dom de desferir um golpe no demônio mais terrível que as armas de todo um exército. […]

“Compreendamos como esse é um admirável poder que a Providência nos concedeu a nós, católicos e amigos da Cruz. Pois mesmo que nos faltassem os recursos materiais, que nos negassem todos os meios de ação, ou fôssemos perseguidos e lançados em cárceres diferentes, mas permanecêssemos unidos nesse vínculo de almas, estaríamos combatendo os adversários da Igreja e da Civilização Cristã de modo extraordinariamente eficaz.”

Que Nossa Senhora nos conceda a graça dessa santa união de almas, a fim de que o demônio seja esmagado e triunfe a Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 208)

 

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