Temos a nossa esperança depositada em Deus
Frederico Westphalen -RS (Quinta-feira, 07-11-2019, Gaudium Press) Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen, inicia seu artigo semanal -desta vez a propósito das leituras do XXXII domingo do tempo Comum- fazendo uma denúncia relacionada com os nossos dias:
“o Mistério da Ressurreição de Cristo e, consequentemente, o mistério da Vida Eterna tende a ser uma realidade que paulatinamente se eclipsa das nossas conversas, das nossas catequeses ou, quiçá, dos nossos pensamentos.
Consequências de se pensar em coisas fúteis, em bagatelas
Dom Antônio mostra que “facilmente o ser humano pensa nas coisas mais fúteis e nas realidades mais próximas da sua vida, levando a que um olhar transversal sobre a vida ou uma visão a longo prazo deixem de ser uma preocupação ou uma possibilidade”.
“Preso à matéria e a preocupações temporárias, o ser humano muitas vezes renuncia a todo o sentido que poderá ter da vida e a elevar o seu olhar para além do horizonte do seu umbigo ou dos seus prazeres.
Uma realidade que vem de longe
“A realidade que se acaba de evocar não é exclusiva dos tempos atuais, mas, como podemos ver na 1ª Leitura deste Domingo (2ª Macabeus 7,1-2.9-14) também predominava no tempo dos Macabeus”, recorda e continua Dom Rossi Keller:
“Naquele tempo a sociedade caminhava para um abismo moral e social, esvaziando-se de todas as referências a Deus e de coerência de vida.
“A generalidade do pensamento mundano ameaçava quem era fiel a Deus e, como vemos na leitura, pôs em causa a vida de muitos crentes, levando-os inclusive ao martírio.
“Diante da vida e da morte, qualquer um de nós pode vacilar, mas, a fidelidade dos sete irmãos narrada pela leitura faz-nos perceber o alcance da sua perseverança: eles acreditavam na vida em Deus, no poder que Deus tem de ressuscitar os mortos e de garantir uma vida sem fim na Sua presença.
“A Vida Eterna é a certeza e a esperança das nossas vidas, pois a vitória da Ressurreição de Cristo já antecipa a vitória da vida de cada um de nós.
Batismo e participação da vida em Deus, da presença de Deus
Continua o Bispo de Frederico Westphalen:
“Pelo Batismo, tal como nos ensina São Paulo, pomos de parte o homem velho para nos revestirmos do homem novo.
“Portanto, no Batismo começamos a participar da vida em Deus, com a certeza que em nós foi infundida esta possibilidade de participarmos da presença de Deus.
“Pois bem, participar da Ressurreição de Cristo implica romper com a lógica das certezas visíveis e tácteis do mundo, para o qual só conta a matéria e a mentalidade de que tudo é temporário, material.
Convite a olhar as belezas de Deus
As reflexões de Dom Antônio Carlos continuam mostrando uma saída para que foge do banal, da bagatela, do fútil.
“Se as realidades do mundo olham a vida como um abismo e um aniquilamento, parece ser que alguns cristãos também procuram uma vida de fé que apenas satisfaça os problemas e os caprichos pontuais e circunstanciais, sem qualquer referência ao futuro e a um olhar profundo da verdadeira beleza da vida.
“O Evangelho de hoje (Lucas 20,27-38) é precisamente um convite a olhar a beleza da vida, retirando a nossa fixação nas circunstâncias do agora, mas contemplando com esperança o que há de vir.
Deus não é castigador, sem promessas, sem certezas
Dom Rossi Keller finaliza seu artigo dando certeza e esperança aos leitores:
“Somos chamados a contemplar a beleza da vida, independentemente do que ela nos reserva.
“Não estamos diante de um Deus castigador, sem promessas e sem certezas, mas diante de um projeto de amor reservado por Deus a cada um de nós.
“Somos criados por Deus, cuidados por Deus, e a nossa vida e a nossa presença também fazem parte do desejo de Deus.
“Na sua relação com os homens, Deus jamais cessa essa possibilidade de relação que nos possibilita durante a nossa vida terrena, mas eterniza-nos para que possamos gozar da Sua presença, permanecermos unidos em íntima relação com Ele, e projetarmos a nossa vida na Vida em Deus.
“O Evangelho faz-nos perceber tudo isto, não com os critérios humanos, mas à luz da fidelidade e das certezas de Deus a nosso respeito.
(JSG)
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