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Santa Catarina Laboré, Santa do Silêncio, Santa da Medalha Milagrosa

Redação (Quinta-feira, 28-11-2019, Gaudium Press) O dia 28 de novembro, um dia após as celebrações de Nossa senhora das Graças, a Igreja comemora Santa Catarina Labouré.

Santa Catarina Laboré, Santa do Silêncio, Santa da Medalha Milagrosa.FotoArquivo Gaudium Press.jpg

A proximidade das duas comemorações tem tudo a ver entre si.

Vejamos porque:
Santa Catarina Labouré nasceu em 1806 na província francesa da Borgonha, em Fain-les-Moutiers, local onde seu pai tinha uma pequena fazenda, além de outros bens.

Sua mãe era uma senhora distinta que pertencia à burguesia da região. Ela caracterizava-se como possuidora de um espírito culto e uma alma nobre que lhe conferiam um heroísmo doméstico exemplar. Mas morreu muito cedo, quando a pequena Catarina ainda era uma menina de 9 anos de idade.

Foi um duro golpe para a menina que, chorando, abraçou uma imagem da Santíssima Virgem Maria disse-lhe do fundo da alma:

“De agora em diante a Senhora será minha mãe!”

Nossa Senhora não desapontará a menina que se confiou a Ela com tanta devoção e confiança.
A partir desse momento, de fato, Ela a adotou como uma filha amada, obtendo abundantes graças que fizeram crescer em “vida e santidade” sua alma inocente e generosa.

Santa Catarina Laboré, Santa do Silêncio, Santa da Medalha Milagrosa-Foto Arquivo Gaudium Press.jpg

Um sonho

Um certo dia, enquanto dormia, a pequena Catarina teve um sonho.

Na igreja de Fain-les-Moutiers, ela viu um padre idoso e desconhecido celebrando a missa. O olhar do sacerdote a impressionou profundamente.

Quando o sacerdote terminou o Santo Sacrifício, ele faz um sinal para ela se aproximar dele, mas ela não se aproximou e foi embora marcada por aquele olhar profundo.

Ainda em sonhos, ela foi visitar um pobre doente, e, de novo, viu o mesmo sacerdote, que desta vez lhe disse:
“Minha filha, você pode escapar agora, mas um dia você vai ficar feliz em voltar para mim. Deus tem intenções sobre você. Não se esqueça disso.”

Ao acordar Catarina recordou-se do sonho, mas conseguia entender o que ele queria dizer.

Com as filhas de São Vicente de Paula

Aos 18 anos, Catarina teve um grande surpresa.

Ao entrar em um salão do convento em Châtillon-sur-Seine, ela se vê diante de uma pintura de São Vicente de Paulo, ou seja, o Fundador da Congregação das Filhas da Caridade.

Ela percebeu que o sacerdote ancião visto em seus sonhos era justamente São Vicente de Paulo.

Para ela isso confirmava e indicava a vocação religiosa de Catarina.

Noviça

Ao completar 23 anos, vencendo todos os esforços de seu pai para tirá-la do caminho que o Senhor lhe traçara, abandona para sempre o mundo e entra como postulante naquele mesmo convento de Châtillon-sur-Seine.

Três meses depois, em 21 de abril de 1830, foi aceita no noviciado das Filhas da Caridade, localizado na “rue du Bac”, em Paris, onde faria os votos no mês de janeiro de 1831.

As aparições

Em 18 de julho de 1830, às vésperas da festa de São Vicente, às 23:30, Catarina ouve alguém chamá-la pelo nome.

Uma criança misteriosa está ao pé da cama e a convida a levantar:

“A Santíssima Virgem espera por você”, diz a criança.

Catarina se veste e segue a criança que espalha raios de luz por todo lugar aonde passa.

Chegando na capela, Catarina para ao lado da cadeira do padre, localizada no coro.

Foi então que ela ouviu como o farfalhar de um vestido de seda.

Seu pequeno guia disse: “Aqui está a Santa Virgem”.

Catarina hesita em acreditar.

Mas a criança repete com uma voz mais alta:

“Aqui está a Santa Virgem”.

Catarina corre para se ajoelhar ao lado de Maria que está sentada na cadeira (do padre).

“Então, eu pulei para chegar perto dela, e me ajoelhei nos degraus do altar, com as mãos apoiadas nos joelhos de Maria. O momento foi o mais doce da minha vida. Seria impossível para mim dizer o que senti. A Santíssima Virgem me disse então como eu deveria me comportar com meu confessor e muitas outras coisas”, narrou Catarina mais tarde.

Segunda aparição: Medalha Milagrosa

Quatro meses se passaram daquela noite prodigiosa em que Santa Catarina contemplou pela primeira vez a Santíssima Virgem.

Na alma inocente da religiosa, cresceu a nostalgia pelo encontro abençoado e pelo desejo intenso de que o augusto favor de ver a Mãe de Deus fosse novamente concedido a ela.

Era 27 de novembro de 1830, sábado.

Às cinco e meia da tarde, as Filhas da Caridade se reuniram em sua capela, na rue du Bac, para o período habitual de meditação. Um perfeito silêncio reinou entre as freiras e as noviças. Como as outras, Catarina estava em silêncio profundo.

Como foi a visão de Nossa Senhora

“De repente, parecia ouvir, da galeria, um ruído como um farfalhar de um vestido de seda. Tendo olhado daquele lado, vi a Santíssima Virgem ao nível da imagem de São José.

De estatura mediana, o rosto dela era tão lindo que seria impossível para mim contar sua beleza.

A Santíssima Virgem estava de pé, vestida com um vestido de seda branco-aurora, feito de acordo com o modelo chamado ‘a la Vierge’, mangas lisas, com um véu branco que cobria a cabeça e descia para os lados. Sob o véu, vi o cabelo partido ao meio e, acima dele, uma renda de cerca de três centímetros de altura, sem cachos, isto é, levemente sobre o cabelo.

O rosto bastante exposto, os pés colocados em uma meia esfera.

Em suas mãos, descansando no nível do estômago de uma maneira muito natural, ela usava uma esfera em ouro que representava o globo terrestre.

Seus olhos estavam voltados para o céu. Seu rosto era de uma beleza incomparável. Eu não consegui descrever.

De repente, vi em seus dedos anéis cobertos de lindas pedras preciosas, cada uma mais bonita que a outra, algumas maiores, outras menores, que lançavam raios de todos os lados.

Das pedras principais começaram os esplendores mais magníficos, alargando-se à medida que desciam, enchendo toda a parte inferior do lugar.

Eu não vi os pés de Nossa Senhora.

Neste momento, enquanto contemplava a Santíssima Virgem, ela baixou os olhos, olhando para mim. E uma voz se fez ouvir no fundo do meu coração, dizendo estas palavras:

A esfera que você vê representa o mundo inteiro, especialmente a França e cada pessoa em particular.

Eu não posso expressar o que senti e o que vi naquele instante: o esplendor e o brilho de raios tão maravilhosos.

Naquele momento formou-se uma gravura em torno de Nossa Senhora, e numa esfera ovalada apareceram as seguintes palavras:

“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”, escritas em letras douradas.

Imediatamente depois, a medalha se vira e Catarina vê o seu verso:
no topo, uma cruz sobrepõe-se ao M de Maria, no fundo dois corações, um coroado de espinhos, o outro perfurado por uma espada.

Catarina então ouve estas palavras:

“Faça uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a levarem, trazendo-a ao coração, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”.

Poucos meses depois das aparições, a Irmã Catarina, foi enviada para o abrigo de Enghein (Paris, 12) para tratar os idosos, vai para o trabalho. Mas uma voz interior insiste: a medalha deve ser cunhada. Catarina conta para seu confessor, padre Aladel.

Simbologia da Medalha Milagrosa

A própria Virgem Maria está envolvida na batalha espiritual, na luta contra o mal, da qual nosso mundo é o campo de batalha. Maria nos chama a entrar na lógica de Deus, que não é a lógica deste mundo.

Esta é a graça autêntica, a da conversão, que o cristão deve pedir a Maria para transmiti-la ao mundo.

As mãos e os raios

Suas mãos estão abertas e seus dedos estão adornados com anéis cobertos de pedras preciosas, das quais saem raios, que caem na terra, espalhando-se para fora.

O esplendor desses raios, como a beleza e a luz da aparição, descrita por Catarina, recorda, justifica e nutre nossa confiança na fidelidade de Maria (os anéis) para com seu Criador e para com seus filhos, em eficácia, de sua intervenção (os raios da graça, que caem sobre a terra) e na vitória final (a luz), já que ela mesma, a primeira discípula, é a primeira dos salvos.

A Cruz e o M, o Coração Coroado

Os dois sinais entrelaçados mostram a relação indissolúvel que liga Cristo à sua Mãe Santíssima.

Maria é associada à missão de salvação da humanidade por seu filho Jesus e participa através de sua compaixão no próprio ato do sacrifício redentor de Cristo.

O coração coroado de espinhos é o coração de Jesus.

Recorda o cruel episódio da Paixão de Cristo, antes da morte, contada nos Evangelhos.

O coração simboliza sua paixão de amor pelos homens.

O coração transpassado por uma espada é o coração de Maria, sua mãe. Refere-se à profecia de Simeão, contada nos Evangelhos no dia da apresentação de Jesus no templo de Jerusalém por Maria e José.

Simboliza o amor de Cristo, que está em Maria e recorda o seu amor por nós, pela nossa salvação e aceitação do sacrifício do seu Filho. A justaposição dos dois Corações expressa que a vida de Maria é uma vida de íntima união com Jesus.

As Estrelas

As estrelas correspondem aos doze apóstolos e representam a Igreja.

Ser Igreja significa amar a Cristo, participar de sua paixão, pela salvação do mundo.

Cada pessoa batizada é convidada a participar da missão de Cristo, unindo seu coração aos Corações de Jesus e Maria. Desse modo, a medalha é um chamado à consciência de cada um, para que ele possa escolher, como Cristo e Maria, o caminho do amor, até o dom total de si mesmo.

Primeiras Medalhas distribuídas

Em fevereiro de 1832, uma terrível epidemia de cólera irrompeu em Paris, causando mais de 20.000 mortes. Em junho, as Filhas da Caridade começam a distribuir as primeiras duas mil medalhas, feitas pelo padre Aladel.

A cura foi multiplicada, como proteções e conversões. Foi um evento extraordinário.

O povo de Paris chamou a medalha de “milagrosa”.

A glorificação de Catarina

Durante 46 anos de uma vida inteiramente interior e de lembrança escrupulosa, Santa Catarina permaneceu fiel ao seu anonimato.
Silêncio milagroso!

Seis meses antes de seu fim, incapaz de ver seu confessor, ela recebeu a permissão do Céu de revelar à sua superiora que ela era a freira honrada pela Santíssima Virgem por um ato tão importante de confiança.

Santa Catarina morreu suavemente em 31 de dezembro de 1876 e foi sepultada três dias depois em um túmulo escavado na capela da “rue du Bac”.

Quase 60 anos depois, em 21 de março de 1933, quando seu corpo foi exumado, as mãos que tocaram Nossa Senhora e os olhos que a tinham visto, pareciam extraordinariamente preservadas.

Catarina foi beatificada por Pio XI em 28 de maio de 1933 e canonizada por Pio XII em 27 de julho de 1947.

Seu corpo incorrupto encontra-se na capela onde ela foi contemplada com as visões de Nossa Senhora, em Paris, na Rue de Bac, 140.

A festa litúrgica, para as famílias Vicentinas, ficou estabelecida como sendo no dia 28 de novembro. Hoje, qualquer fiel pode.

(JSG)

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Fontes:
-Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981.

-Mémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Parigi, 1957.

 

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