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Ascensão: alegria dos bons e pavor dos maus

Redação (Quarta-feira, 29-01-2020, Gaudium Press) Deus aprecia de modo especial os montes. No Sinai revelou os Dez Mandamentos, no Tabor Jesus transfigurou-Se, no Calvário redimiu o gênero humano.
E no Monte das Oliveiras, onde Nosso Senhor suou Sangue e teve início sua Paixão, quis Ele que se operasse sua Ascensão.

 

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E enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu…
Foto: Arquivo Gaudium Press

Visão política e naturalista a respeito de Nosso Senhor

Cristo ressurrecto apareceu diversas vezes aos Apóstolos, em Jerusalém e na Galileia. Uma das aparições foi presenciada por mais de quinhentos discípulos reunidos (cf. I Cor 15, 6).

Quarenta dias após a Ressurreição, estando Maria Santíssima, acompanhada pelos Apóstolos, discípulos e Santas Mulheres, todos em oração no Cenáculo, veio o Redentor. Alguns Apóstolos Lhe perguntaram:

“Senhor, é porventura agora que ireis instaurar o reino de Israel?” (cf. At 1, 6).

Impressiona verificar que esses homens, mesmo depois de terem visto tantos milagres operados por Jesus e confirmado sua Ressurreição, ainda tinham uma mentalidade eivada de erros, pois “insistiam numa visão política e naturalista de Nosso Senhor, querendo saber se, por fim, veriam a conquista da supremacia do povo judeu sobre todos os outros”. Somente com a vinda do Paráclito, em Pentecostes, suas almas serão radicalmente transformadas.

E o Redentor respondeu: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua própria autoridade. Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós” (At 1, 7-8).

Depois, “Jesus levou-os para fora da cidade, até perto de Betânia” (Lc 24, 50a), ou seja, ao Monte das Oliveiras, situado a aproximadamente um quilômetro de Jerusalém.

Alegria de Maria Santíssima e terror dos demônios

Estando todos no cimo daquele Monte, em determinado momento Nosso Senhor “ergueu as mãos e abençoou-os. E enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu” (Lc 24, 50b-51). Depois que Ele desapareceu, vieram dois Anjos que lhes disseram:

“Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu” (At 1, 11).

A Ascensão do Redentor causou grande alegria à Santíssima Virgem bem como aos justos. Mas nos demônios e precitos provocou terror; e as pessoas empedernidas no mal que habitavam a Terra devem ter padecido pavor, sensações de derrota e desespero.

No mesmo lugar onde foi preso e humilhado, Nosso Senhor subiu majestosamente ao Céu.

Podemos tirar desses fatos uma lição.

Vemos hoje a Santa Igreja traída e humilhada por seus inimigos internos e externos. Mas aproxima-se o Reino de Maria, no qual haverá a glorificação esplendorosa da Esposa de Cristo e o esmagamento de todos aqueles que tentaram matá-la.

Comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“É indescritível o que deve ter aparecido de grandeza d’Ele na Ascensão! Enquanto falava, ia Se elevando lentamente. À medida que Se aproximava do céu, não levado por Anjos, mas por sua própria força, ia ficando mais reluzente, mais majestoso! Em certo momento, desaparece.

“Pode-se imaginar a alegria de Maria Santíssima por ver glorificado o Filho que Ela vira tão humilhado.”

O fato de que o último ato de Nosso Senhor nesta Terra tenha sido uma bênção (cf. Lc 24, 50) é particularmente tocante.

Do Limbo para o Céu

Nosso Senhor Jesus Cristo foi para o Céu e “passou a ocupar seu lugar à destra do Pai como Homem, pois enquanto Deus já Se encontrava junto d’Ele desde toda a eternidade.

“Tendo-Se unido à natureza humana pela Encarnação, desejava que esta natureza, por Ele representada, fosse introduzida na glória. Até então ninguém havia transposto os umbrais do Céu, inacessível aos homens em consequência do pecado original; só Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e seus Anjos lá habitavam.

“As almas dos justos permaneciam no Limbo à espera da Redenção e ali mesmo gozaram da visão beatífica, ao serem visitados por Nosso Senhor no instante de sua Morte. Mas só quando Jesus ascendeu ao Céu estes eleitos lá penetraram, preenchendo os lugares vazios deixados por Lúcifer e seus sequazes.

“Precedida por Nosso Senhor Jesus Cristo, aquela plêiade de almas santas entrou na glória, a começar por São José, seu pai adotivo, seguido por Adão e Eva, pelos profetas, patriarcas, mártires da Antiga Lei e uma milícia de homens e mulheres.”

Jesus presente em sua Mãe virginal

Nosso Senhor subiu ao Céu, mas continuou na Terra pela Eucaristia.
“Pelo menos a partir da primeira Missa, creio que jamais Nosso Senhor deixou de estar presente em sua Mãe virginal. Após a Ascensão, certamente Ela pensava: “Ele está no Céu, mas também aqui!”

“Os Apóstolos, por sua vez, com certeza cogitavam em celebrar já no dia seguinte e recebê-Lo, por tempo maior ou menor, em seus corações. A presença eucarística começava, assim, a consolar a Igreja dessa longa separação de muitos mil anos, que cessará quando Ele vier no dia do Juízo Final.”

Todos voltaram para Jerusalém e se dirigiram ao Cenáculo.

Eram aproximadamente cento e vinte pessoas. São Pedro, então, disse que era necessário que se elegesse um homem para substituir Judas Iscariotes, o traidor.

Depois de rezarem, tiraram a sorte e foi escolhido Matias, que havia acompanhado Jesus desde o início de sua vida pública (cf. At 1, 15-26).

Junto a Maria Santíssima e outros discípulos, os Apóstolos ficaram no Cenáculo e “estavam sempre no Templo” (Lc 24, 53), não só rezando, mas fazendo pregações.

E no décimo dia – o quinquagésimo após a Ressurreição – desceu sobre a Mãe de Deus, espraiando-se por todos eles, o Espírito Santo.

No Monte das Oliveiras, a Imperatriz Santa Helena, mãe de Constantino, mandou construir a Basílica da Ascensão.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de lutarmos ardorosamente pela Santa Igreja, tendo a certeza inabalável de que ela será em breve glorificada e seus inimigos esmagados.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 224)

 

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. III, p. 369.

2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Grandeza régia de Nosso Senhor Jesus Cristo. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XX, n. 236 (novembro 2017), p. 16.
3- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. Op. cit., v. III, p. 366-367.
4- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Loc. cit

 

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