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Artigo: Sagrado Coração de Jesus, Fonte de toda consolação (parte 1)

São Paulo (Quarta-feira, 09-06-2010, Gaudium Press) Com a proximidade da solenidade de Corpus Christi, Gaudium Press oferece aos leitores uma reflexão feita pelo diácono Carlos Werner Benjumea sobre nossa disponibilidade em amar o Senhor como Ele nos ama.

 

A Ladainha do Sagrado Coração de Jesus nos desvenda o oceano de seu amor para conosco, enfatizando seu desejo de nos ouvir, perdoar e confortar. Pobres de nós! Mal podemos imaginar como é o amor inextinguível e santificante de Deus Nosso Senhor por suas criaturas.

A Ladainha do Sagrado Coração de Jesus nos permite vislumbrar algo da abrasadora intensidade desse amor divino. Neste mês de junho, dedicado ao divino Coração, convido-o, caro leitor, a tomar algumas dessas invocações, procurando penetrar a mensagem de amor contida nelas.

“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Numa de suas aparições a Santa Margarida Maria Alacoque, Nosso Senhor mostrava- se transbordante de luz e com uma expressão repleta de bondade e misericórdia. Apontando seu próprio Coração, Ele transmitiu-lhe esta queixa afetuosa: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões”. Como essa revelação deveria deixar- nos consternados! É verdade que Ele nos ama acima de toda medida e que é impossível a cada um de nós, simples criatura, retribuir com igual intensidade. Entretanto, a questão é saber se nós O amamos tanto quanto nos permite nossa capacidade de amar. Certamente, se nos entregássemos por inteiro a seu amor, ajudados por sua graça, nosso coração palpitaria em uníssono com o d’Ele, nós nos enterneceríamos com Ele, sentiríamos como Ele e – por que não? – sofreríamos por Ele.

Esse deve ser o anelo da alma católica. Façamos, pois, da leitura destas palavras algo mais que um puro exercício intelectual. Transformemo-la em um ato de amor.

 
“Coração de Jesus, fornalha ardente de Caridade”. Esta belíssima jaculatória não se contenta de comparar esse amor – caritas, caridade – tão intenso com uma fornalha, mas acentua ser uma fornalha ardente. Esplêndida imagem de sua divina Paixão, não só pela humanidade em seu conjunto, mas também por todos os seus filhos e filhas, individualmente considerados.

Assim relata Santa Margarida Maria como lhe foi revelado esse amor: “Uma vez, estando exposto o Santíssimo Sacramento, apareceu Jesus Cristo todo resplandecente de glória, com suas cinco chagas brilhando como sóis, e sua sagrada humanidade lançando labaredas de todos os lados, mas sobretudo de seu adorável peito, que parecia uma fornalha. Abrindo-o, Ele descobriu-me seu amabilíssimo e amantíssimo Coração, que era a fonte viva das chamas. Mostrou-me então as inexplicáveis maravilhas de seu puro amor e o excesso a que tinha chegado no amor aos homens, dos quais só recebia ingratidões e friezas”.

“Foi isso”, disse Ele a Santa Margarida, “o que mais Me doeu de todos os sofrimentos que tive em minha Paixão, ao passo que, se Me retribuíssem com algum amor, consideraria pouco tudo o que fiz por eles. Se fosse possível, quereria ainda ter feito mais. Mas os homens têm apenas frieza e recusa para com todas as minhas solicitudes de lhes fazer bem. Dá-Me tu, pelo menos, esse prazer de suprir-lhes as ingratidões, conforme tuas possibilidades”.
Oxalá esse apelo de Jesus encontre excelente acolhida, não apenas na alma das pessoas especialmente devotas do Sagrado Coração, mas também na de todos os católicos, despertando em cada um o desejo de oferecer a nosso amoroso Redentor digna reparação por tanta frieza. Que cada um, a exemplo de Simão Cireneu, ajude-O a carregar a cruz dos esquecimentos e das ingratidões. Será esta a melhor maneira de combater a tibieza que, às vezes, torna moroso nosso progresso espiritual, ou, pior ainda, nos paralisa num estado de torpor e de enfastiamento em relação às coisas de Deus.

Para avançarmos nesse luminoso caminho, contamos com um auxílio certo e preciosíssimo: a devoção ao Imaculado Coração de Maria, no qual Jesus é incomparavelmente mais amado do que em qualquer outra criatura, humana ou angélica.

“Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo” – escrevia o Papa Pio XII. Por isso convém que cada cristão, “depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação” (Encíclica Haurietis acquas, n. 74).

Ajudados pela poderosa mediação dessa terna Mãe, penetraremos com maior facilidade no mistério do divino amor, que Ela portou em seu puríssimo seio e alimentou, ao qual contemplou de perto com incêndios de adoração e enlevo.
“Coração de Jesus, paciente e misericordioso”. Este título traz-nos à mente uma exclamação de Santa Margarida Maria: “Esse divino Coração é todo doçura, humildade e paciência”. “Paciente” (do latim, patiens, “aquele que sofre”) é um qualificativo muito adequado ao Coração misericordioso de Jesus, disposto a todos os sofrimentos pela nossa salvação. Contemplamos aqui um Coração cujo afeto se mede pela sua disposição de sofrer. Não seria demasiado afirmar que o valor de um homem, ou de uma mulher, é proporcional à sua capacidade de superar, com ânimo e resignação, os insucessos e dificuldades que a Providência permite em seu caminho – especialmente quando se vê alvo de incompreensões da parte das pessoas que lhe são mais próximas. Temos, então, ante nosso olhar o Divino Mestre como modelo de paciência. Ser paciente significa, por exemplo, saber suportar os defeitos do próximo, responder com amabilidade às suas manifestações de mau gênio, e tantos outros atos de virtude do mesmo tipo.

 
Se imitarmos, neste ponto, nosso Salvador, faremos jus à sua amizade, conforme escreveu Santa Margarida Maria: “Tereis de vos mostrar mansos, suportando com paciência as grosserias, manias e amolações do próximo, sem vos deixar inquietar pelas contrariedades que ocasionem. Pelo contrário, fazei de boa vontade os serviços que puderdes, porque este é o modo de ganhar a amizade e a graça do Sagrado Coração de Jesus”. Exatamente assim procede Nosso Senhor com cada um de nós. Se agirmos do mesmo modo para com os outros, crescerá em nós a confiança em sua predisposição de nos perdoar sempre, não só uma vez, mas todas as vezes que d’Ele nos aproximarmos arrependidos. Sim, precisamos nos convencer dessa maravilhosa verdade: o Divino Redentor suportou meus pecados e por eles sofreu; por minha salvação imolou-Se, derramando todo o seu Preciosíssimo Sangue. Devo, pois, considerar minha maldade com grande contrição, é verdade, mas ao mesmo tempo com inabalável confiança. Não nos deixemos nunca desanimar!

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