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O martírio na vida de Santa Bernadette de Soubirous

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Bogotá (Quarta-feira, 08-02-2012, Gaudium Press) Pierre Claudel diz em seu livro “O Mistério de Lourdes” (1), que Santa Bernadette foi o maior milagre de toda a história das aparições naquela pequena cidade do sul da França. Quiçá a que mais usou da água da fonte que a tantos estava curando desde que brotou, e precisamente a que menos lhe serviu. Sua enfermidade avançou implacavelmente dia a dia até que a consumiu dolorosamente aos 34 anos de idade.

Pequenina e simples, não era o paradigma dos católicos franceses do século XIX para ser distinguida com uma visão da Virgem em dezoito ocasiões. Nem por sua aparência física, nem por sua situação social, a jovenzinha de 14 anos que aparentava 11, não correspondia ao que a generalidade da classe culta católica da França podia imaginar acerca de uma revelação do céu em seu país e a uma representante da nação filha primogênita da Igreja. Se isto pensavam os católicos, bem se entende o que pensavam os cultos liberais, descrentes e pedantes que sempre trataram de ridicularizar o milagre especialmente colocando no pelourinho a humilde menina que a Virgem distinguiu com esta promessa: “Não te prometo felicidade nesta vida, mas sim na outra”.

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Émile Zola foi impiedoso contra ela de maneira assombrosa. É escandaloso pensar que um escritor de tanto prestígio tenha deturpado tão radicalmente a camponesa a que ele em seus escritos converteu em uma histérica e farsante produto da miséria e do fanatismo religioso. E Bernadete não se defendeu -desse lisonjeado da literatura francesa que julgou sua fama intelectual por Dreyfus- absolutamente de ninguém, nem do próprio alto clero da época que estava meio desconcertado pelo misterioso e inesperado desenlace da aparição da Salete apenas dez anos antes. Mas o mais surpreendente foi o comportamento das aristocráticas Damas da Caridade de Nevers, aquela reconhecida comunidade religiosa do convento de Saint Gildard que contava entre suas professas somente mulheres de boa condição social e para as quais a presença de Santa Bernadette foi uma pesada carga imposta pela autoridade eclesiástica, disse Claudel. Somente a verificação de seu corpo totalmente incorrupto no dia de sua primeira exumação, 30 anos depois de enterrada, lhes arrancou definitivamente toda dúvida sobre sua santidade, já que seu exemplo de vida não lhes era suficiente.

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Depois foram-lhe feitas outra duas exumações, às quais seu corpo conservava-se intacto.

Bem enganados também estiveram por muito tempo aqueles que creram que a menina de situação social paupérrima passou a vegetar em um convento sumamente confortável e de belos jardins, com boa dieta alimentícia -como nunca a teve no empesteado Cachot de sua cidade natal- e com a amistosa admiração de todas as suas companheiras de claustro. A verdade é que esses treze anos foram para Bernadette uma via sacra que somente se descobre com a resposta que ela deu ao Padre Febvre, capelão do convento, quando aplicando-lhe a extrema unção lhe dizia piedosamente que ofereceria já a Deus o sacrifício de sua vida, ao que a Santa, aos 34 anos, lhe respondeu moribunda e tranquila de seu ardor feroz da febre que a consumia: “Não padre, não é nenhum sacrifício para mim deixar esta miserável vida”. Era porque suas irmãs de comunidade não lhe toleravam nenhum erro porque se supunha que ela era “a santa” a que apareceu a Virgem.

Uma tremenda tuberculose óssea, gangrenou sem compaixão a simples vidente que nunca se contradisse e sempre teve até o fim vivazes repostas que surpreendiam aqueles que lhe faziam inteligentes perguntas capciosas, como somente o conseguiam alguns franceses.

Por haver visto a Virgem e receber dela a graça que recebeu, se explica essa fé inquebrantável, sua abnegada entrega a vontade de Deus, sua obediência incondicional, lhe disseram que a única coisa que sabia fazer no convento era estar toda hora doente, ainda que sabiam que era cumpria seu ofício de sacristã e inclusive de enfermeira, ante de cair definitivamente abatida por sua terrível doença.

Por Antonio Borda

(1)Pierre Claudel, “El misterio de Lourdes”, Ed. Juventud, Barcelona, 1958.

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