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Igreja Católica ganha cinco novos santos

Cidade do Vaticano (Segunda, 27-04-2009, Gaudium Press) A Igreja Católica conta agora com mais cinco novos santos à sua extensa lista de “bem-aventurados”. Todos os cinco são oriundos da Europa – quatro da Itália e um de Portugal – e foram canonizados ontem pelo Papa Bento XVI em uma missa na Praça de São Pedro. Centenas de fiéis portugueses estiveram presentes à cerimônia, que criou seu mais novo santo: São Nuno.

Os novos canonizados por Bento XVI são os italianos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Gertrudes Comensoli e Catarina Volpicelli, e o português Nuno de Santa Maria Álvares Pereira.

Como de praxe nas cerimônias em São Pedro, a missa da canonização foi rezada em latim – alguns trechos da alocução de Bento XVI foram feitos em português e grego. Todo o rito canônico aconteceu no início da cerimônia, após ato penitencial, e contou com a participação do prefeito da Congregação das Causas dos Santos, dom Angelo Amato.

Dom Angelo, acompanhado pelos postuladores das causas, pediu que os cinco fossem inscritos no “álbum dos Santos” e que “possam ser invocados por todos os cristãos”. Foi lida uma breve biografia de cada um dos novos santos. Bento XVI proferiu então a fórmula de canonização, e as relíquias dos novos santos foram depostas junto ao altar. Prosseguindo o rito, dom Angelo Amato pediu que fosse redigida a Carta Apostólica sobre as canonizações, e Bento XVI respondeu “Decernimus”, isto è, “Ordenamo-lo”.

Em sua homilia, o Papa ressaltou aspectos de cada um dos novos cinco santos da Igreja, citando alguns deles como exemplos éticos para a crise econômica mundial. O Papa comentou as leituras do dia e destacou a importância do momento do mistério pascal – e da Eucaristia – para os cinco novos santos.

A Praça estava repleta de peregrinos, muitos deles vindos de Portugal para celebrar seu novo santo, São Nuno, que foi um general da batalha de Atoleiros, herói da independência portuguesa. Em 1422, ficou viúvo e sua única filha se casou com o filho do Rei João. Ele entrou então para um convento carmelita, como um simples irmão, e assumiu o nome de Frei Nuno de Santa Maria.

“Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença de uma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de caráter militar e bélica, é possível atuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus”, declarou Bento XVI
em português.

Por sua vez, Bernardo Tolomei, que viveu no século XIV, na Itália central, foi o “iniciador de um singular movimento monástico beneditino”. Milhares de devotos vieram também de Nápoles homenagear Caterina Volpicelli, fundadora das Servas do Sagrado Coração, no século XIX. “Um modelo do compromisso cristão para construir uma sociedade aberta à justiça e à solidariedade, superando o desequilíbrio econômico e cultural que continua a existir em grande parte de nosso planeta”, definiu o papa.

Em seguida, Bento XVI ressaltou o exemplo do Padre Arcângelo Tadini, “homem integralmente de Deus, pronto a deixar-se guiar pelo Espírito Santo, e que ao mesmo tempo, era disponível a colher as urgências da época e encontrar os remédios a ela”. Por isso, tomou iniciativas concretas e corajosas: organizou a Sociedade Operária Católica de Mutuo Socorro, e o pensionato para as trabalhadoras. Em 1900, fundou a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré.

Concluindo a homilia, o papa se referiu à italiana Gertrudes Comensóli. Diante da Eucaristia, Santa Gertrudes compreendeu a sua vocação e missão na Igreja: dedicar-se sem reservas à ação apostólica e missionária, especialmente a favor da juventude”.

Ao final, o Papa pediu que os fiéis procurassem se espelhar nos cinco novos canonizados:

“Deixemo-nos atrair pelo seus exemplos, deixemo-nos guiar pelos seus ensinamentos, para que a nossa existência também se torne um cântico de louvor a Deus, seguindo os passos de Jesus, adorado com fé no mistério eucarístico e servido com generosidade em nosso próximo”.

Regina Coeli

Após a cerimônia, o Papa rezou com os fiéis a oração mariana Regina Coeli, que durante o período que sucede a Páscoa, até Pentecostes, “substitui” a tradicional oração do Angelus. Antes dela, porém, Bento XVI expressou seu reconhecimento ao governo italiano, presente com várias delegações, e a todos os peregrinos vindos de toda a Itália.

O papa lembrou o Dia da Universidade Católica do Sagrado Coração, que se celebra hoje, quando decorrem 50 anos da morte de seu fundador, Padre Agostino Gemelli. Em português, fez a sua saudação à delegação oficial, aos bispos e a todos os compatriotas do novo santo, São Nuno:

“Deixou-nos assim uma nobre lição de renúncia e partilha, sem as quais será impossível chegar àquela igualdade fraterna característica de uma sociedade moderna, que reconhece e trata a todos como membros da mesma e única família humana. Em particular saúdo os Carmelitas, a quem um dia se prendeu o olhar e o coração deste militar crente, vendo neles o hábito da Santíssima Virgem e no qual depois ele próprio se amortalhou. Ao desejar a abundância dos dons do Céu para todos os peregrinos e devotos de São Nuno, deixo-lhes este apelo: Considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé”.

Bento XVI desejou a todos um bom domingo e concedeu a sua benção.

 

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