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Onde a Grandeza contempla a grandeza

A poucos minutos do centro da movimentada capital carioca, descortina-se um panorama de beleza ímpar, no qual se confundem a força e a suavidade: a Baía da Guanabara.

Parecendo desafiar o mar e as intempéries com sua senhoril imobilidade, o Pão de Açúcar domina aquele cenário, marcando-o com um peculiar cunho de heroísmo que evoca as glórias do passado e prenuncia ousadias futuras. Entretanto, o monumental rochedo é, ao mesmo tempo, gracioso e acolhedor, a ponto de ter-se tornado um dos mais genuínos símbolos do cordial povo brasileiro. Desse encontro harmonioso da fortaleza com a doçura resulta o inconfundível esplendor da paisagem, que canta com charme a grandeza infinita de seu Divino Autor.

Baia de Guanabara - RJ.jpg

Quando o Cristo Redentor foi erguido no topo do Corcovado, porém, esse maravilhoso panorama natural elevou-se a um patamar de beleza ainda mais excelente. Numa palavra, tornou-se sublime. Do Homem-Deus procedem todas as harmonias criadas, e a imagem ali situada O apresenta como píncaro dos diversos elementos que, em inteira e hierárquica consonância, compõem esse pedaço do Brasil.

Dir-se-ia que o Salvador, deitando através dessa imagem seu divino olhar sobre a paisagem por Ele criada, Se compraz diante do eloquente reflexo de sua própria perfeição. E, assim, enquanto o mar enche com sua vitalidade a Baía da Guanabara e oscula suas praias risonhas, do alto do Corcovado a Grandeza contempla a grandeza…

Quão mais atraente que o encantador espetáculo litorâneo é a presença do Redentor nesse formidável pedestal! Irresistível é a força do fascínio de sua adorável Pessoa, em Quem se encontram “a majestade mais empolgante e arrebatadora aliada à graciosidade mais meiga, afável, acessível, capaz de se fazer pequena e nos acariciar; o charme incomparável por trás da beleza perfeita!”1

Ao divisá-Lo naquele cume de altura colossal, o coração cristão se enleva. E, imersos nas cogitações, às quais a graça divina conduz a alma em tais momentos de consolação, muitos quererão aplicar ao Cristo do Corcovado as palavras proferidas por seus lábios adoráveis pouco antes da Paixão: “Quando eu for levantado da Terra, atrairei todos os homens a Mim” (Jo 12, 32). Com os braços abertos como na Cruz, ali Ele convida os homens a amar tudo quanto é grande e maravilhoso na ordem natural, de modo a fazer da vida terrena uma preparação para contemplá-Lo, na eternidade, em toda a sua glória e magnificência.

Sob esse sacratíssimo olhar, a Baía da Guanabara reluz com seu verdadeiro colorido e, envolta pela névoa ou velada pelo negro manto da noite, ou ainda reluzente sob o generoso sol tropical, sempre se apresenta solene e majestosa, como à espera de um acontecimento importante…

Através do prisma sobrenatural, tal imponderável de expectativa transforma-se em esperança. Do Corcovado emana uma aura promissora que atravessa as vastidões do Brasil e a imensidão do oceano. Ela descortina aos olhos dos filhos da Igreja os horizontes grandiosos do futuro carregado de bênçãos que virá quando os homens vivam como heróis a grandeza da Fé.

Por Ir. Isabel Cristina Lins Brandão Veas, EP.

1CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Beato Fra Angélico, o São Tomás da pintura. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano VIII. N.83 (Fev., 2005); p.30.

 

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