Sacerdote que ajudou os judeus durante a II Guerra Mundial será canonizado

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 23-04-2014, Gaudium Press) Quando morreu, uma mão desconhecida escreveu em seu leito: “São Giuseppe Girotti”. Enquanto os registros do campo de concentração de Dachau, que foi onde faleceu, diziam: “Razões de prisão: ajuda aos judeus”. Suas últimas palavras foram as do Apocalipse: ‘Marana tha’: “Vem Senhor Jesus”. Trata-se do Padre Dominicano Girotti, José Girotti, que será beatificado no próximo sábado em sua cidade natal Alba (Itália).

O Cardeal Giovanni Coppa, que foi criado Cardeal em 2007 por Bento XVI e que também é natural de Alba, assistirá a beatificação como emissário pontifício.

O Padre Girotti era um especialista em Bíblia. Havia realizado estudos bíblicos na escola bíblica de Jerusalém do Padre Lagrange, e depois obteve o título de “Prolita en Sacra Scrittura” em Roma, oferecido pela Pontifícia Comissão Bíblica. Esses estudos lhe permitiram ser docente de Sagrada Escritura no Studium dominicano de Santa Maria das Rosas em Turim, até o ano de 1939, quando foi suspenso das aulas por sua atitude antifacista. Sendo então transladado para o Convento de São Domingo, e ali lhe armariam uma cilada que o levaria finalmente à prisão, ao campo de concentração e a morte.

Os fatos se desenvolveram assim. O sacerdote dominicano fez eco ao pedido Pio XII de ajuda aos judeus perseguidos. Sabedores disso, e com a ajuda de uma traição, a polícia nazifacista organizou uma chamada, na qual lhe pediu que acompanhasse a um filho ferido do Professor judeu Diena, e o levassem para casa de seu pai em uma colina. Quando ele saiu do convento, no dia 29 de agosto de 1944, o fez para não regressar mais. Chegou a Dachau no dia 9 de outubro desse mesmo ano.

No campo de concentração, e ajudado pelas muito precárias condições ali existentes, é atacado por um câncer que lhe ocasiona problemas de vista, dores reumáticas e inflamação crescente nas pernas. Finalmente falece no dia 1º de abril de 1945. Todos recordam que dentro do campo de concentração, seu companheiro inseparável continuou sendo os estudos bíblicos, matizados pela ajuda aos outros prisioneiros. (GPE/EPC)