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O maravilhoso é o pedestal da Fé

Redação (Sexta-feira, 30-05-2014, Gaudium Press) A tendência até o maravilhoso, que existe em todo homem -evidentemente também no batizado- é como um pedestal para a Fé.

Os mais fortes instintos que habitam nos filhos de Adão não são os que tem sua raiz no corpo, mas sobretudo aquela inclinação até Deus, até a Verdade, a Bondade e a Beleza plenas, em cuja realização se encontrará a felicidade total ansiada. Este é um elemento fundamental da filosofia e da psicologia cristãs.

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Este instinto principal já se manifesta na criança, quando é atraída de forma irresistível pelo maravilhoso, isso que é especialmente belo. É seu encanto com as bolas coloridas de uma árvore de Natal, com um coelho, com um passarinho, com um brinquedo especialmente chamativo; se expressa também na surpresa e no encantamento do infante com o conjunto da natureza, e com todas as pessoas, em quem comumente só vê seres bons, pois todos certamente devem ser como ele é, benignos, inocentes.

Essa inocência da criança cativa todo aquele que não tenha escurecido sua alma com o egoísmo total. Primeiro a seus pais, mas também a quem conserve algo de retidão no espírito. Por que? Porque normalmente sem sabê-lo, os que contemplam a criança inocente veem aí de forma incontaminada a semelhança de Deus. E também porque lhes recorda que eles também foram essa pura semelhança…

Por exemplo, enquanto escrevemos estas linhas escutamos na melodiosa e inocente voz de Jackie Evancho a canção “Imaginer”, cuja letra composta pela jovem intérprete e traduzida do francês diz: “Bem antes da torre de Babel / do ‘iphone’, os motores a diesel / Existia um jardim / Grande como nossa velha terra / onde os homens protegiam os seus irmãos / Imaginar um mundo solar / Onde se dissolveriam nossas velhas guerras / Imaginar um mundo sem fome / Onde o céu de um só Deus / Extinguiria todos os fogos”. Mais uma vez, em uma melodia entoada pela voz infantil, o desejo de um mundo perfeito, celestial, definitivamente maravilhoso.

Entretanto… esse instinto do maravilhoso, que satisfeito era fonte de nossa alegria, foi sendo sobrecarregado pelas consequências do pecado original, pelo nosso egoísmo, pelas decepções da vida. Sem embargo ali se mantêm, pois o instinto básico, fundamental; também pode ser chamado o instinto da felicidade.igreja1.jpg

Se à alma em que se desenvolveu o instinto do maravilhoso lhe é narrada adequadamente as verdades da Fé, ela as encontrará totalmente complementarias com esse seu instinto: Nada mais “compreensível” para ela que um Deus que se faz Menino maravilhoso; esse, um Menino belo que tem uma Mãe também maravilhosa que ao mesmo tempo é Virgem Puríssima; um Menino adolescente cheio de sabedoria incomparável que instrui aos máximos teólogos de seu tempo; Deus-Homem sublime que em um ato de total generosidade, entrega inteiramente sua vida por todos os outros homens. Uma história, pois, também maravilhosa.

Enfim, no sentido assinalado, vemos que o maravilhoso serve de pedestal da Fé. A Fé encontra campo fértil nos espíritos que não renegaram por completo sua inclinação natural ao sublime; a Fé é a coroação sublimíssima da tendência ao sublime natural. Além disso, a Fé bem levada preserva, recupera e fortalece o maravilhoso da infância, pois o confirma com aquilo que existe de mais real, que é a realidade divina.

Portanto, a tendência ao maravilhoso -quer dizer a busca e a complacência no especialmente belo, em todos os campos- é como um dos lados da ojiva gótica ao que se junta o lado da Fé, para levar nossas almas até Deus. Não podemos desprezar o instinto do maravilhoso nesse caminhar e, fracassados, “deixar coxa” a mera Fé.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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