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“Não existe discipulado se não se assume o caminho do Mestre”, diz o Bispo de Frederico Westphalen

Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul (Quarta-Feira, 27/08/2014, Gaudium Press) O Bispo da Diocese gaúcha de Frederico Westphalen, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, escreveu, ontem, o artigo “Seguir a Jesus”. No texto, ele faz uma reflexão sobre as leituras do próximo domingo, destacando que a experiência do exílio marcou a vida do povo de Israel. Para ele, foi um momento muito doloroso que exigiu professar a sua fé no Deus da Aliança, e é neste marco histórico que se situa o Profeta Jeremias, e a primeira leitura da Missa do dia 31.

Conforme o Bispo, a passagem da primeira leitura põe em destaque o clamor do profeta porque Deus o seduziu e o forçou, foi objeto de zombaria de todos e a palavra foi motivo de dor e desprezo. Ele ainda afirma que foi por isso que o profeta quis escapar da missão, mas a Palavra foi mais forte e o venceu, e a maioria dos profetas bíblicos sofreu experiências similares às de Jeremias.

“São afastados pelos próprios irmãos e pelas autoridades correspondentes. Muitos deles sofreram a morte ou o desterro. No entanto, a fidelidade a Deus e a seu Povo foi mais forte que sua própria segurança e bem-estar. A Palavra de Deus age no profeta como um fogo abrasador que não o deixa tranquilo e o mantém sempre alerta no cumprimento de sua missão”, acrescenta.

Já a segunda leitura da carta de Paulo aos cristãos de Roma, segundo o Prelado, utiliza uma linguagem imperativa e de exortação, em que ele fala, não só como irmão na fé, mas com a autoridade de Apóstolo. Dom Keller salienta que Paulo os convida a fazer de seu corpo uma oferenda permanente a Deus, ressaltando que o verdadeiro culto não é o que se reduz a ritos externos, mas o que procede de uma vida reta e transparente.

“O corpo, veículo da vida interior, deve ser um canto de louvor e gratidão a Deus. Nisto consiste a conversão para Paulo: numa vida totalmente transformada pelo Espírito de Deus, na mudança de mentalidade, de valores, de horizonte. Só assim se poderão ter critérios de discernimento para buscar, encontrar e realizar a vontade de Deus.”

No que diz respeito ao texto do Evangelho de domingo, o Bispo enfatiza que nos deparamos com um belo esquema catequético sobre o discipulado como seguimento de Jesus até a cruz: o Mestre manifesta a seus discípulos que o caminho da ressurreição está estritamente vinculado a experiência dolorosa da cruz. Para o Prelado, o núcleo principal é o primeiro anúncio da paixão.

“No entanto, os discípulos simbolizados pela pessoa de Pedro, não compreenderam esta realidade. Eles estão convencidos do messianismo glorioso de Jesus que corresponde às expectativas messiânicas do momento. Jesus recusa enfaticamente esta proposta, pois a vontade do Pai não coincide com a expectativa de Pedro e dos discípulos. Por isso Pedro aparece como instrumento de Satanás diante de Jesus para obstruir a sua missão”, avalia.

Além disso, Dom Keller reforça que os discípulos são convidados pelo Mestre a continuarem o seu caminho porque ainda não alcançaram a maturidade própria de discípulos, e imediatamente Jesus lembra que o caminho do seguimento também compreende a cruz. De acordo com o Bispo, não existe verdadeiro discipulado se não se assume o mesmo caminho do Mestre.

“O anúncio do evangelho traz consigo perseguição e sofrimento. Tomar a cruz significa participar na morte e ressurreição de Jesus. Perder a vida por causa de Jesus habilita o discípulo para alcançá-la em plenitude junto de Deus. Desejaríamos viver um cristianismo cômodo, sem sobressaltos, sem conflitos. Mas Jesus é claro em seu convite: é preciso tomar sua cruz, arriscar a vida, perder os privilégios e seguranças oferecidos pela sociedade se quisermos ser fiéis ao Evangelho”, completa.

Por fim, o Prelado pergunta: “Como vivemos na nossa família e na comunidade cristã a dimensão profética do nosso batismo? Estamos dispostos a correr os riscos exigidos pelo seguimento de Jesus? Para ele, ainda hoje conhecemos pessoas que viveram a experiência do martírio pelo Evangelho, pois ainda estamos no tempo de martírios de sangue.

“Que o digam os milhares e milhares de cristãos assassinados ou obrigados a deixar suas casas, suas terras e seus bens, no Iraque e na Síria, e em outros lugares do mundo. Que a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, faça de cada um de nós verdadeiros missionários e nos ajude a perceber que é pela perseverança que alcançaremos a salvação”, conclui. (FB)

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