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Por que Maria é Corsa?

Redação – (Quinta-feira, 28-08-2014, Gaudium Press) – “Por que Maria é corsa?” Nessa pergunta Laurence Andréani encontrou a oportunidade para mostrar a extraordinária relação existente entre a Virgem Maria e a Córsega. Relação de Mãe e Rainha com filho e súdito.
Algo que já é história mas que está longe de chegar ao seu final.

Renovação da Consagração da Córsega

Agora, no início de setembro, a renovação da Consagração da Córsega à Virgem Maria será o evento-chave da Diocese de Ajaccio. Este acontecimento desejado pelo Bispo Dom Olivier de Germay faz, demonstra e faz parte do autêntico fervor popular mariano dos corsos.

Dom de Germay publicou uma brochura preparatória para o evento contendo instruções e orientação espiritual para a festa. Sua aceitação por parte da população foi enorme. A edição esgotou-se rapidamente e agora, antes que surja uma nova edição, a brochura só pode ser encontrada com os padres diocesanos.

A festa da Consagração da Córsega à Virgem Maria tem grande aceitação popular também entre os fiéis de Sartène. Além da população em geral, a resposta positiva para a convocação da Diocese para esta solenidade encontra muito boa ressonância entre os catequistas da região.

Córsega e Maria

É inegável que os cerca de 300 mil habitantes da Córsega têm uma devoção especial para com a Virgem Maria.
Isso é evidenciado pelo fervor popular demostrado em várias e concorridas festividades marianas de grande repercussão nesta ilha mediterrânea de menos de 9 mil quilômetros quadrados.

Entre essas verdadeiras efemérides marianas da Córsega estão as festas da Natividade de Maria, a 8 de setembro realizada nas cidades de Niolu, Pancheraccia e Lavasina; as comemorações de 18 de março, conhecidas como Festa de Madunuccia ou Nossa Senhora da Misericórdia, que é patrona de Ajaccio desde 1656, e a Festa da Assunção de Maria, a 15 de agosto, quando várias e concorridas procissões são realizadas em diferentes localidades em toda a Ilha.

Existe por toda a extensão da Ilha um grande número de paróquias que são consagradas a Nossa Senhora. Isso serve para demonstrar também o índice da extraordinária devoção mariana que os corsos têm. Disseminadas pela diocese, são 126 as paroquias consagradas a Nossa Senhora!

As imagens de Nossa Senhora são onipresentes e impressiona seu número e, por vezes, surgem em lugares inesperados.

Entre a população há uma grande escolha por nomes de batismo -para ambos os sexos- que homenageiam a Virgem.

O “Dio Vi Salvi Regina”, foi uma canção religiosa dedicada à Virgem Maria criado na Itália por São Francesco de Gerônimo por volta de 1675 e que a população adotou e o transformou em hino oficial da Córsega, depois de uma consulta realizada em Orezza, em 1735.

Exatamente quando a 30 de janeiro foi decidida a independência da Córsega e a nova nação foi colocada sob a proteção da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Sua imagem foi impressa em seus brasões de armas e estandartes.

A festa da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro é o dia da festa nacional da Córsega.

Por que é assim essa devoção corsa?

Pode-se até surgir uma pergunta: por que Maria ocupa um lugar tão importante no coração e na prática religiosa dos corsos?

Parece que as razões podem ser, inicialmente, de ordem histórico: a cristianização da Córsega foi realizada tardiamente, por volta do século IV, no momento em que o culto oficial a Maria era lançado pelo Império do Oriente, difundindo-se pelo Ocidente.

Posteriormente, a devoção mariana teve um crescimento muito grande na Ilha com a chegada da Ordem Franciscana no século XIII e posteriormente os Jesuítas, no século XVII.

Além disso, a Igreja Católica da Córsega sempre teve uma estreita ligação com os Estados Pontifícios e o Catolicismo e a veneração a Nossa Senhora não foram contestados pelo protestantismo que só chegou à Ilha no século XIX e não se espalhou por ela.

Razões socioculturais

O Concílio de Éfeso, em 431, reconheceu o primeiro título de Nossa Senhora: Maria Mãe de Deus. Inicialmente, Maria é uma Mãe amorosa e dolorosa e é natural que as mulheres da Córsega se voltem para Ela para confrontar com uma maternidade numerosa, uma mortalidade infantil significativa, uma vida de trabalho e serviço ainda mais difícil do que em outras regiões.

Apesar da evolução da sociedade, Maria, presente de forma tão discreta e corajosa aos pés da Cruz, continua a ser um modelo querido para os corsos, para quem os laços familiares, incluindo mãe e filho, continuam guardando toda sua importância.

Igualmente, a veneração de Maria Sempre Virgem, reconhecido em decreto pelo Concílio de Latrão, em 649, corresponde perfeitamente ao respeito devido às meninas e moças em uma sociedade que, tão ciosamente defende a virtude, que certos fatos que lembram a desonestidade de uma jovem podem ser considerados ataques que desonram publicamente alguém.

A venerada figura de Maria Rainha, que surgiu na Idade Média, é considera na tradição corsa como fator de paz e unidade para uma terra constantemente dilacerado por conflitos internos ou externos.

Assim foi que a Virgem Maria passou a ser declarada “Protetora da Pátria” durante a consulta de Orezza, em 1735 e que o fundo branco da bandeira corsa pasou a lembrar sua Imaculada Conceição (mesmo que o dogma tenha sido estabelecido em data mais recente).

O Sagrado e secular na Córsega

Na Córsega, o sagrado e o secular são inseparáveis. Os participantes das festas em honra da Virgem Maria demonstram ainda uma fé genuína, e têm a intenção de perpetuar uma tradição ancestral.

Eles procuram lutar contra a folklorização dessas festas, já que elas correm este risco. É por isso mesmo que encontros festivos são uma oportunidade privilegiada para relembrar uma orientação da Constituição Lumen Gentium: o culto de Maria deverá sempre ser um caminho para Cristo.

Na verdade Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, mas pelo seu sim e pela doação total de si mesmo, Maria participa dessa mediação. Segundo as palavras de São Louis-Marie Grignon de Montfort: “Toda vez que você louvar e honrar Maria, Maria louva e honra Deus com você.” (JSG)

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