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“A capacidade de perdoar exige coragem”, afirma o Arcebispo de Maringá

Maringá – Paraná (Terça-Feira, 02/09/2014, Gaudium Press) Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá, no Paraná, escreveu o artigo “A força poderosa do perdão”, em que ele recorda uma palavra de Jesus, como caminho necessário para celebrar a festa do banquete: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta” (Mt 5,23-26).dom_anuar.jpg

Para o Prelado, estar de bem com os irmãos, viver em paz é condição para ser feliz e viver livre e liberto das consequências maléficas dos rancores e ressentimentos guardados no coração. Ele lembra que o grande humanista Gandhi disse: “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte”. O Arcebispo afirma também que em qualquer situação de conflito, a tendência é sempre buscar um culpado.

De acordo com Dom Battisti, o Papa Francisco hoje é um dos homens mais fortes do mundo, porque sempre soube perdoar. Ele destaca que no mês de julho esteve no Sul da Itália, na cidade de Caserta, para pedir perdão a um amigo pastor protestante: a visita já é vista como histórica, pois foi a primeira vez que um pontífice católico sai do Vaticano para se encontrar com um pastor da Igreja Evangélica Protestante.

Ainda segundo o Arcebispo, no seu discurso de unidade entre cristãos, Francisco pediu perdão aos evangélicos por conta da perseguição feita contra eles por muitos católicos: “Entre as pessoas que perseguiram os pentecostais também houve católicos. Eu sou o pastor dos católicos e peço perdão por aqueles irmãos e irmãs católicos que não compreenderam e foram tentados pelo diabo”, afirmou o Papa.

“Esse testemunho do Papa, que não é o primeiro a pedir perdão publicamente pelos erros do passado e de se reconciliar de maneira sincera com os grandes e pequenos inimigos históricos, faz com que se liberte de uma bola de ferro amarrada aos pés que se chama ontem. Perdoar os outros e saber se perdoar dos erros e pecados do passado é condição para ser um verdadeiro líder”, completa.

Além disso, o Prelado ressalta que não existe peso maior na consciência do ser humano do que ficar carregando culpa, e a única saída honrosa é ter a coragem de recomeçar. Conforme ele disse, a capacidade de perdoar não vem por extinto, não é um gesto automático e de fácil domínio, mas exige sempre coragem, iniciativa, amor a si próprio e ao outro, cultivados na Fé de quem tem um Deus, que do alto da Cruz foi capaz de dizer: “Pai perdoai-lhes porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23,34).

“Shakespeare foi brilhante quando afirmou que ‘guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra’. Ressentimento é um verdadeiro câncer que vai corroendo o gosto de viver, a alegria do encontro, a ternura nos relacionamentos, enfim, criando doenças físicas e psicológicas”, avalia.

Para concluir, Dom Battisti afirma que o apóstolo Paulo nos recorda que “tanto quanto possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens” (Rm 12,18). Ele explica que ao mesmo tempo a vitória será sempre dos pacíficos, pois sabem que a força de Deus não está no vento ou na tempestade e sim na calmaria de quem sabe valorizar as pequenas coisas.

“O caminho é vencer o mal com o bem e jamais cansar de fazer o bem. Essa dinâmica garante a todos o poder incalculável do perdão, feito aos outros e principalmente a nós mesmos”, enfatizou o Arcebispo, que ainda citou uma frase de Fernando Pessoa: “Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida”. (FB)

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