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“A Igreja não se cansa de explorar a Escritura”, afirma o Bispo de Campo Mourão

Campo Mourão – Paraná (Quinta-Feira, 04/09/2014, Gaudium Press) Em seu mais recente artigo, Dom Francisco Javier Delvalle Paredes, Bispo da Diocese de Campo Mourão, no Estado do Paraná, teceu algumas considerações sobre a importância da Palavra de Deus, pois setembro é, costumeiramente conhecido como “mês da Bíblia”. Segundo ele, isso se deve ao fato de a memória litúrgica de São Jerônimo, exímio estudioso das Escritura que foi proclamado doutor da Igreja pelo Papa Bonifácio VIII em 1298, ocorrer no dia 30 de setembro.Dom Francisco Javier Delvalle Paredes.jpg

Para o Prelado, a Palavra Divina é prova do amor inesgotável de Deus que, falando ao ser humano, deseja lhe comunicar a abundância da sua vida e do seu plano salvífico-libertador. Assim sendo, o Bispo destaca que ela só se faz realmente experimentar quando acolhida no plano do diálogo, em que Deus fala e o homem é chamado a ouvir. “Ouvir, não simplesmente do ponto de vista do raciocínio que busca entender. Ouvir segundo a dinâmica da experiência que provém da Fé movida pela graça que só Deus pode dar”, explica.

Pensando nisso, São Boaventura escreveu: “É impossível a alguém se propor conhecer a Sagrada Escritura antes de receber a Fé em Cristo em si, infundida como lâmpada, porta e mesmo fundamento de toda ela” (Breviloquium, 5,201). Conforme Dom Paredes, ter Fé é o critério fundamental para o sadio relacionamento com a mensagem divina presente na Escritura, pois a Fé, por sua origem sobrenatural, nos permite transpor o limite da superficialidade, penetrando e sentido íntimo de cada vocábulo e expressão do texto sagrado.

“É também a Fé que nos possibilita alargar os horizontes, concluindo que a Palavra de Deus ultrapassa a letra, trazendo consigo a linguagem de Deus compreensível aos corações sensíveis e às consciências despertas à verdade. A isso a Igreja chama Tradição, ou seja, Deus falou plenamente no Mistério do seu Filho, encarnado, morto e ressuscitado para a salvação do mundo. Deus ofereceu sua Revelação às testemunhas, que anunciaram o que viram e ouviram. Paralelamente ao anúncio surgiram os escritos do Novo Testamento. O texto escrito, porém, não pode ser absolutizado como único modo de Deus falar”, avalia o Prelado.

Ainda conforme o Bispo, tal absolutização conflui no fundamentalismo, erro fatal que “evita a íntima ligação do divino e do humano nas relações com Deus” (Verbum Domini, 44). Dom Paredes afirma que em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, essa ligação negada pelo fundamentalismo passou a ser critério de autenticidade para a vida de Fé. Ele destaca que ciente da necessidade de acolher a mensagem divina em plenitude, Paulo exortou aos tessalonicenses: “Portanto, irmãos, ficai firmes; guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito”.

Por fim, o Prelado salienta que apoiada nesta afinada reflexão do Apóstolo, a Igreja reconhece na Sagrada Escritura a fonte primeira da Revelação. Entretanto, de acordo com o Bispo, a Igreja acolhe também como constitutivo da Fé eclesial a mensagem revelada na Tradição oral transmitida desde os primeiros séculos, e na reflexão do Magistério dos Papas em comunhão com o Colégio dos Bispos, sucessores dos apóstolos.

Dom Paredes também reforça que, assistida pelo Espírito Santo, a Igreja não se cansa de explorar a Escritura, trazendo à luz aquilo que nela se encontra de maneira velada. Para ele, deste modo, os diversos aspectos da sua doutrina não são invenção da instituição: são, na verdade, produto deste trabalho de perícia nas Escrituras Sagradas sob a força e guia do Espírito Santo.

“Setembro é celebrado como mês da Bíblia. Busquemos, pois, ouvir mais atentamente o que Deus nos quer falar através da sua Palavra e do seu agir na história humana. Dóceis ao Espírito de sabedoria sejamos sensíveis, aptos a transpor o véu da letra e nos convencer do grande amor divino escondido sob cada palavra, texto e expressão da Escritura”, conclui. (FB)

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