“Deus fala para nós ainda hoje”, ressalta Dom Irineu Roque Scherer

Joinville – Santa Catarina (Sexta-Feira, 12/09/2014, Gaudium Press) Dom Irineu Roque Scherer, Bispo da Diocese de Joinville, em Santa Catarina, em seu mais recente artigo falou sobre o mês da Bíblia, que a Igreja Católica celebra em setembro. Segundo ele, este mês temático foi criado em 1971, e ele foi escolhido porque no último domingo celebramos o Dia Nacional da Bíblia, devido à proximidade da festa de São Jerônimo, patrono dos estudos bíblicos, celebrada no dia 30.

No começo de sua reflexão, o Prelado afirma que Jesus Cristo é o Verbo de Deus, ou seja, a Palavra programada no seio da Santíssima Trindade para vir ao mundo, se encarnar e salvar a humanidade. Ele enfatiza que Jesus veio habitar no meio de nós para nos revelar os mistérios do seio da Trindade, e isso fez com os apóstolos, primeiros ouvintes da sua Palavra.

Para o Bispo é importante perceber que Jesus mesmo escolheu primeiros os depositários da Boa Nova e operários da primeira hora, que eram homens rudes e tiveram muita dificuldade de entender estes mistérios. Isto explica, conforme Dom Scherer, o fato de que um deles nada entendeu ou mal entendeu e por isso traiu o seu Mestre. No entanto, os demais, na sua humildade foram fiéis e as mais próximas testemunhas que viveram com Jesus Cristo e através deles a Boa-Notícia da Salvação chegou até nós.

De acordo com o Prelado, devemos nos fazer uma simples pergunta: O que é a Palavra de Deus para mim, ainda hoje, aqui e agora? Ele ressalta que Deus fala ainda hoje, e as palavras são dirigidas a todas as pessoas e se lermos um texto da Sagrada Escritura, pode ser o mesmo durante vários dias, todas as vezes que o relermos encontraremos novas inspirações para a vida.

“Isto porque, quem nos inspira é o Espírito Santo que dirige a sua Igreja e cada pessoa em particular. É importante deixarmo-nos inspirar e conduzir por Ele, seguindo sempre a sua voz interior. Ele nos leva a fazer a vontade do Pai e nos faz sermos outros Jesus no meio do mundo”, avalia.

Além disso, Dom Scherer afirma que a Palavra que é dirigida a nós, pessoalmente, é a fonte da verdadeira vida e deve ser assumida com uma Fé profunda, que é sempre dirigida a nós – aqui e agora! Citando João Paulo II, no Novo millennio ineunte, nos recorda que: “É necessário que a escuta da Palavra de Deus torne-se uma vida de acordo com a tradição antiga e sempre válida da lectio divina, para ajudar a encontrar o texto bíblico como Palavra viva que interpela, orienta e plasma a existência”.

O Bispo ainda destaca que a Palavra é uma palavra constantemente presente, pois Jesus envia seus discípulos a todo o mundo, ordena-lhes fazer discípulos entre as nações por onde passarem, a pregar a Palavra exatamente como foi comunicado a eles.

Outra questão mencionada pelo Prelado é que é necessário evitar o maior perigo na leitura da Bíblia, que é a interpretação fundamentalista, pois essa interpretação é de significado literal de cada uma das frases das Escrituras, sem levar em conta as implicações históricas da criação do texto. Para Dom Scherer, a leitura fundamentalista da Bíblia enfatiza a interpretação literal e é preciso descobrir o que está na narrativa bíblica e o que é mais importante, a saber – a mensagem de levar o homem para a salvação.

“Toda manhã, no início do dia, deveríamos começar com a leitura da Palavra. A tradição da Igreja nos coloca os salmos para a oração da Liturgia das Horas. É, pois, importante que o iniciemos com a leitura orante da Palavra de Deus, algo que vai proteger o nosso coração durante o dia, como Maria, que mantinha tudo no seu coração. Armazenar a Palavra logo de manhã para irmos “ruminando” durante todo o dia”, sugere.

Por fim, o Bispo acredita que após concluir o mergulho na meditação, iniciamos um novo dia com todos os problemas que ele traz, mas no coração temos uma palavra, ou pelo menos um de seus versos, algo recebido e acolhido a partir da leitura. Segundo ele, na liturgia da Missa os vários textos se complementam e na sequência nos ajudam a mergulhar ainda mais no mistério.

“Desejo-lhe um mês da Bíblia pleno de graças e iniciativas na sua difusão para que o mundo coloque sempre mais o que é essencial à felicidade de cada uma das criaturas.”