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"É preciso viver em conformidade com Jesus Cristo", diz o Bispo de Frederico Westphalen

Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul (Quarta-Feira, 17/09/2014, Gaudium Press) Com o título “A nossa lógica não é a de Deus”, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, fez uma reflexão sobre a liturgia do próximo domingo, dia 21 de setembro. Ele salienta que ao ouvirmos o Evangelho (Mateus 20, 1-16) seremos capazes de pensar que o proprietário da história terá cometido uma tremenda injustiça, por pagar aos operários da última hora igual salário aos que trabalharam o dia todo.dom_antonio.jpg

Segundo o Prelado, a nossa lógica de pensamento baseia-se em determinados princípios que não são respeitados na parábola que ouviremos no domingo, mas é nesta ótica provocatória e contrária à lógica da conduta do patrão que está o cerne doutrinal desta narração, aquilo que de fato, Jesus quer nos ensinar.

Para o Bispo, Jesus quer denunciar, de uma forma dura, a religião dos “méritos”, ensinada pelos guias espirituais israelitas. Dom Keller destaca que o povo, doutrinado pela classe sacerdotal, havia-se esquecido de Deus bom, pai, amigo fiel, anunciado pelos profetas e o substituiu por um Deus distante, legislador e juiz implacável.

“Os fariseus sentiam-se seguros porque ‘trabalhavam muito’, observavam escrupulosamente as prescrições da lei, toda a sua ação de fidelidade era registada como mérito, que passaria a constar do registro do céu, para ser exigida a Deus no momento oportuno.”

Outra questão levantada pelo Bispo diz respeito ao fato de que Deus não se cansa de ir ao encontro do homem, mesmo quando este se esquiva de todos os encontros, mas não retribui pelos méritos de cada um. Conforme Dom Keller, se aceitamos a obrigação de observar mandamentos e preceitos, que aos nossos olhos parecem não ter explicação, para sermos privilegiados pelo chamamento de Deus, estamos enganados.

Ele ainda ressalta que a única recompensa, na verdade, reside na fidelidade ao Senhor, pois todas as hesitações em seguir os seus caminhos são ocasiões perdidas para se ser feliz, para usufruir primeiro e mais tempo os dons de Deus.

“A reação que atribuímos aos operários da parábola reproduz a nossa oposição diante da bondade e da generosidade de Deus. Quem ainda trabalha para ganhar um prêmio, acredita num deus pagão, comerciante, contabilista ou justiceiro, mas não no Deus de Jesus Cristo”, completa o Bispo.

O Prelado explica que o senhor da parábola está preocupado em que não falte o trabalho a ninguém. Então, como é que nas nossas comunidades ainda pode haver pessoas que se comportam como simples espectadores? Para o Bispo, não podem ser apenas alguns a empenhar-se em certos serviços da Comunidade: o Senhor da vinha está à espera que cada um de nós se interrogue sobre a tarefa que deve desempenhar na comunidade e que deixe de ser ocioso.

“Isto exige uma mudança radical no nosso modo de pensar. Não será que muitos de nós, cristãos, nos consideramos “justos” mediante a rotina das nossas práticas religiosas? Não podemos merecer nada diante de Deus, só podemos receber dons e agradecer. Por que não ficarmos felizes se um dia alguém, mesmo que tenha errado por completo na vida, venha a receber de Deus o dom da salvação?”, questiona.

Dom Keller afirma que isto nos leva a refletir sobre a nossa atitude na comunidade onde estamos inseridos, pois nela não devemos exigir mais por termos sido os primeiros a chegar, não devemos nem podemos sentir-nos os privilegiados por nos termos convertido primeiro a Cristo. Ele alerta para não nos impormos aos demais porque chegamos antes, não permitindo que todos concorram para tomar novas iniciativas que visem o bem comum.

De acordo com o Prelado, a grande alegria de todos deverá ser o encontro com Jesus Cristo. Ele recorda que São Paulo, na segunda leitura (Filipenses 1,20-24; 27), sente-se comovido pelo apreço e amizade demonstrados pelos cristãos de Filipos e revela as suas sensações mais interiores e mais afetuosas. Ele que havia trabalhado muitos anos pela causa do Evangelho, que tinha aguentado sofrimentos e contrariedades sente-se, agora que está preso, bastante cansado e começa a pensar no seu encontro definitivo com Cristo.

“Nesta altura afirma que seria melhor para ele morrer, mas sente que a causa do Evangelho ainda precisa dele. Então, num gesto de generosidade, declara-se pronto a adiar o seu encontro com Cristo, a fim de continuar a servir os irmãos e afirma que para ele ‘viver é Cristo, e morrer um lucro’. O seu prêmio era a própria alegria de ter encontrado Cristo”, afirma o Bispo.

Para concluir, Dom Keller enfatiza que nos trabalhos ou nas contrariedades, nos momentos de euforia e entusiasmo, na vida ou na morte, o que essencialmente importa para o cristão é, pois, viver em conformidade com Jesus Cristo. (FB)

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