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A Legenda e Lobsang Rampa

Redação (Quarta-feira, 01-10-2014, Gaudium Press) Sem ela nós, os homens, não seríamos senão o que somos. Ela é a aura que enobrece e nos faz interessantes aos demais. Para entender bem a vida de alguém não basta seus dados biográficos ou seu “Curriculum vitae”. É necessária sua legenda. A legenda é um ato de caridade amorosa que praticamos uns com outros porque assim Cristo nos mandou.

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Santa Teresinha dizia que Nosso Senhor já conhecia as qualidades
de seus apóstolos, simplesmente porque Ele lhes havia dado.

Santa Teresinha, dissertando sobre este trecho do Evangelho, diz que Nosso Senhor já conhecia as qualidades de seus apóstolos, simplesmente porque Ele lhes havia dado. E que seu terno convite a amar-nos uns aos outros, feito naquela noite da Última Ceia, não é simplesmente esforçar-nos por valorizar essas qualidades mas amar-nos apesar de nossos defeitos por mais horríveis e insuportáveis que nos sejam: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”. E Ele nos amou apesar de nossa mísera condição pecadora que faz que até “o justo peque sete vezes ao dia” (Prov 24, 16).

Explorar a legenda de uma pessoa não é criar-lhe uma fábula ou uma ficção. É ver o ato em potência, o plano divino com ela, o chamado providencial que lhe foi feito, um “mais além” dela mesma que está por realizar-se algum dia, seja aqui em parte desta vida terrena ou na eternidade que nos espera. Uma sociedade humana verdadeiramente cristã deve viver assim, dessa maneira: vendo-nos mutuamente nossas próprias legendas ou a procura delas, que são a leitura sobrenatural de uma realidade tristemente contaminada pelo pecado que deteriorou o “arquétipo de nós mesmos”. (1)

A legenda nos sobrevive e supera, não nos mitifica como sucedia na antiguidade pagã. Foi o Cristianismo que santificou essa inclinação natural do homem a captar a legenda. Todo ser criado por Deus tem sua própria legenda, e admirá-la é um direito humano que não figura na famosa “Declaração Universal” de 1948. Quantas relações humanas acabam dolorosamente quando esquecemos a legenda do outro! Queremos uma explicação de tanto fracasso matrimonial? Comecemos por averiguar em que momento deixamos de ver a aura legendária do cônjuge.

Mas mantermo-nos sintonizados diariamente com a legenda dos demais não é algo que se consiga facilmente e com estoicos esforços humanos. Assim, é simplesmente impossível. Seria inumano exigir-nos semelhante esforço mais além de nossa debilitada natureza. Jesus também nos advertiu que sem Ele nada podíamos. É inútil e dramática perda de tempo tentar ver-nos uns aos outros sem a misteriosa força que ele nos promete se a sabemos pedir humildemente.

Para ver-nos a aura legendária não necessitamos ter o “Terceiro Olho” que propunha desenvolver em nós o enigmático inglês Lobsang Rampa (2) nos anos 60, e com o qual ele perturbou tantas pessoas daquela década de frustradas expectativas, introduzindo o hinduísmo panteísta na contestação juvenil: “Basta-te a minha graça, porque meu poder se aperfeiçoa na debilidade” (2 Cor 12,9). Esse renascer da Cristandade que esperamos, implicará o chegar a ver-nos com caridade fraterna, envoltos na aura multicolor de nossa própria legenda com que Deus nos vestiu desde o ventre materno.

Por Antonio Borda

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho
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(1) Plinio Correa de Olveira. (Conferencia,Sao Paulo,1982).
(2) Pseudônimo do escritor Sir Cyril Henry Hoskin ou Carl Kuon Suo (1910-1981).

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