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O Senhor visitou seu povo

Redação (Segunda-feira, 13-10-2014, Gaudium Press) O Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja, o Padre Rafael Ibarguren, EP, escreveu sobre a presença real e permanente de Nosso Senhor Jesus Cristo na hóstia consagrada. Transcrevemos suas considerações:cristo.jpg

Em mais de uma ocasião tratamos em nossas meditações sobre a tríplice dimensão do mistério eucarístico: presença, sacrifício e alimento. Nunca será suficiente insistir nisto, pois quanto mais finquemos em nosso espírito esta verdade, compreenderemos melhor e amaremos mais o Santíssimo Sacramento.

Na Eucaristia, o aspecto alimento faz-se patente quando recebemos a comunhão; a qualidade de sacrifício, aparece quando celebramos a Santa Miss; e o lado de presença, se evidencia ao contemplar o Senhor na hóstia consagrada, exposta aos fiéis para a adoração.

Mas, só adoramos a Eucaristia no momento da exposição? Não. A bem dizer, a adoramos sempre: quando a celebramos no altar, quando recebemos o Pão da vida ao comungar e quando o Pão de vida ao comungar e quando a Hóstia consagrada fulgura no ostensório. Porque a presença do Senhor é permanente em seu Sacramento.

Por isso, é contrário à fé -como professam certas correntes progressistas de nossa Igreja- que Cristo está presente na Eucaristia apenas quando a assembleia o celebra, ou que o Santíssimo Sacramento só tem sentido quando é recebido pelos fiéis, já que foi instituído para ser comido. Por acaso, a presença de Cristo não continua enquanto subsistam as espécies eucarísticas?

A presença real faz com que o culto de adoração seja sempre apropriado e exigido.

Por isso, o aspecto de presença é anterior ao sacrifical e ao de banquete. O sacrifício não implica uma presença que se imola? E o alimento não supõe uma presença que se ingere?

Jesus não disse “tomai e comei meu corpo”. Pelo contrário, disse “Tomai e comei, este é meu corpo” (Mt. 26, 26). Primeiro institui sua presença para que possa depois ser comida.

Existe um dado fundamental na história da salvação: o Senhor visitou seu povo e fez uma aliança com ele. “Pela entranhável misericórdia de nosso Deus, nos visitará o sol que nasce do alto”, cantou Zacarias (Lc. 1, 78). E Jesus, ao chorar a infidelidade de Jerusalém e antevendo sua próxima ruina, exclamou: “Te arrasarão junto com teus filhos que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não soubestes reconhecer o tempo em que foste visitada por Deus” (Lc. 19, 44).

De fato, nossa história de fé começa com a visita de Deus a Abraão que narra o Génesis, e se decide a partir do pressionando convite que o Ressuscitado faz no Apocalipse: “Eis aqui que estou à porta e chamo. Se alguém ouve minha voz e abre a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap. 3, 20).

A Igreja Católica é a religião da aliança, do encontro, da presença. Deus nos fala e , além disso, se faz carne e acampa entre nós. Ao visitar nos, Ele vai além de estabelecer como hóspede: difunde sua presença sacramental por todas as partes e chega a fazer-se alimento.

Pode haver uma relação mais entranhada entre um Deus que se humaniza e permanece conosco, multiplicando-se prodigiosamente, e o homem que, ainda que reo de morte por sua culpa, é deificado com a Eucaristia que está sempre a seu alcance?

O protocolo convencional em todas as culturas manda que quando uma pessoa fi beneficiada com uma visita, tem que retribuir devolvendo-a a quem a fez. Esse é o sentido das visitas ao Santíssimo Sacramento.

O cumprimento do preceito dominical pode ser visto como uma resposta à visita redentora de Cristo; no dia do Senhor, vamos devolver-lhe a visita. E se o reconhecimento quer ser mais caloroso e efusivo, poderemos ir à Eucaristia durante a semana, por exemplo nas quintas-feiras em que se comemora sua instituição.

Porém, se por uma graça de Deus, o fiel participa intimamente dos desejos divinos de compartir a companhia com os irmãos (“Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês” Lc. 22, 15), a presença real do Senhor o atrairá também fora dos horários da celebração da Missa, já que a reserva no tabernáculo (o “Jesus escondido”, como a chamava a beata Jacinta de Fátima) tem uma conexão vital com o altar e com a mesa.

A existência sacramental de Cristo na Eucaristia é sua mesma presença real, gloriosa, misteriosa. Diante dela acudimos e nos rendemos, repetindo com fé e humildade, o que exclamou aquele pai do jovem do Evangelho: “Creio, Senhor, mas ajuda-me em minha incredulidade” (Mc. 9, 24).

Por Padre Rafael Ibarguren EP

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