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Morte de Abraão

Redação – (Quarta-feira, 26-11-2014, Gaudium Press) – Depois de uma longa existência repleta de lutas e provações, mas também de especialíssimas graças de um sacral convívio com Deus, Abraão entregou sua alma ao Criador. Praticou insignes virtudes, legando para a humanidade um sublime exemplo de santidade.

Falecimento de Sara

A esposa de Abraão, tendo atingido 127 anos de idade, partiu desta vida. Com toda diligência, Abraão foi providenciar um lugar digno para servir de sepulcro a Sara, e comprou um terreno por 400 siclos – quatro quilos – de prata. Assim, “tanto o terreno como a gruta que se encontra nele e todas as árvores dentro dos limites do terreno, tornaram-se propriedade de Abraão” (Gn 23, 17-18). Depois, sepultou Sara na gruta.

Cumpre observar, como lembra o Padre Fillion, que o escritor sagrado faz nesse trecho uma referência ao direito de propriedade, o qual foi depois confirmado por dois Mandamentos da Lei de Deus – o sétimo e o décimo -, recebidos por Moisés, no Monte Sinai.

Servo de Abraão viaja a Mesopotâmia

Depois desse fato, Abraão, a quem “o Senhor havia abençoado em tudo” (Gn 24, 1), tomou providências, cheias de sabedoria, a fim de conseguir uma digna esposa para seu filho Isaac. E, “tendo visto com seus próprios olhos a corrupção e a idolatria dos cananeus, não quis que o sangue deles se misturasse ao do povo santo”. Por isso, enviou um de seus servos mais fieis até a Mesopotâmia (atual Iraque), onde residiam parentes de Abraão, para encontrar uma moça virtuosa.

Formado por Abraão, esse criado era muito reto e com espírito de oração. Assim que chegou junto a um poço, na Mesopotâmia, rezou: “Senhor, Deus de meu Senhor Abraão, que o dia de hoje me seja favorável” (Gn 24, 12). E fez uma combinação com o Altíssimo: a jovem que viesse à fonte e lhe desse água, bem como aos camelos que ele havia levado, seria a escolhida para ser esposa de Isaac. Logo depois, chegou ao local uma donzela muito bela chamada Rebeca, sobrinha-neta de Abraão, que se mostrou prestativa e generosa, concedendo água não só a ele, mas também aos seus dez camelos.

Não havia nenhuma dúvida, Rebeca era a escolhida. O servo, então, agradeceu ao Criador; “ajoelhou-se e adorou o Senhor, dizendo: ‘Bendito seja o Senhor, Deus de meu Senhor Abraão'” (Gn 24, 26-27).

A convite de um irmão de Rebeca, chamado Labão, o criado dirigiu-se à casa onde residiam. Lá chegando, ele apresentou-se: “Sou um criado de Abraão. O Senhor tem abençoado muito meu Senhor, e ele se tornou rico” (Gn 24, 35).

Tendo obtido a permissão de seus pais, Rebeca, juntamente com sua ama de leite, acompanhou o servo de Abraão até a terra onde este habitava. Lá chegando, Isaac a tomou por esposa.

Abraão foi reunir-se a seus antepassados

O santo patriarca terminara de cumprir sua missão nesta Terra. E, com a idade de 175 anos, Abraão expirou. “Morreu numa feliz velhice, idoso e cumulado de anos, e foi reunir-se a seus antepassados” (Gn 25, 8). Seus filhos Isaac e Ismael o sepultaram na mesma gruta onde já estavam os restos mortais de Sara. As palavras “reunir-se a seus antepassados” significam que a santa alma de Abraão foi ao Limbo, onde encontrou as almas de seus antepassados que se salvaram.

Abraão praticou de modo exímio todas as virtudes, mas brilhou especialmente pela fé. Escreve Monsenhor João Clá: “Por sua extraordinária fé, o pai do povo eleito alcançou a graça da santidade: a ‘fé lhe foi creditada como justiça’ (Rm 4,22)”.

No Novo Testamento há diversas referências a Abraão. Citamos dois exemplos: Numa parábola, Nosso Senhor fala sobre o bom Lázaro, cheio de feridas, que mendigava o pão diante da casa de um mau rico e nada conseguia. Quando Lázaro morreu, “os Anjos o levaram para junto de Abraão” (Lc 16, 22).

Em Jericó, Zaqueu, que era “chefe dos publicanos – ou seja, cobradores de impostos – e muito rico” (Lc 19, 2), recebeu com grande alegria Jesus em sua casa e mudou de vida. Disse-lhe o Divino Mestre: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa, porque também este é um filho de Abraão” (Lc 19, 9).

Que o justo Abraão, cuja alma agora se encontra no Céu, interceda por nós junto a Maria Santíssima e nos obtenha a santidade, para a qual cada um é chamado.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 12)

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1) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 92.

2) – FILLION. Op. Cit. p. 93

3) – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 99.

4) – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos.Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. II, p. 132.

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