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Da Imaculada Conceição ao Cordeiro sem mancha

Redação (Segunda-feira, 08-12-2014, Gaudium Press) As razões teológicas na base do dogma da Imaculada Conceição são cada vez mais conhecidas do povo fiel. E mais, o povo fiel -como muitas vezes na história da Igreja- se antecipou ao dogma.

A Virgem bendita, ainda que nascida sem pecado original, foi beneficiada pela Redenção salvadora, mas de uma maneira antecipada, em atenção aos méritos previstos de Jesus Cristo, tal como fica expresso na bula ‘Ineffabilis Deus’ com a qual Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Mas o povo fiel já desde o antigo repetia com Escoto: ‘Potuit, decuit, ergo fecit’ (Deus pode fazer imaculada a sua Mãe, era conveniente que o fizesse; logo a fez). [1]Da Imaculada Conceição ao Cordeiro sem mancha.jpg

Como repete o douto Padre Royo Marín, o povo já se perguntava, muito antes desse glorioso 08 de dezembro de 1854, quando o privilégio ficou definido pela Igreja:

– “A Rainha dos anjos sob a tirania do demônio, vencido por ele? Mediadora da reconciliação e inimiga de Deus um só instante? Eva que nos perdeu, foi criada em graça e justiça original, e Maria, que nos salvou, foi concebida em pecado? O sangue de Jesus brotando de um manancial manchado? A Mãe de Deus escrava de satanás” [ainda que fosse só por um momento]? [2]

Era portanto Imaculada, desde sua conceição, Aquela que vinha trazer a Luz salvadora.

É muito lindo considerar essa realidade, de que em previsão de sua maternidade divina, a Virgem Santíssima -que entretanto era criatura meramente humana- já havia vencido desde o início de sua existência ao príncipe das trevas. E o seguiu vencendo ao longo de sua vida, da maneira mais total.

Todos os dogmas estão relacionados. O da Imaculada Conceição se explica e caminha até a verdade da maternidade divina. Mas também nos antecipa na Mediação Universal.

Ela que é Imaculada nos conduz ao Imaculado, ao Cordeiro sem Mancha. A Deus agradam as hierarquias, as ‘escadarias’ criteriosamente proporcionadas. Assim, a Virgem Imaculada, que é mera criatura, nos leva ao Cordeiro Imaculado, que é criatura mas que também é Deus. E Jesus nos leva ao Imaculado Pai Eterno.

O ‘contato’ com a Virgem, quer dizer a devoção a Ela, nos vai tornando partícipes de sua pureza. A Virgem não só foi o sacrário do Salvador do mundo, mas que é também o seio místico de onde nascem os homens para a vida eterna, para a vida já sem manchas junto ao Cordeiro, no sentido indicado por São Luís de Montfort.

Deus a fez Imaculada para que nela o gênero humano tivesse as primícias da Redenção. No momento em que foi Imaculada, o gênero humano ‘sorriu’, foi aliviado. No instante de sua concepção, Adão e Eva deveriam ter sentido algo em seu interior, uma mescla suavemente inexplicável de alegria e esperança; deveriam ter começado a perceber como estava sendo esmagada a cabeça da serpente, pela linhagem da Mulher anunciada desde o início dos tempos. (Cfr. Gn 3, 15).

Com a Imaculada Conceição começou a Redenção, no sentido de que já nada ia voltar a ser do demônio como antes. Com a Imaculada Conceição o homem começou a sentir a Luz, essa Luz que os cristãos recordam ao acender felizes as luzes na vigília da Imaculada Conceição.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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[1] Royo Marín, Antonio. La Virgen María. BAC. Madrid, 1968, p. 75
[2] Ibídem. pp. 75 y 76.

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