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O ‘flash’, a mística e a luta

Redação (Quinta-feira, 22-01-2015, Gaudium Press) “A vida é uma luta enquanto o homem está sobre a terra”. Em tempos idos, quando, ainda jovem, cumpríamos o serviço militar, o certificado que nos identificava como soldados ativos trazia em uma de suas extremidades a contundente reflexão de cima atribuída a MacArthur, vencedor dos japoneses nas batalhas do pacífico sul durante a II Guerra Mundial. Entretanto, com o correr dos anos e um maior conhecimento da história, um dia qualquer e feliz nos foi revelado que a fonte do insigne pensamento era infinitamente mais alta, era sagrada…

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Castelo Tomar, fortaleza templária

‘Militia est vita hominis super terram, et sicut dies mercenarii dies ejus’ (Jé 7, 1): “Milícia é a vida do homem sobre a terra e como dias de mercenário são seus dias”, é essa a sentença que na Vulgata profere o Espírito Santo por boca de São Jó aquele que em meio de grande dor, mas de muita resignação, constatava a realidade do sofrimento que lhe foi permitido por Deus em sua vida, e que com valentia aceitava.

Ocorre que justamente em nossos tempos -estes do ‘Fast Food’, do ‘Easy Living’ e do ‘Always Happy’- nos querem fazer crer que não, que o homem nasceu foi para um tipo constante de felicidade hedonista, de excessivos prazeres dos sentidos, os quais efetivamente pouco a pouco vão amolecendo ao homem, o abrandam, o tornam inimigo do sacrifício, do esforço, da luta. A vida para muitíssimos de nossos contemporâneos não pode ser luta mas prazer carnal.

Enquanto segue ressoando pelos séculos outra sentença da Escritura, que nos recorda que é necessário o combate para chegar à vida eterna. “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus sofre violência, e os violentos o arrebatam” (Mt 11, 12), declara o Senhor. Vencer-se a si mesmo, vencer as más inclinações e ordenar as paixões, sem a qual não se chega ao céu, comporta batalhas terríveis; mas quem luta, com o favor de Deus vence.

Não é somente ter um ânimo decidido para a luta, mas pedir a ajuda de Deus e confiar que essa ajuda virá, pois sem auxílio divino nada podemos fazer.

Não sem razão que a psicologia moderna se aprofundou bastante no conceito “motivação”, pois também por vias distintas a revelação constatou que os homens devem “controlar seus impulsos”, muitas vezes tem que “postergar as gratificações”, e desenvolver “padrões de conduta de resolução de problemas” para lograr um certo equilíbrio psíquico. E constatando também que não lhe é fácil ao homem empenhar-se na luta, tem desejado encontrar e facilitar os mecanismos com os quais pode mover o homem ao esforço, ao sacrifício.

Entretanto, Deus tem uma via de motivação maravilhosa que Plinio Corrêa de Oliveira chamou de ‘Flash’, que são certos momentos fugazes mas intensos, em que algumas realidades adquirem um brilho sobrenatural, mostrando aspectos de Deus. Dizíamos em anterior nota que o ‘flash’, que é uma graça de ordem mística, “produz um conhecimento ‘saboroso’ das coisas de Deus, e instala na vontade um puro amor que tem como efeito o acréscimo do afeto por Deus e a Igreja, e uma força renovada para combater a tentação e o pecado”.

Realmente consideramos e constatamos a todo momento, que sem uma boa motivação o homem não luta. E isso nos move a pensar que realmente é muito importante seguir aprofundando nessa ‘motivação divina’ chamada ‘flash’.

Para lutar, para levantar-se após cair, para viver esse gáudio maravilhoso que se obtêm quando se alcança um objetivo após árdua luta. Ou essa paz de alma que se instaura quando inclusive em meio da derrota, ou do sem sentido, ou da dor, a alma está unida com o Deus crucificado por meio do estado de graça, estado que só se mantêm com luta. A vida do homem sobre a face da terra, quando este a assume como uma luta pela virtude, já é uma alegre e bela vida.

Já o diziam os lutadores templários com alegria: ‘La plus belle aventure du monde, c’est la nôtre’, “A mais bela aventura do mundo, é a nossa”…

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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