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Um mundo ideal – Não é uma utopia

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Redação (Segunda-feira, 02-03-2015, Gaudium Press) Ao homem de nossa época lhe foi preciso umas décadas para dar-se conta que não é suficiente satisfazer as necessidades materiais para alcançar a felicidade. A vida -particularmente no mundo ocidental- foi organizada para que as pessoas vissem seus apetites sensíveis mais ou menos satisfeitos. E, é claro, isso não é intrinsecamente mau, pois se é certo que “nem somente de pão vive o homem”, também de pão, segundo indicou o Senhor.

Entretanto, uma mensagem que vinha sendo veiculada de forma mais ou menos sutil em toda a propaganda do ‘American Way of Life’ é que estabelecendo adequadamente a sociedade para a produção de abundantes bens materiais, o homem alcançaria a felicidade total. Pois resulta que não. E o que agora observamos com horror são legiões de jovens que buscam nos sinistros deleites da droga esse algo que não encontraram no estilo “Miami” ou “Nova York”; ou outros -poucos abundantes graças a Deus, pelo menos por hora- que fazem de tanto em tanto “acampamentos de verão” com assassinos na Síria ou no Iraque.

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Ocorre que o homem não é só corpo, nem só sentidos, mas é também vontade desejando o bem infinito e inteligência buscando a verdade absoluta. E nem a vontade se satisfaz com a possessão de uma casa ou quatro automóveis, nem a inteligência com todos os estudos que o mundo pode oferecer. A vontade tem sede de água viva que se sacia oferecida por Jesus à Samaritana, e a inteligência do homem tem ânsia do mistério, inclusive aquele não inteiramente claro para a razão mas reluzente à luz da Fé.

Evidentemente essa Água Viva, e esse Mistério Reluzente tem nome próprio, pessoal, e se chamam Deus. A felicidade só se encontra em contato com Deus, e de maneira plena no Céu, com Deus por toda a eternidade.

No entanto, Deus já nesta vida nos dá sua graça -que é uma participação criada de seu ser divino-, nos presenteia seus sacramentos, nos permite compartilhar sua liturgia, e ainda nos dá a possibilidade de voltar ao interior de sua essência divina, na imaginação dos possíveis de Deus. Vejamos.

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Normalmente (bom, hoje por hoje as coisas não são muito ‘normais’) todo homem se encanta diante de uma bela paisagem. Quem desce uma colina até um vale que se abre em ampla planície, sulcada por um pequeno córrego, pouco antes do ocultamento do sol, poderá sentir vibrar em sua alma cordas que afinam com a grandeza divina, com a magnanimidade do Criador, Aquele que não repete o ocaso, Esse que sempre oferece sua infinita variedade nas tíbias e matizadas luzes do entardecer. É verdade que Deus -que nunca é avarento com sua graça- aproveita muitos desses instantes no qual a alma levanta seus olhos do solo de seu egoísmo até o céu, para infundir a noção de seu Ser no espírito humano e dar-lhe a degustar misticamente algo da alegria que se goza no Reino celestial.

Mas Deus não apenas nos deu os objetos para fazer uma boa meditação a partir da beleza da ordem criada, mas inclusive nos obsequiou com a capacidade de aperfeiçoar e transcender essa mesma ordem. Como nasceu o Chenonceaux? Não recordamos a história lida outrora, mas sempre após essas maravilhas encontramos ao menos uma alma que sonhou não apenas em uma ponte para de forma “prática” evitar o obstáculo de um rio, mas que idealizou um ponto do céu e daí surgiu o Chenonceaux.

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Qual é a utilidade prática, o beneficio “material” de fazer algo tão dispendioso, tão elaborado como o Chenonceaux? Parece que não são poucos os turistas que vão à França com a esperança de deleitar-se no mítico Castelo das Damas, e ali deixam seu dinheiro (satisfeita, pois, a utilidade ‘prática’). Mas os turistas vão gastar seu dinheiro ali no fundo porque buscam entrar em contato com um objeto especialmente sublime que lhes fala da sublimidade do céu, da beleza infinita, um pedaço pequeno do Reino celestial. Em tal sentido, Chenonceaux não é uma mera ponte sobre o rio Cher: é uma ponte rumo ao céu, ao paraíso, uma ponte rumo a Deus.

Agora bem -e aqui vem a maior utilidade ‘prática’ para a vida de cada um- antes que Chenonceau fosse realidade material, ele já foi realidade mental nas almas que o conceberam. Algum ou alguns, à procura da perfeição absoluta, pensaram em uma ponte com três ou quatro andares de altura, que tivesse 7 ou 8 corpos de colunas sobre o plácido rio unidos em arcos de meio ponto, e em um edifício principal torreonado em um lado. Imaginaram que devia canalizar-se o rio de certa maneira, que deviam semear-se jardins desta outra e com tais figuras, etc. E assim Chenonceaux nasceu do espetacular Cher, mas antes de viver na realidade, habitou nessas almas idealistas e alegrou a vida dessas almas. Uma alma que sonha os bons sonhos, esses que caminham à perfeição, vê alegrar sua vida.

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De fato, e de maneira mais profunda, Chenonceaux já existia inclusive antes de viver nas mentes que o conceberam. Residia na Essência divina, como um possível a ser criado. Imaginar um mundo mais perfeito acaba sendo sinônimo de peregrinar em Deus. Que coisa tão maravilhosa!

Mas ocorre que ao ‘peregrinar dentro de Deus’, de algum modo Deus se vai fazendo presente em nossas vidas. E essa é a maior força que um homem pode receber. E que logo pode usar.

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Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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