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"A Páscoa cristã exige uma celebração em família", diz o Bispo de Cornélio Procópio

Cornélio Procópio – Paraná (Segunda-Feira, 30/03/2015, Gaudium Press) Dom Manoel João Francisco, Bispo da Diocese de Cornélio Procópio, no Paraná, afirmou em seu mais recente artigo que na Páscoa celebramos a ressurreição de Cristo, ou seja, a sua vitória sobre a morte. Para ele, ao celebrá-la, nós nos identificamos com Jesus. “Com ele sofremos, com ele morremos, com ele somos sepultados e com ele ressuscitamos” (Rm 6, 1-11).

Segundo o Prelado, o momento forte desta celebração é a Vigília Pascal, pois nela somos convidados a permanecer acordados, vencendo o sono, que é símbolo da morte. Ele ressalta que com este gesto queremos dizer que todos nós, como Cristo, haveremos de vencer a morte, fazendo com que ela não tenha mais poder sobre nós. Podemos até tripudiar sobre ela e escarnecer dela: “Morte onde está tua vitória? Morte onde está teu aguilhão?” (1Co 15,55).

“A liturgia cristã, porém, não é um simples teatro. Para ser verdadeira, deve corresponder à realidade vivida por nós. Num mundo em que a cultura da morte, da violência e do desrespeito à vida predomina, celebrar a Páscoa exige um compromisso real com a vida. Celebrar de verdade a Páscoa significa comprometer-se com a luta contra o aborto, contra a violência doméstica, contra a pornografia e todo tipo de abuso infato-juvenil”, avalia.

Para o Bispo, celebrar a Páscoa significa engajar-se na luta por mais justiça, significa repudiar todo o tipo de corrupção, significa respeitar a natureza e engajar-se na defesa de nossas fontes hídricas e dos recursos biológicos de nossa flora e fauna.

Ele ainda esclarece que a Páscoa, antes de ser uma festa cristã, foi uma celebração do povo judeu, de caráter profundamente familiar. Conforme Dom Manoel, na intimidade de uma ceia, o filho mais moço perguntava ao pai por que aquela noite era tão diferente das demais, e a partir desta pergunta, fazia-se e, ainda hoje, se faz todo o memorial da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, não como algo passado, mas como anúncio, esperança e certeza da libertação definitiva que todos esperam.

“A celebração da Ceia Pascal, sem dúvida, tem sido para os judeus, um dos fatores mais importantes para conservar, através das vicissitudes históricas, sua identidade enquanto povo e enquanto religião. Páscoa, para o judeu é memória da passagem da escravidão egípcia para a conquista da Terra Prometida”, destaca.

O Prelado também afirma que, para o cristão, a Páscoa é a celebração da ressurreição de Jesus, ou seja, da vitória da vida sobre a morte. De acordo com ele, para o povo brasileiro deverá ser a passagem da terra da corrupção, da impunidade, da injustiça, da violência, da desigualdade e de tantos outros males geradores de morte, para uma “terra sem males”, de honestidade, de justiça, de partilha, de paz, de fraternidade, de igualdade e de vida.

Outra coisa lembrada pelo Bispo é que a Páscoa cristã exige, por sua natureza, uma celebração em família e por isso além da celebração que fazemos na igreja, seria muito interessante que nas famílias se introduzisse o costume da ceia pascal. Ele reforça que entre os cristãos do oriente esta é uma prática normal.

“Alguém fica em casa assando o cordeiro, enquanto os demais membros da família vão à igreja para, com toda a comunidade, participar da Vigília Pascal. À meia noite ouve-se um tiro de canhão, anunciando a ressurreição. Os fiéis então se saúdam apressadamente com a expressão: ‘Cristo ressuscitou’, ao que outro responde: ‘Na verdade ressuscitou’. Voltam em seguida para suas casas a fim de, em família, comer o cordeiro pascal”, explica.

Por fim, Dom Manoel enfatiza que na nossa compreensão e nossa vivência do mistério pascal, certamente, seria melhor assumida, se em nossas casas, ao menos uma vez por ano, de forma solene e ritualizada se narrasse a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo; se a oração em família fizesse perceber que foi do coração de Cristo transpassado pela lança que nasceu a Igreja.

“Com certeza teríamos outra percepção de nós mesmos, enquanto filhos e filhas de Deus, se ao menos uma vez por ano, no contexto da ceia pascal, nos fosse contado de novo, que pelo nosso batismo fomos sepultados com Cristo em sua morte e com ele de novo fomos chamados à vida nova”, conclui. (FB)

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