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Criando o museu “mitológico” das recordações maravilhosas

Redação (Quinta-feira, 16-04-2015, Gaudium Press) Há momentos maravilhosos em toda nossa vida, junto a outros onde nos torna patente que estamos em um verdadeiro “vale de lágrimas”. Se alternam uns e outros, e assim vão lapidando o carácter do homem, mas podem torná-lo um céptico quanto a possibilidade da maravilha, quando a decepção não se tonifica com a esperança.

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“No céu descansaremos”, pode dizer alguém com a melhor das intenções. No entanto, para muitos, o céu é algo tão distante, portanto incerto.

Entretanto, há instantes em que Deus ilumina nossas almas, muitas vezes a partir de elementos tangíveis, dando-nos um tipo de participação e felicidade daquilo que se vive na glória eterna.

É por exemplo a simples visão de um coelho, que por sua especial aparência nos fala de inocência de candura, da suave e cálida brisa com a qual Deus se manifestou verdadeiramente ao profeta Elias.

Ou pode ser algo mais excepcional, esse instante no qual contemplamos uma imponente catedral gótica, e tivemos uma clara consciência de que essa era a casa de Deus, de que ali Deus habitava e se fazia presente no recolhimento, na penumbra que favorece a interiorização, no silêncio que prepara a meditação. E talvez vendo uma imagem do Crucificado, pungente acima do altar, tivemos uma clara noção de nossa miséria, e um movimento de súplica se elevou ao zelo a partir de um renovado coração contrito e humilhado.

Ou foi talvez essa ocasião em que tocamos o azul e largo mar, e nos presenteamos com sua grandeza, sua imponência e sua acolhida, em que sentimos como em carne viva a eternidade e atemporalidade do criador dos mares, sua majestade e serenidade.

Pode ser esse o dia em que contemplamos com admiração aquele rosto que nos falava de virtude, de uma vida que já tinha se aproximado muitíssimo a Deus, e que refletia essa união com Deus, união que purifica, que limpa, que como o pranto da Madalena vai transformando o pus em gotas do mais puro cristal.

Ou talvez algo disso passou quando contemplamos extasiados essa custódia magnífica, feita de generoso ouro e múltiplas pedras preciosas, e por uma particular graça compreendemos que todas as riquezas da terra não são senão indigno marco à grandeza de um Deus que ficou habitando em meio de nós para fortalecer-nos dia após dia.

Esses instantes e essas recordações podem servir como brilhantes peças de um magnífico museu, o museu de nossas lendas, o museu de nossa “mitologia” pessoal.

Esse seria um museu para ser visitado com frequência. Um museu que cuidaríamos como tesouro muito apreciado, porque não só é natural mas também sobrenatural, no sentido acima indicado. Por exemplo, umas perguntas de um certo tipo de exame de consciência poderiam ser: tenho ‘visitado’ em meu museu essas mensagens divinas? Tenho percorrido recentemente as passagens magníficas e douradas dessas belas recordações? Tenho buscado seguir alimentando esse museu, parando de vez em quando o corre-corre da vida, para ver o que há de reflexos da divindade em tantas coisas maravilhosas que me rodeiam, no magistério?

Esse museu legendário é algo assim como um “Castelo Dourado”, no qual posso me refugiar e restaurar das feridas conseguidas nas batalhas da vida.

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E mais: Não haveria uma forma de travar as batalhas cotidianas a partir deste Castelo Dourado? Sim, às vezes submergindo-se no lodo do terreno onde nos é preciso combater, mas sem abandonar em espírito este palácio dourado. Cremos que sim. Cremos que os Santos eram assim.

Seria algo assim como habitar nesse monte Carmelo do qual falava São João da Cruz, essa colina de perfeição onde só mora a honra e a glória de Deus.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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