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"O comunicador reflete a beleza da Criação", diz o Bispo de Osório

Osório – Rio Grande do Sul (Sexta-Feira, 17/04/2015, Gaudium Press) Dom Jaime Pedro Kohl, Bispo da Diocese de Osório, no Estado do Rio Grande do Sul, em seu artigo, intitulado “Comunicação, obra humano-divina”, afirma que sempre que falamos em comunicação logo pensamos nos meios técnicos de comunicação social (rádio, TV, jornal, internet…), e que não é automático considerar a vida cotidiana familiar, profissional, espiritual como comunicação.DomJaime.jpg

Para o Prelado, são poucos os que ouvindo falar em comunicação pensem espontaneamente em Deus e na sua relação conosco. No entanto, segundo ele, Deus é a comunicação por excelência, e igualmente o ser humano enquanto criado a sua imagem e semelhança traz no seu DNA essa mesma vocação.

“Comunicação é dom de Deus, é relação que se estabelece entre o Criador e suas criaturas. De acordo com o plano de Deus, comunicar é um dom e uma responsabilidade diante do seu projeto de vida e de amor”, destaca.

O Bispo ainda ressalta que ao criar o homem, Deus o constitui comunicador, dotando-o de imaginação, talento, inteligência e criatividade artística, tornando-o assim comunicador por excelência, como ele mesmo.

“Comunicar por meio da palavra, dos gestos, das atitudes, e utilizando as mais modernas tecnologias, torna o comunicador um mensageiro do amor de Deus a todas as pessoas indistintamente”, completa.

Além disso, Dom Jaime salienta que a Trindade é, por sua natureza, comunicadora: Pai e Filho e Espírito Santo são exemplos da unidade na diversidade. Conforme ele, a Trindade Santa colabora intimamente para a realização do seu projeto divino na história humana, pois criando, salvando e santificando, o Pai, o Filho e o Espírito Santo redimem os seres humanos e glorificam para sempre a comunicação nas suas dimensões humana e divina.

“Com seus gestos e palavras, principalmente no evento pascal, Cristo revela de modo definitivo e inequívoco o rosto de Deus uno e trino, no qual a unidade não significa solidão, e a multiplicidade não é dispersão. O Espírito, vínculo e elo de amor entre o Pai e o Filho, torna a comunhão trinitária possível, como comunicação e doação recíprocas entre as três Pessoas Divinas.”

Outro questão abordada pelo Bispo diz respeito a comunicação na Igreja e da Igreja, que remete ao Deus uno e trino. De acordo com ele, o verbo encarnado, em sua comunicação, manifesta a grandeza, a profundidade e a beleza do amor de Deus à humanidade, porque o homem Jesus é comunicação por excelência de Deus com todo o ser humano.

“Por intermédio do seu Filho, Deus revela seu amor pela humanidade e comunica seu plano de salvação para todos. Na entrega de seu Filho para a salvação da humanidade, Deus comunica de maneira plena e eterna Seu projeto de comunicação para todos os Seus filhos. Revelando-nos a perfeição do amor, Jesus põe-se como perfeito comunicador do qual ninguém pode prescindir. Ao revelar o rosto misericordioso do Pai, Jesus revela o projeto de Deus para a humanidade”, diz.

Dom Jaime explica também que Jesus cria uma linguagem simples e direta para comunicar o Reino de Deus, falando por meio de parábolas, aproximando-se da mulher, da criança, do órfão, do pobre, do sofredor, do centurião, com uma atitude acolhedora e aberta. Para ele, o símbolo da videira utilizado por Jesus demonstra a profundidade e a extensão da comunicação na sua relação com os seres humanos e com Deus: “Eu sou a videira e vocês são os ramos”.

“A caridade amorosa e transformadora da comunicação de Jesus tem um caráter prático e concreto na vivência dos valores da verdade, da justiça, do amor e da liberdade. Eles constituem os pilares que dão consistência e solidez ao edifício do viver e do agir das pessoas e das instituições que fazem parte da sociedade”, avalia.

Dando continuidade ao tema, o Prelado enfatiza que a comunhão fraterna encontra seu ápice na Eucaristia, pois nela Cristo nos deu a forma mais perfeita de comunhão. Ele reforça que a celebração dos sacramentos acontece por meio de ritos, símbolos e palavras, e os símbolos sacramentais comunicam e realizam, pela fé, o encontro com o Senhor, criando, desse modo, momentos fortes de profunda comunicação entre o mistério de Deus e a experiência humana.

“Não apenas a palavra, mas também o silêncio é comunicação. Na intimidade do encontro pessoal do comunicador com o Criador, a comunicação lança suas raízes na verdadeira e inesgotável fonte de onde emana o sentido profundo dessa mensagem comunicativa.”

Por fim, Dom Jaime afirma que a comunicação, portanto, torna-se experiência de graça, porque o ser humano tem a possibilidade de fazer certa experiência do Absoluto que o transcende. Segundo ele, o comunicador é um místico e o místico é um comunicador, e, como coautor da criação, o comunicador reflete a beleza da Criação. E consequentemente, beleza e comunicação levam ao divino.

“Tudo isso pode parecer muito teórico, mas isso não significa que não seja real e muito importante. Quando bem compreendido e vivido potencia e qualifica o trabalho dos comunicadores”, conclui (FB).

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