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O verdadeiro valor da amizade

Redação (Quinta-feira, 30-04-2015, Gaudium Press) É tão comum hoje vermos pessoas que estão mais preocupadas com a própria felicidade do que com o contentamento do irmão que está ao nosso lado, do colega de trabalho ou de estudos da faculdade, do vizinho. Enfim, fico por vezes me perguntando: até onde vai essa nossa alegria? Será que é possível ser feliz mesmo sozinho ?

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Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino: mestre
e discípulos, fiéis amigos

Sabe, existem amigos que nos fazem perceber o quanto somos valorizados e o quanto devemos nos valorizar diante de outras pessoas e das diferentes situações que a vida sempre nos proporciona, pois tudo deve ser considerado um desafio, que acaba gerando outros novos conforme o tempo e na medida em que nos tornamos cada vez mais fortes na Fé.

Agora, tem outras pessoas que podem nos prejudicar tanto propositalmente quanto involuntariamente, e que por vezes, costumamos descartar esses tipos de relações. A cultura do descartável, como bem lembrada pelo Papa Francisco, em sua visita ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), é tida, em minha opinião, como um fenômeno negativo impregnado na sociedade, uma vez que a grande maioria valorizam os seus interesses pessoais e nem sempre dão preferência aos próprios sentimentos.

Atualmente, se tornou comum descartar os valores da amizade, do convívio social e do amor para com os mais próximos para buscar somente aquilo que nos satisfaz. Porém, será que esse prazer satisfaz os apelos do próprio coração? Mas Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina a sermos irmãos para com o próximo, não é uma máxima divina amar ao próximo como a si mesmo?

Em meio a essas situações que cada vez mais podem nos entristecer, do individualismo que contribui aumentadando a sensação do êfemero, o que podemos tirar de lições? A força de sempre nos erguemos, com coragem e persistência, levantando a cabeça em direção aos céus e pedindo a Deus mais paciência e discernimento, a fim de nos sentirmos cada vez mais capacitados para lidar com as diferentes adversidades que nos aparecem.

Então na amizade estaria a saída desse problema tão candente em nossos dias? São Tomás de Aquino define a amizade, como: o querer as mesmas coisas e também rejeita-las da mesma forma, pois você só pode ser amigo de pessoas que estão caminhando para o mesmo objetivo.

São João Paulo II, em sua encíclica “Fides et ratio” (Fé e razão), nos faz lembrar que São Tomás, acima de tudo, “sempre foi proposto pela Igreja como mestre do pensamento e modelo do modo certo de fazer teologia”, fator esse, em meio a tantos outros, que o fez ser considerado Doutor da Igreja, mais precisamente pela sublimidade de seu pensamento e pureza de sua vida.

No ano de 1245, quando foi enviado a Paris com o propósito de estudar teologia, teve a oportunidade de ter a orientação de Alberto Magno, e nisso, com o passar dos tempos, adquiriram uma profunda amizade, a ponto de apreciarem pensamentos e ideias em comum. Então, Alberto, vendo em Tomás a confiança na qual colocava em seu discípulo, quis que ele o acompanhasse em sua jornada a Colônia, na Alemanha, aonde ele havia sido enviado pelos superiores da Ordem Dominicana para promover um estudo teológico.

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Sendo assim, afirmamos ser essa uma das características mais peculiares dos santos, de cultivarem o verdadeiro valor da amizade, vista como uma das manifestações mais nobres que o coração humano pode provocar, sendo um sentimento divino. São Tomás de Aquino nos explica melhor algumas dessas questões em sua Suma Teológica, descrevendo que “a caridade é a amizade do homem com Deus principalmente, e com os seres que Lhe pertencem”.

A amizade, portanto, é saber enfrentar as barreiras junto com alguém que também está disposto a fazer o mesmo sacrifício pelo bem em conjunto. Da mesma forma como Jesus foi para com seu povo, como um irmão que se doou por inteiro na Cruz, deu a vida e assim mostrou a salvação de Deus, nós também devemos assumir esse papel. Essa caridade é a solução, para a era do descartável em que vivemos? Opine você caro leitor!

Por Leandro Massoni Ilhéu

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