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Rebelião de Coré

Redação – (Terça-feira, 02-06-2015, Gaudium Press) – Um primo de Moisés e de Aarão incita uma revolta contra estes, e consegue arrastar muitas pessoas. Deus pune esses rebeldes de modo exemplar.

Vejamos como isto aconteceu:

Chegando próximo à Terra Prometida, Moisés, obedecendo às ordens de Deus, enviou doze homens, chefes do povo, um de cada tribo patriarcal, para fazerem um reconhecimento da região a ser conquistada. Entre eles estavam Josué, da tribo de Efraim, e Caleb, da tribo de Judá.

Povo revoltado quer escolher um chefe para voltar ao Egito

Após 40 dias, os exploradores regressaram – trazendo entre outras coisas um enorme cacho de uva, carregado por dois homens – e deram um jornal falado ao povo reunido. Mas dez deles fizeram comentários os mais desanimadores, dizendo, por exemplo: “Lá vimos até gigantes […] comparados com eles parecíamos gafanhotos” (Nm 13, 33).

Então, todo o povo começou a gritar contra Moisés e Aarão; chegaram até a dizer: “Vamos escolher um chefe e voltar para o Egito” (Nm 14, 4). Vendo tamanha rebelião, que no fundo era contra Deus, Moisés e Aarão se prosternaram com o rosto em terra.

Josué e Caleb, rasgando suas vestes, falaram a todo o povo de Israel: “A terra que percorremos e exploramos é uma terra excelente […] De modo algum deveis revoltar-vos contra o Senhor, nem temer a população dessa terra, pois haveremos de devorá-los como pão” (Nm 14, 9). Mas o povo ameaçou apedrejá-los…

Castigo: 40 anos de peregrinação pelo deserto

Moisés se dirige à Tenda do Encontro, e ali Deus lhe diz que iria exterminar o povo, devido a esse pecado. O profeta intercede pelos israelitas e o Altíssimo concede o perdão, mas declara que todas as pessoas de mais de 20 anos de idade morreriam no deserto, sem ver a Terra Prometida, com exceção dos da Tribo de Levi, cujos membros não estavam representados entre os exploradores.

E como castigo deveriam perambular pelo deserto durante 40 anos – um ano por dia de reconhecimento da Terra Prometida; nesse número estava incluído o ano e meio transcorrido, desde a saída do Egito. E os dez ímpios exploradores que haviam provocado a revolta caíram ali mesmo sem vida.

Moisés transmitiu essas palavras ao povo; todos ficaram com medo, e alguns, querendo se mostrar zelosos, disseram ao profeta que iriam continuar a marcha para conquistar a terra de Canaã. Moisés advertiu-os de que isso seria uma desobediência a Deus. Mesmo assim eles partiram, “mas a Arca da Aliança e Moisés não se moveram do meio do acampamento” (Nm 14, 44). Consequência: foram massacrados pelos cananeus e amalecitas.

Coré, Datã e Abiram

Coré – que era da tribo de Levi e primo de Moisés -, Datã e Abiram, com mais 250 israelitas, “todos chefes da comunidade, membros do conselho e pessoas de posição, amotinaram-se contra Moisés e Aarão e lhes disseram: […] ‘Todos os membros da comunidade são consagrados […] Com que direito vos colocais acima da comunidade do Senhor?'”(Nm 16, 2-3).

Eis aqui um típico exemplo de igualitarismo; esses revoltosos, liderados por Coré – a Sagrada Escritura fala do bando de Coré (cf. Nm 16, 5) -, fazem oposição aos seus superiores, o profeta Moisés e o sumo sacerdote Aarão.
Moisés ordenou a Coré e aos 250 notáveis que ficassem próximos da Tenda do Encontro, cada um segurando seu turíbulo, com brasas e incenso. Datã e Abiram e seus partidários se colocaram diante de suas tendas, juntamente com suas mulheres e seus filhos, muitos dos quais eram crianças.

Deus, então, os puniu: Coré e os 250 foram devorados por “um fogo enviado pelo Senhor”; e quanto aos que estavam à entrada de suas tendas, “o solo fendeu-se debaixo deles, a terra abriu as entranhas e os tragou com as suas famílias, com todos os partidários de Coré e todos os seus pertences”; logo depois “a terra os cobriu” (Nm 16, 31-32.35).

O turíbulo de ouro

Mesmo com esses terríveis castigos, o povo não se converteu. “No dia seguinte, toda a comunidade dos israelitas se pôs a murmurar contra Moisés e Aarão, dizendo: ‘Fostes vós que matastes o povo do Senhor'” (Nm 17, 6).

Devido a esse hediondo pecado, “o Senhor desencadeou seu furor”. Então, o profeta ordenou a Aarão que fosse rapidamente ao Tabernáculo buscar o turíbulo de ouro – que só poderia ser usado pelo sumo sacerdote – e incensasse o povo, “a fim de fazer a expiação” por tal rebeldia.

Aarão apanhou o turíbulo e “correu para o meio da multidão. Entrementes a mortandade já tinha começado entre o povo. Mas ele colocou o incenso e fez a expiação pelo povo, permanecendo de pé entre os mortos e os vivos até cessar a mortandade. As vítimas daquela mortandade foram 14.700, além dos que tinham morrido por causa de Coré” (Nm 17, 12-14).

São Judas Tadeu, em sua carta, fala dos ímpios “que vivem ao sabor de suas paixões”, e cita como exemplo os participantes da “rebelião de Coré” (Jd 11 e 16).

Peçamos a Nossa Senhora que nos consiga a graça de dominarmos nossas paixões, para não nos deixarmos levar pelo igualitarismo e sempre respeitarmos nossos legítimos superiores.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 31)

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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 478.
2 – Cf. Idem, ibidem, p. 483.

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