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Morte de Moisés

Analisando-se a vida do profeta Moisés e os milagres realizados por seu intermédio, verifica-se que ele foi uma das mais impressionantes prefiguras de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Deus ordenou a Moisés que subisse ao Monte Nebo e contemplasse a Terra Prometida, na qual ele não entraria em razão da dúvida que tivera quando bateu na rocha duas vezes para obter água, em Meriba.

E que chamasse Josué, “homem de grandes qualidades” (Nm 27, 18), impusesse as mãos sobre ele e lhe transmitisse o cargo de dirigir o povo, pois em breve Moisés deveria passar para a eternidade. O profeta assim o realizou.

Instruções para a conquista da Terra Prometida

Observando que as terras situadas a leste do Rio Jordão eram próprias para a pecuária, os rubenitas e gaditas – descendentes de Ruben e de Gad – pediram a Moisés que lá permanecessem.

O profeta respondeu-lhes que não tinha cabimento eles ficarem ali, enquanto os outros israelitas iriam para a guerra; pois dessa forma desencorajariam seus irmãos. E increpou-os, dizendo: “Corja de pecadores, surgistes vós no lugar de vossos pais para exacerbar ainda mais o ardor da ira do Senhor contra Israel” (Nm 32, 14).

Eles então disseram a Moisés que partiriam para a guerra, mas rogavam que naquelas terras ficassem suas mulheres e seus filhos menores. O profeta concordou e concedeu aquele território aos membros das tribos de Ruben e Gad; deu também uma parte à meia tribo de Manassés (cf. Nm 32, 33).

Deus ordenou a Moisés que dissesse aos israelitas: “Quando atravessardes o Jordão e entrardes na terra de Canaã, expulsai de vossa frente todos os habitantes do país. Destruí todas as esculturas de ídolos […] e arrasai todos os lugares altos” (Nm 33, 51-52). Os “lugares altos” eram frequentemente consagrados a Baal, cujo culto incluía imoralidades e até sacrifícios humanos.

E o Onipotente acrescentou: “Se não expulsardes […] os habitantes do país, os que deles deixardes sobrar serão para vós como espinhos nos olhos e aguilhões nas costas” (Nm 33, 55).

Cântico de Moisés

Deus então disse a Moisés que ele logo iria morrer, e a Josué ordenou: “Sê forte e corajoso! Pois tu introduzirás os israelitas na terra que lhes prometi. Eu estarei contigo” (Dt 31, 23). Esta foi a primeira vez que o Altíssimo entrou em comunicação direta com Josué.

Moisés reuniu todo o povo e recitou um cântico, no qual, “por antecipação, ele contempla os hebreus instalados na Terra Prometida, fala de sua horrenda ingratidão e os castigos que esta lhes atrairá”.

Em seguida, ele abençoou as tribos de Israel, como fizera Jacó; e, subindo ao Monte Nebo, Deus lhes mostrou todo o território que seria logo conquistado.
E ali mesmo o Senhor levou sua santa alma e enterrou seu corpo. “Mas ninguém até hoje sabe onde fica a sepultura” (Dt 34, 6). O Apóstolo São Judas Tadeu afirma, em sua epístola, que São Miguel disputou com o demônio o corpo de Moisés e disse ao espírito das trevas: “O Senhor te repreenda” (Jd 9).

Talvez isto tenha acontecido para impedir que os hebreus lhe prestassem honras supersticiosas, ou Deus o ressuscitou logo depois. Moisés morreu com 120 anos de idade; “sua vista não tinha enfraquecido, nem seu vigor se tinha esmorecido” (Dt 34, 7).

Prefigura de Cristo

Mons. Cauly mostra como Moisés foi prefigura de Cristo:

– Moisés libertou o povo de Israel da servidão no Egito; Jesus Cristo livrou todos os homens da escravidão do pecado.

– O profeta transmitiu aos israelitas a lei mosaica; Nosso Senhor deu ao gênero humano a lei evangélica; a primeira, ainda imperfeita e prefigurativa, deveria durar apenas certo tempo; a segunda, perfeita e definitiva, deve se estender por todos os séculos.

– Moisés fez grandes milagres para provar que ele era o enviado de Deus; Jesus Cristo realizou mais admiráveis para demonstrar que Ele é o Filho de Deus; a passagem do Mar Vermelho não é senão a prefigura da passagem mais maravilhosa do pecado para a graça, através da água do Batismo; o maná é tão somente o anúncio simbólico do pão vivo, descido do Céu, que alimenta nossas almas: a Eucaristia.

– O profeta foi o mediador da aliança entre Deus e o povo de Israel; Nosso Senhor concluiu entre o Altíssimo e o gênero humano uma aliança mais maravilhosa.

– Por suas orações, Moisés obtinha de Deus o perdão dos culpados; Jesus, por sua mediação onipotente, é o perpétuo reconciliador entre o Céu e a Terra.

– Moisés realizou sua missão ao preço do sofrimento. Sua fuga precipitada, as revoltas do povo judeu, sua vida de contínua imolação, tornaram-no a viva imagem do Salvador, odiado e perseguido pelos seus.

Além dessas semelhanças, podemos acrescentar:

Moisés ficou durante 40 dias e 40 noites, sem comer nem beber, no Sinai antes de receber, gravados em pedras, os Dez Mandamentos; Jesus permaneceu idêntico período de tempo, em completo jejum, no deserto antes de iniciar sua vida pública, durante a qual transmitiu seus divinos ensinamentos (cf. Lc 4, 1-12).

Que São Moisés nos ajude em nossa caminhada nesta Terra, para sempre termos em vista a glória de Deus e a salvação de nossas almas.

Por Paulo Francisco Martos

(in Noções de História Sagrada – 35)

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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. I, p. 546.

2 – Idem, ibidem, p. 657.

3 – Cf. Idem, ibidem, p. 669.

4 – Cf. CAULY, Eugène Ernest. Cours d’instruction religieuse – Histoire de la Religion et de l’Église.4. ed. Paris: Poussielgue. 1894, p. 83-84.

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