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Cidade e paróquia

Redação (Terça-feira, 21-07-2015, Gaudium Press) Santo Agostinho foi prolífico e inspirado quando escreveu A Cidade de Deus, um genial compendio da doutrina cristã acerca do que deve ser a sociedade temporal. De feito “Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigia a Sentinela (Sal 125).

Deus Nosso Senhor fez o homem e a natureza, e o homem fez a cidade e seu entorno. Ela sempre será um reflexo de nossa criatividade, nossos planos, nossas esperanças e nossa mentalidade. Segundo como tínhamos construído e como convivemos nela, podemos deduzir o estado de espírito das gerações que passaram por lá.

O tempo em que íamos de uma cidade para a outra era um descansado cambio de ambiente e paisagem urbana tão notório e contrastante que adivinhávamos a personalidade de seus habitantes e incluso se lia nas ruas, paredes, parques, praças e em pequenos cantos menos pretensiosos de uma esquina ou um beco sem saída, a história daquela cidade. As portas, os balcões, as janelas e a pintura dos muros, dizima algo das pessoas que habitavam o local.

Esse exercício é cada dia mais difícil de se fazer em nossas cidades modernas. Nos levam ao centro histórico como a um museu rígido, frio e sem graça habitado por pessoas que nada tem a ver com o passado desse lugar. Frequentemente os guias turísticos desconhecem refinamentos da história do lugar e muitas vezes inventam algo para preencher a viagem. O pouco significado da personalidade dessas cidades termina confundindo lamentavelmente com fantasias e prejuízos sem nenhuma relação com o passado. As cidades seguem ali, crescendo as vezes meio que anarquicamente sem perceber quem as planejam e dirigem seu desenvolvimento. A cidade do homem deveria ser um fiel reflexo da cidade de Deus que nos prepara para a Jerusalém Celestial. As gerações posteriores deverão receber seu legado histórico mais do que em livros, na estrutura da cidade que as anteriores lhe deixaram. Uma cidade saudável funcionando como um organismo vivo é um testemunho maravilhoso do que os antepassados pensaram, sentiram e sonharam. E nesse sentido, a vida de paróquia é um bom fermento que mantem a vitalidade da cidade.

Agrupados em torno de seu presbítero e com a celebração diária da Eucaristia, os cristãos sobreviveram a destruição de Roma por parte de Alarico em 410. Sem embargo os pagãos da cidade e do império tentaram circular a mentira de que os cristãos eram os responsáveis pela catástrofe, e aí foi que surgiu a genial resposta de Santo Agostinho, todavia hoje uma obra de consulta obrigatória para quem de boa Fé quer entender os rumos da história e o que deve ser uma relação correra entre sociedade temporal e sociedade espiritual: “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Se a cidade é uma obra dos homens, a paróquia é, todavia, mais, e não somente deles, e sim também da graça. Quanto esforço e dedicação de um pároco e seus grupos pastorais por vezes mal compreendido sem ser incluído em um plano de desenvolvimento por parte de um governo local! Nesse caso, deveríamos ter muito presente este Salmo 127, que é uma verdade de Fé imbatível e irrefutável, porque construir uma cidade sem Deus é uma loucura que as gerações do futuro vão cobrar no presente, se deixarmos que isso se transforme em uma espécie de deprimente caos “organizado”, um simples “estado das coisas”, uma vez que não haverá uma ordem verdadeira como define a escolástica: reta disposição das partes no que diz respeito a tudo segundo sua natureza com um fim determinado e justo.

Por Antonio Borda

Traduzido por Leandro Massoni Ilhéu

 

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