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Ousadia da Catedral

Redação – (Sexta-feira, 28/08/2015, Gaudium Press) – A construção da Catedral Cristo Rei é realmente uma ousadia que tem força para contribuir com transformações culturais necessárias à sociedade. A ousadia diz respeito ao fato de se construir a Catedral sem “verbas carimbadas” ou dinheiro de sobra. É uma obra da Igreja, que no conjunto do complexo arquitetônico tem o templo como seu coração e agrega em torno dele diferentes ambientes, dedicados a diversos campos: arte, cultura, serviços, comunicação, cuidado social e educação. O coração da construção, o templo, para cerca de cinco mil pessoas, ficará no centro de uma praça multiuso – a Praça das Famílias -, capaz de acolher aproximadamente 20 mil pessoas, possibilitando a congregação do povo em momentos celebrativos, circuitos sociais e culturais.Dom Walmor Oliveira de Azevedo.jpg

O templo – enriquecido por museus, escolas de música, mosaico, pintura e restauro – tem um especial lugar de testemunho e comprometimento: a Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida. Espaço para acolher, de maneira ampliada, durante vinte quatro horas, o serviço hoje já prestado pela Igreja, no Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, de amparo e proximidade com os mais pobres. Esse serviço é o olhar comprometido e permanente da Igreja para a realidade de sofrimentos e abandono de tantos que não têm uma porta para bater, um lugar para o acolhimento. Foi o saudoso Dom Luciano quem pediu e inspirou a criação da Acolhida Solidária, que já caminha para uma década de trabalhos e vai se tornar ainda mais forte na Catedral Cristo Rei.

Como obra de Igreja, o recurso para a construção da Catedral vem de doações, aplicadas com a maior lisura e controle, tornando-se, no cenário conturbado da corrupção que endemicamente se abate sobre a sociedade brasileira, um caso com força de exemplaridade. Torna-se oportuno fazer o exercício de investir, do “tiquinho” à quantia mais significativa, num projeto que é de todos. Ultrapassa o comum de outros investimentos que se restringem, no seu alcance, ao atendimento de interesses de grupos específicos. A Catedral Cristo Rei é uma obra que na sua identidade é casa do povo de Deus, com seus futuros serviços à disposição de todos. Certamente, a única obra que simultaneamente, no seu funcionamento, congregará sem discriminação ou distinções as diferentes camadas da sociedade, visibilizando um exemplo com força para alimentar o nascimento de uma cultura nova, antidoto para discriminações e exclusões. É desafiador edificar uma obra com esse porte, alcance e vocação que se tornará referência em arquitetura, engenharia, arte, cultura, educação, comunicação e, sobretudo, espiritualidade e cuidado social.

Construir a Catedral Cristo Rei é uma ousadia em obediência à história da Igreja, herança que impõe a necessidade de uma coragem, embora sem eliminar o temor e o tremor, de responder às exigências do presente e avaliar o futuro desafiador desse terceiro milênio. É preciso considerar, dentre outros aspectos, o enraizamento que a fé ganhou no território mineiro, como força de sustentação e fonte de sentido. O barroco, outros monumentos e patrimônios da religiosidade tecem a cultura de Minas Gerais, tão significativa nos cenários da nação brasileira. No presente, somos desafiados a preparar, a partir dessa cultura, um futuro marcado por valores e referências que possam garantir uma sociedade mais pacífica, permanentemente inspirada pela justiça.

Minas Gerais, as muitas Minas, particularmente sua região metropolitana, com força simbólica, tem na ousadia da construção da Catedral Cristo Rei singular oportunidade de marcar a história tricentenária do povo mineiro, com a beleza de uma edificação, a inteligência da engenharia, a comunicação da arquitetura e, no seu conjunto, as forças transformadoras da arte, comunicação, educação, ação social e cultura. Ousadia muito oportuna, particularmente neste momento sociopolítico e cultural, numa obra que merece o apoio de todos.

Uma ousadia que pede a contribuição de cada pessoa, como exercício e testemunho de se investir em um projeto sério, que não pertence exclusivamente a ninguém, sendo de todos. Audácia que busca edificar um instrumento para que a Igreja torne-se ainda mais servidora, no presente e no futuro. Obra que contribui para que a sociedade mineira continue a marcar sua história com os valores cristãos, o grande patrimônio que a sustenta com qualidade e diferencial. Vale participar, você é convidado a engajar-se na ousadia da Catedral Cristo Rei.

Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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