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Morte heroica de Sansão

Redação – (Sexta-feira, 04/09/2015, Gaudium Press) – Lutando sozinho contra os filisteus, Sansão havia obtido vitórias espetaculares contra eles, mas não teve a virtude da vigilância. Atingido por terrível sofrimento, rezou a Deus e foi atendido:.

A porta de Gaza

Certa ocasião, Sansão foi a um mau lugar na cidade de Gaza, que era toda cercada por uma muralha. Quando os habitantes souberam que ele lá se encontrava, ficaram de emboscada junto à porta da muralha, planejando matá-lo ao raiar da aurora.

Mas ele acordou-se à meia-noite e dirigiu-se para a porta; percebendo a armadilha dos inimigos, Sansão “agarrou o duplo portão da cidade com os dois postes e arrancou-os com ferrolhos e tudo. Pôs tudo nas costas e levou ao alto do monte” (Jz 16, 3), situado defronte.

Comenta o Padre Fillion que Sansão começa a utilizar sua força para si mesmo; por isso logo ela lhe será retirada. E acrescenta: “Sua conduta moral é das mais lamentáveis; felizmente ele fará reparação pela penitência e por uma última ação brilhante.”

E Santo Ambrósio afirma que Sansão conseguira matar um leão, mas depois se deixou dominar pela sensualidade.

Revela o segredo de sua força

Sansão acabou se enamorando de uma mulher chamada Dalila.

Os chefes filisteus foram procurá-la e lhe pediram que seduzisse Sansão, para que ele lhe contasse qual o segredo de sua força, e como poderia ser vencido. Se fizeres isso – disseram eles – “te daremos, cada um de nós, 1.100 moedas de prata” (Jz 16, 5).

Dalila perguntou a Sansão de onde provinha sua prodigiosa força. Respondeu ele que, se lhe amarrassem com sete cordas novas, ficaria como qualquer outro homem.

Os filisteus levaram a Dalila sete cordas e, quando ele dormia, o amarrou, deixando entrar no quarto alguns filisteus, que ficaram escondidos. A mulher gritou: “Sansão, os filisteus!”. Ele acordou e arrebentou as cordas.

Novamente, ela repetiu a pergunta a Sansão, o qual respondeu que se tecessem as sete tranças de sua cabeleira e as fixassem com um pino, ele perderia sua força. Ela fez isso, gritou as mesmas palavras, e Sansão arrancou o pino.

A péssima mulher insistiu diversas vezes, com a mesma indagação. E ele acabou revelando-lhe o segredo: se lhe cortassem os cabelos, sua força se evanesceria.

Percebendo que Sansão agora lhe contara a verdade, ela chamou os chefes dos filisteus, que logo vieram trazendo o dinheiro prometido.

“Senhor Deus, lembra-Te de mim!”

Dalila fez com que Sansão adormecesse, e chamou um homem o qual cortou a cabeleira do herói. Ela deu o mesmo grito, mas Sansão estava sem a antiga força. Os filisteus o agarraram, furaram seus olhos, prenderam-no com duas correntes e o jogaram na prisão para girar a mó do moinho.

Afirma Fillion que esse trabalho era considerado humilhante, além de ser muito penoso, reservado ordinariamente aos escravos e às mulheres (cf. Ex 11,5). E esclarece que os cabelos de Sansão não eram senão um símbolo de sua força sobrenatural dada por Deus, a qual lhe foi retirada logo depois da violação completa e exterior do voto que ele fizera ao Criador.

Com o passar do tempo, cresceram os cabelos de Sansão.

Os filisteus, certo dia, promoveram grande festa para oferecer um sacrifício ao ídolo Dagon, que era representado pela figura de um homem com cauda de peixe. Para se divertirem, mandaram trazer Sansão, e zombavam dele.

No prédio estavam todos os chefes dos filisteus e cerca de 3.000 pessoas, homens e mulheres. Em certo momento, Sansão pediu ao seu jovem guia que o conduzisse para junto das colunas que sustentavam o edifício, a fim de descansar um pouco.

Então, ele rezou ao Altíssimo: “Senhor Deus, lembra-Te de mim! Dá-me, ó Deus, só mais uma vez a força que eu tinha, para me vingar dos filisteus!” (Jz 16, 28).

Sentindo que Deus lhe restaurara a prodigiosa força, Sansão sacudiu as colunas e o edifício veio abaixo, matando os que nele se encontravam. “E foram muito mais numerosos os que Sansão matou ao morrer, do que os que matara quando vivo” (Jz 16, 30).

Sansão foi juiz de Israel durante 20 anos. Seu túmulo, descoberto no início do século XX, contém a inscrição: “Sepultura de Sansão”.

Escreve Monsenhor Cauly: Sansão foi um “homem extraordinário, prefigura do Messias por seu nascimento miraculoso, pelo prodígio de seu poder e de sua força, pelo heroísmo de sua morte e a libertação que dela decorreu.”

Sansão foi um juiz de Israel que lutou

sozinho contra os filisteus, pois o povo israelita, “acovardado, não se atrevia a fazer com ele causa comum.” Devido a essa grave ofensa a Deus, os hebreus, após a morte de Sansão, sofreram calamidades entre as quais a quase extinção da tribo de Benjamin. Em razão de um hediondo pecado com o qual se solidarizaram os benjaminitas, os membros das outras tribos guerrearam contra eles, ocasionando a morte de 25.000 benjaminitas.

ue Maria Santíssima nos obtenha a graça de utilizarmos os dons que recebemos unicamente para a glória de Deus e da Santa Igreja, para desse modo praticarmos a virtude da restituição.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (44))

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 167.
2 – Apud FILLION, Louis-Claude. Ibidem, p. 167.
3 – Idem, ibidem, p. 170.

4 – Cf. FILLION, Louis-Claude. Ibidem, p. 172.
5 – CAULY, Eugène Ernest. Cours d’instruction religieuse – Histoire de la Religion et de l’Église.4. ed. Paris: Poussielgue. 1894, p.92.

6 – FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.279.

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