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Samuel inicia a era dos grandes profetas

Redação – (Terça-feira, 22/09/2015, Gaudium Press) – Depois da morte de Sansão, tornou-se Juiz de Israel Eli, que também era sumo sacerdote, ou seja, “governou o povo nas coisas temporais e espirituais”.[1]

Promessa de Ana

Nas montanhas de Efraim vivia uma virtuosa mulher chamada Ana, casada com Elcana, mas não tinha filhos por ser estéril.

Para louvar a Deus e pedir que tivesse um filho, Ana foi com seu marido a Silo, onde se encontrava a Arca da Aliança. Entre lágrimas, ela fez ao Altíssimo a promessa:

“Senhor dos exércitos, se olhares para a aflição de tua serva e de mim Te lembrares, se não Te esqueceres de tua escrava e lhe deres um filho homem, eu o oferecei a Ti por toda a vida” (I Sm 1, 11).

Nota-se que Ana fez um pedido tendo em vista, não seus próprios interesses, mas única e exclusivamente a glória de Deus.

Pela primeira vez aparece na Sagrada Escritura as palavras “Senhor dos exércitos”. Elas voltarão a surgir mais de 260 vezes no Antigo Testamento, e duas no Novo. Esses exércitos do Senhor são os Anjos[2]. Mas em alguns casos, referem-se aos exércitos de Israel[3].

Posteriormente, a expressão “Senhor dos exércitos” muitas vezes foi traduzida como “Deus do universo”.[4]

Passado o tempo devido, Ana deu à luz um filho que recebeu o nome de Samuel.

Moleza de Eli

Quando Samuel completou três anos de idade[5], Ana levou-o a Silo e o entregou nas mãos do Sumo Sacerdote Eli. Depois entoou um belíssimo cântico, que terminava com as seguintes palavras:

“O Senhor faz tremer seus inimigos, troveja sobre eles desde os céus. O Senhor julga até os confins da Terra. Ele dá fortaleza a seu rei, eleva a força do seu ungido” (I Sm 2, 10).

Compreenderemos o sentido dessas frases quando tomarmos conhecimento dos fatos que serão narrados a seguir.

Os filhos de Eli, também sacerdotes, eram péssimos e, entre as iniquidades que cometiam, roubavam partes das carnes oferecidas em sacrifícios a Deus pelos israelitas. Mas o menino Samuel levava intensa vida de piedade e “crescia na presença do Senhor” (I Sm 2, 21).

Ele usava uma casula de linho, e cada ano sua mãe lhe trazia uma nova túnica que ela mesma fazia.

Eli ficou sabendo dos atos hediondos praticados pelos seus dois filhos, os quais inclusive pecavam com as mulheres que serviam à entrada da Tenda do Encontro, dentro da qual ficava a Arca da Aliança. E censurou-os molemente.

Certo dia, um homem de Deus foi ao encontro de Eli e o repreendeu duramente devido a sua complacência diante do mal, comunicando-lhe que assim falara o Senhor: “Por que honras mais teus filhos do que a Mim?” (I Sm 2, 29).

Praesto sum

O jovem Samuel servia a Deus, sob as ordens de Eli, o qual em razão da idade já não enxergava bem.

Certa ocasião, tarde da noite, quando Samuel estava dormindo no santuário do Senhor, onde se encontrava a Arca da Aliança, Deus o chamou: “Samuel, Samuel!” O jovem respondeu: “Estou aqui”- praesto sum, em latim -, correu para junto de Eli e lhe disse: “Tu me chamaste, aqui estou”.

Eli respondeu que não o havia chamado, e pediu que Samuel voltasse a dormir.

Isto se repetiu mais duas vezes, mas na terceira Eli, compreendendo que era um chamado de Deus, recomendou a Samuel que voltasse ao seu repouso e, se alguém o chamasse, deveria responder: ‘Fala, Senhor, que teu servo escuta!”

Samuel assim o fez, e o Altíssimo então lhe disse que a casa sacerdotal de Eli “seria condenada para sempre por causa da iniquidade, pois ele sabia que seus filhos ofendiam a Deus e não os repreendeu” (I Sm 3, 13).

Ao raiar da aurora, Samuel despertou, mas temia transmitir a Eli as terríveis palavras que ouvira durante a visão que tivera. Entretanto Eli lhe ordenou que lhe contasse tudo o que o Senhor lhe dissera. E ele prontamente obedeceu.

Deus estava com Samuel

Ao ouvir as terríveis palavras transmitidas por Samuel, Eli apenas afirmou: “Ele é o Senhor! Que faça o que Lhe parecer bom!” (I Sm 3, 18). “É de admirar a indiferença de Eli ao ouvir a pena imposta; seria mais desejável que expressasse sua dor por causa dela”[6]. Isso mostra o lamentável estado de alma em que se encontrava o Sumo Sacerdote.

“Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava sem efeito nenhuma de suas palavras”, ou seja, as cumpria com seriedade. “Todo o Israel […] reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor” (I Sm 3, 19-20).

Com Samuel, começa a era dos grandes profetas, conforme afirmou São Pedro no Templo, após ter curado o coxo de nascença (cf. At 3, 24).
E Deus continuou a se manifestar a Samuel em Silo.

Peçamos à Virgem Santíssima a graça de não nos deixarmos influenciar pelos maus exemplos que todos presenciamos, e sermos inteiramente fiéis aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (46))

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1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.99.
2 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923,
v.II , p. 215-216.
3 – Cf. BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo:
Canção Nova. 2008. Nota na p 306.
4 – Idem, ibidem. Nota na p 306.
5 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923,
v.II , p. 218.
6 – FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las
lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p 294.

[4] Idem, ibidem. Nota na p 306.

[5] Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 218.

[6] FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p 294.

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