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Santos Anjos Custódios

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Redação (Sexta-feira, 02-10-2015, Gaudium Press) Ao falar sobre os anjos, com muita facilidade vem-nos à mente a clássica representação de um misterioso jovem de bela aparência, trajando uma longa e alva túnica. Não podemos considerá-la uma imagem errada, visto que nas próprias Escrituras eles são assim figurados, como por exemplo, no episódio de Tobias.

Já em nossa época, as aparições de Fátima foram precedidas de algumas intervenções angélicas. O Anjo da Paz apareceu três vezes aos pastorinhos e foi assim descrito mais tarde pela Irmã Lúcia, uma das videntes: “Começamos a ver (…) uma luz mais branca que a neve, com a forma de um jovem transparente, mais brilhante que um cristal Santos Anjos Custódios 2.JPGatravessado pelos raios do sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições: um jovem dos seus 14 a 15 anos, de uma grande beleza. Estávamos surpreendidos e meio absortos.” A descrição da Irmã Lúcia pouco revela a respeito dos seres angélicos, apenas aumenta o mistério que os cerca.

Mesmo na Sagrada Escritura, não há elementos precisos sobre sua natureza e atributos; o que se conhece é deduzido de sua atuação, nas missões a eles confiadas por Deus junto aos homens.

Quem são, afinal, os anjos? Que predicados possuem? A resposta, nós a encontramos nos escritos de um dos autores que mais a fundo tratou do assunto: São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. Com base em sua doutrina, vejamos algumas das interessantes questões relativas aos anjos.

Os anjos são mais numerosos que os homens?

Ao criar, Deus teve em vista “a perfeição do Universo como finalidade principal” , pois tinha intenção de espelhar o supremo Bem, ou seja, Ele mesmo. Por isso, fez em maior número os seres mais elevados. E os espíritos celestes, os quais superam em dom e qualidade qualquer ser corporal, foram criados em tal quantidade que, perto deles, todas as estrelas do firmamento não passam de um punhadinho de pedras preciosas.

Todos os homens – desde Adão até o último a nascer no fim do mundo – são poucos em relação às miríades de puros espíritos que espelham tão perfeitamente o Criador dos homens e dos anjos. É com grande veracidade que Dionísio confessou humildemente: “Os exércitos bem-aventurados dos espíritos celestes são numerosos, superando a medida pequena e restrita de nossos números materiais”.

Os anjos são todos iguais?

Segundo o Doutor Angélico, as criaturas devem representar a bondade de Deus. Mas nenhuma criatura – nem sequer Maria Santíssima! – é capaz de representar suficientemente toda a bondade divina. Por isso, Ele criou múltiplos e distintos seres. Assim, cada indivíduo representa um aspecto diferente do Bem Supremo, e um suprirá aquilo que no outro não se encontra..

Os seres criados – se postos em escala, de inferior a superior – formam uma imensa cadeia, onde o conjunto de diversos graus, cada qual mais requintado, dá uma noção mais completa e arquitetônica da Suma Perfeição do que qualquer um deles individualmente.

Ademais, na medida em que as criaturas se aproximam do Bem Supremo, as diferenças entre elas se multiplicam, para melhor espelhar a riqueza infinita dos dons de Deus. Deste modo, a extrema variedade do mundo angélico supera tanto a do mundo físico que este, comparativamente, parece empalidecido, pobre e até monótono! Entre os anjos, não há indivíduos semelhantes, agrupados em famílias ou raças, como ocorre no gênero humano. Cada um difere do outro, como se fossem espécies diversas.

São Tomás de Aquino, baseando-se nas Escrituras, divide-os em três hierarquias e nove coros: “Isaías fala dos Serafins; Ezequiel, dos Querubins; Paulo, dos Tronos, das Dominações, das Virtudes, das Potestades, dos Principados; Judas fala dos Arcanjos, enquanto o nome dos Anjos está em muitos lugares da Escritura”.Santos Anjos Custódios 3.JPG

Enquanto São Dionísio explica a divisão da hierarquia angélica em função de suas perfeições espirituais, São Gregório o faz de acordo com seus ministérios exteriores: “Os Anjos são aqueles que anunciam as coisas menos importantes; os Arcanjos, os que anunciam as mais importantes; as Virtudes, por elas se realizam os milagres; as Potestades, pelas quais se reprimem os maus poderes; os Principados, que presidem os próprios espíritos bons”.

De que modo os anjos podem influenciar os homens?

Os anjos podem influenciar profundamente os homens, embora o façam sempre discretamente, pois a humildade também é uma virtude angélica. Quantas vezes, uma boa inspiração tem origem num anjo! Ou quando o pressentimento de algum perigo grave leva a pessoa a tomar medidas e escapar de um acidente ou livrar-se de um grande dano, certamente foi algum solícito anjo que zelou pelo bem de seu protegido.

Mas os anjos exercem um importante papel, sobretudo no que diz respeito à fé, como nos ensina o Doutor Angélico: “Dionísio prova que as revelações das coisas divinas chegam aos homens mediante os anjos. Essas revelações são iluminações. Portanto, os homens são iluminados pelos anjos”.

“Pela ordem da Divina Providência – continua São Tomás – os inferiores se submetem às ações dos superiores. Assim como os anjos inferiores são iluminados pelos superiores, assim os homens, inferiores aos anjos, são por eles iluminados. (…) Por outro lado, o intelecto humano, enquanto inferior, é fortalecido pela ação do intelecto angélico”.

É verdade que tenho um anjo da guarda para me proteger?

Ao tratar deste ponto, o Doutor Angélico cita o comentário de São Jerônimo às palavras do Divino Mestre: “seus anjos [dos pequeninos] no Céu contemplam sempre a face de meu Pai” (Mt 18, 10). “Grande é a dignidade das almas – afirma São Jerônimo -, pois, ao nascer, cada uma tem um anjo delegado à sua guarda” (9). Assim, cada homem recebe um príncipe da corte celeste que nunca o abandona, por mais culposas ou pavorosas que sejam as situações pelas quais passe. Tal como se reza na conhecida oração ao anjo da guarda (Santo Anjo do Senhor) ele rege, guarda, governa e ilumina o seu protegido. O anjo ilumina o homem para incliná-lo ao bem ou comunicar-lhe a vontade divina e o protege contra os assaltos do demônio. Sobretudo, o anjo continua sempre na presença de Deus, mesmo estando ao lado de seu protegido, intercedendo continuamente por ele.

Ele nos quer todo o bem

Provavelmente, quase todos nós aprendemos em casa, ou nas aulas de catecismo, a clássica oração: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém”. Apesar disso, talvez tenha escapado alguma vez de nossos lábios uma pergunta, repassada mais de admiração do que de dúvida: “Então eu tenho mesmo um anjo incumbido por Deus de cuidar de mim?” É realmente admirável o fato de cada um de nós possuir um anjo cuja missão específica é favorecer-nos em tudo quanto se relacione com nossa salvação eterna, mas é essa a realidade: Deus “os fez mensageiros de seu projeto de salvação”, afirma o Catecismo da Igreja Católica. E diz São Paulo: “Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, o qual lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?” (Hb 1,14).

“Grande é a dignidade das almas – exclama São Jerônimo -, quando cada uma delas, desde a hora de seu nascimento, tem um anjo destinado para sua custódia!” É muito reconfortante saber que um ser superior à nossa natureza está continuamente a nosso lado; que ele, puro espírito, mantém-se na contemplação incessante de Deus e, ao mesmo tempo, vela por nós, quer-nos todo o bem, e seu objetivo é levar-nos para a felicidade perfeita e infindável do Céu.

Quando nos damos conta da presença desse incomparável guardião, estabelecemos com ele uma amizade firme e íntima, como descreve o grande escritor francês Paul Claudel: “Entre o anjo e nós existe algo permanente.

Há uma mão que, ainda quando dormimos, não solta a nossa. Sobre a terra onde nos encontramos, compartilhamos o pulso e o latejar do coração desse irmão celeste que fala com o nosso Pai”. Se tivéssemos maior confiança nesse celeste protetor, nesse bom amigo que nunca falha – ainda quando dele nos afastamos, por nossa má conduta -, seríamos capazes de recobrar a paz e o equilíbrio dos quais tanto precisamos!

Eles estão a nosso lado, incansáveis, solícitos, bondosos

A Bem-Aventurada Hosana Andreasi, de Mântua (Itália), ainda com seis anos de idade, tomara o gosto de passear pelas margens do Rio Pó, extasiada com a beleza do panorama. Um dia encontrava-se sozinha nesse lugar, quando de repente viu surgir diante de si um belo jovem, alto e forte. Nunca o havia visto antes… Surpresa, mas não amedrontada, ouviu o recém-chega chegado dizer com voz clara, ao mesmo tempo suave e firme: “A vida e a morte consistem em amar a Deus”. Sua surpresa aumentou quando o “jovem” a ergueu do chão e, olhando-a diretamente nos olhos, acrescentou: “Para entrar no Céu, você precisa amar muito a Deus.Santos Anjos Custódios 4.JPG

Ame-O. Tudo foi criado por Ele, para que as pessoas O amem”. Foi este o primeiro de numerosos encontros que Hosana teve, até seu falecimento (em 1505), com seu Anjo da Guarda.

Casos como esse, de relacionamento intenso com os anjos, não são nada raros. Santa Gemma Galgani (1878- 1903), por exemplo, teve a constante companhia de seu anjo protetor, com quem mantinha um trato familiar. Ele lhe prestava todo tipo de ajuda, até mesmo levando suas mensagens para seu confessor, em Roma. Ainda mais próximos de nós, encontramos os episódios freqüentes ocorridos com São Pio de Pietrelcina (1887-1968), grande incentivador da devoção aos Anjos da Guarda. Em diversas ocasiões ele recebeu recados dos Anjos da Guarda de pessoas que, à distância, necessitavam de algum auxílio dele.

O Beato João XXIII, outro grande devoto dos anjos, dizia: “Nosso desejo é que aumente a devoção ao Anjo Custódio”. Nossos anjos guardiães estão ao lado de cada um de nós, incansáveis, solícitos, bondosos, prontos para nos ajudar em tudo quanto precisarmos – inclusive em nossas necessidades materiais, mas especialmente para nos proporcionar os bens espirituais, auxiliando- nos a caminhar na via da virtude.

Estimado leitor, queira Deus que esses pensamentos, tirados da Revelação e do tesouro da Santa Igreja, possam nos ajudar a nos tornarmos mais próximos desses fiéis amigos celestiais, consolando-nos e animando- nos. E aumentar nossa vontade de conhecê-los sem os sagrados véus da fé, quando nos encontrarmos lá no alto, no Reino dos Céus.

Os outros anjos …

Além dos Anjos da Guarda, outros espíritos angélicos vagam pela terra e têm um extremo interesse em nós… para nossa perdição: os demônios, anjos decaídos, que outrora faziam parte da corte celestial. Revoltando- se contra Deus, passaram a trabalhar com um objetivo diametralmente oposto àquele para o qual Ele os criou. Sua preocupação única e obsessiva é a de nos fazer perder a possibilidade de contemplarmos a Deus por toda a eternidade. A isso os movem o ódio a seu Criador, cujo plano para a humanidade desejam obstruir, e a inveja do gênero humano, pois somos capazes de alcançar aquela felicidade eterna que eles perderam para sempre.

Se os demônios tanto nos perseguem, por que não recorrermos ao Anjo da Guarda, pedindo sua proteção? Certamente, crescer no relacionamento com ele significará estar mais defendido das ações dos espíritos malignos, e ser mais ajudado na luta contra as tentações.

Diz São João da Cruz: “Os anjos, além de levar a Deus notícias de nós, trazem os auxílios divinos para nossas almas e as apascentam como bons pastores (…) amparando-nos e defendendonos dos lobos, os demônios”. Confiando-nos inteiramente aos nossos Anjos da Guarda, não precisamos temer os demônios. Afinal, estes últimos nada conseguem contra o poder daqueles.

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