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O jovem Davi extermina um gigante

Redação – (Segunda-feira, 16/11/2015, Gaudium Press) – Devido a seus graves pecados, Saul foi tomado por um espírito deprimente que lhe produzia “frequentes acessos de melancolia ou de furor”.[1]

Música harmoniosa expulsa o espírito maligno

A fim de afastar esse mal, um dos oficiais de Saul sugeriu-lhe que alguém lhe tocasse cítara. E acrescentou que conhecia um filho de Jessé, chamado Davi, o qual, além de tocar muito bem, era “um homem valente, hábil no combate” (I Sm 16, 18).

Davi foi trazido à presença de Saul, que o fez seu escudeiro. E sempre que a perturbação acometia Saul, “Davi tomava a cítara e tocava. Saul se acalmava, sentia-se melhor e o espírito deprimente o deixava” (I Sm 16, 23).

Afirma São João Bosco que a melodia do canto e a música harmoniosa de Davi expulsavam “o espírito maligno que perturbava Saul”.[2]

Enquanto a música cacofônica prejudica a alma e também o corpo, a música harmoniosa beneficia a saúde espiritual e física; e pode até mesmo, como o gregoriano, ter efeito exorcístico.

Após algum tempo, Davi foi mandado de volta para sua casa.

A couraça do gigante pesava mais de 50 quilos

Certo dia, os filisteus mobilizaram-se para fazer guerra contra os hebreus. “Separados por um vale, os filisteus tomaram posição sobre um monte de um lado, e Israel sobre outro monte, do lado oposto” (I Sm 17, 3).

Avançou, então, um filisteu chamado Golias. Tinha ele “uns três metros de altura, trazia na cabeça um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze, que pesava mais de 50 quilos. Usava perneiras de bronze e um dardo de bronze” (I Sm 17, 4-6); portava também uma enorme espada. E à sua frente, andava seu escudeiro.

Chegando a certo ponto, Golias gritou aos israelitas: “Escolhei um dentre vós para me enfrentar numa luta a dois! Se ele conseguir lutar comigo até matar-me, seremos vossos escravos. Mas se eu o vencer e matar, então sereis vós os nossos escravos” (I Sm 17, 8-9).

Os hebreus ficaram apavorados. Durante 40 dias, pela manhã e pela tarde, Golias dizia essas palavras, mas nenhum israelita ousava enfrentá-lo.

Santa indignação do jovem Davi

Jessé mandou Davi levar alimentos para seus irmãos, que estavam acampados no monte com as tropas de Saul. Ao chegar ao local, ele ouviu aquelas provocações e indignou-se contra o filisteu.

Sabendo disso, Saul ordenou que Davi viesse à sua presença, e houve entre ambos o diálogo (cf. I Sm 17, 32-37):

– Ninguém deve desanimar por causa desse filisteu! Eu, teu servo, vou lutar contra ele.

-Tu és ainda um menino, e ele, um homem de guerra desde a sua juventude.

– Eu cuidava do rebanho do meu pai. E quando um leão ou urso pegava algum carneiro, eu os perseguia e matava, tirando-lhes a presa da boca. Assim como matei animais ferozes, farei o mesmo com esse filisteu que se atreveu a insultar as fileiras do Deus vivo. O Senhor, que me livrou das garras do leão e do urso, me salvará das mãos desse filisteu.

Então, Saul afirmou:

– Vai, e que o Senhor esteja contigo.

Enfrenta Golias em nome do Senhor dos exércitos

Saul revestiu Davi com sua própria armadura, mas o jovem não conseguia andar com ela; tirou-a, tomou seu cajado e foi até um riacho onde escolheu cinco pedras bem lisas, guardando-as no seu bornal de pastor. E, tendo sua funda na mão, caminhou em direção a Golias.

Ao ver Davi, o filisteu disse-lhe: “Sou por acaso um cão, para vires a mim com um cajado?” Depois de amaldiçoá-lo, Golias acrescentou: “Vem, eu vou dar tuas carnes às aves do céu e às feras da terra!”

Davi, então, deu-lhe esta bela resposta: “Tu vens a mim com espada, lança e dardo; eu, porém, vou a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus das fileiras de Israel, que tu insultaste! Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos, e eu te abaterei e te cortarei a cabeça, e darei o teu cadáver e os do exército dos filisteus às aves do céu e às feras da terra, para que toda a Terra saiba que há um Deus em Israel” (ISm 17, 43-46).

O cajado simboliza a Cruz e as cinco pedras, as chagas do Redentor

Golias marchou em direção a Davi, e este correu para enfrentá-lo. Apanhou uma pedra que estava em seu bornal e, com a funda, atirou-a com tanta força e pontaria, que ela se encravou na testa do filisteu, o qual caiu com o rosto em terra. Então, Davi arrancou da bainha a espada do gigante e lhe cortou a cabeça.

Davi simboliza Nosso Senhor, e Golias, o demônio. Comenta Santo Agostinho[3] que Davi tomou seu cajado e Cristo carregou a Cruz. As cinco pedras, segundo alguns autores, representam as chagas do Redentor. Com sua Paixão e Morte, Jesus venceu o demônio.

Vendo morto seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram. Os israelitas os perseguiram e fizeram grande matança. Davi enviou a espada do gigante ao Santuário de Deus (cf. I Sm 21, 10). E posteriormente levou a cabeça de Golias a Jerusalém (cf. I Sm 17, 54). Davi foi, então, levado à presença de Saul, tendo “ainda na mão a cabeça de Golias. Saul perguntou-lhe: ‘Quem é o teu pai, moço?’ Davi respondeu: ‘Eu sou filho de Jessé de Belém, teu servo'” (I Sm 17, 57-58).

Peçamos a Maria Santíssima a virtude da fortaleza, certos de que Ela nos dará a vitória contra os inimigos da Santa Igreja de Deus.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (50))

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II ,
p.276.
2 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.104.
3 – Cf. CORNELIO A LÁPIDE. Commentarii in Sacram Scripturam. Lyon: Pelagaud et Lesne. 1840.
v. II, p.326.

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