Exemplo de verdadeira amizade

Redação – (Terça-feira, 01/12/2015, Gaudium Press) – Jônatas, filho de rei, foi um varão que admirou desinteressadamente o valoroso Davi, simples pastor. Ambos fizeram um pacto, em nome de Deus, virtude, nob,

Fugindo do ímpio Saul que tencionava matá-lo, Davi foi encontrar-se com Jônatas, que possuía grande estima pelo heroico filho de Jessé.

Encontro de Davi com Jônatas

Na conversa que mantiveram, Jônatas ficou convencido de que realmente seu pai queria matar Davi. Então, ambos fizeram uma renovação solene do pacto de amizade “em nome do Senhor”. E, prevendo o glorioso futuro de Davi, Jônatas acrescentou: “Mais tarde, se eu ainda viver, tu certamente me tratarás de acordo com a lealdade do Senhor. Mas, se eu morrer, não negarás tua lealdade à minha casa, mesmo quando o Senhor exterminar um por um os inimigos de Davi” (I Sm 20, 14-15).

A respeito da amizade entre Davi e Jônatas, escreve São João Bosco: “A estima era recíproca e nunca diminuiu por qualquer adversidade, porque era sincera e baseada na virtude. Um era de estímulo para o outro na prática do bem. Reciprocamente se animavam à prática de boas obras e a outras empresas dignas de homens valorosos e tementes a Deus. Exemplo bem digno de ser imitado principalmente pelos jovens, que deveriam escolher por amigos somente pessoas virtuosas”.

Então, os dois amigos se separaram e apenas se reviram uma vez, antes da morte de Jônatas (cf. I Sm 23, 16-18).

Pães da oferenda que somente os sacerdotes podiam comer

E Davi fugiu, juntamente com alguns de seus servos. Dirigiram-se até Nob, onde se encontrava o Tabernáculo e a Arca da Aliança; aí residiam o sumo sacerdote e certo número de sacerdotes. E Davi pediu ao sumo sacerdote Aquimelec pães para comer.

Aquimelec respondeu-lhe que somente possuía pães consagrados, e, devido à fome que Davi e seus servos padeciam, deu-os para comer.

Esse fato foi citado por Nosso Senhor para censurar os fariseus, que criticavam os seus discípulos por terem arrancado, num dia de sábado, espigas de trigo a fim de se alimentarem. Disse-lhes o Redentor: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele teve fome e seus companheiros também? Ele entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda, que nem a ele, nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes?” (Mt 12, 3-4).

E Davi perguntou a Aquimelec se ali havia alguma lança ou espada, pois ele nem tivera tempo de pegar suas armas. Respondeu o sacerdote que guardava a espada de Golias, com a qual Davi matou o gigante. E Davi afirmou: “Não existe outra melhor. Dá-me a espada!” (I Sm 21, 10).

Davi faz-se de louco..
.
Continuando sua fuga, Davi chegou à casa do rei de Gat para pedir asilo. Mas os servos do monarca disseram que ali estava Davi, a respeito do qual as mulheres hebreias cantavam: “Saul matou aos milhares, Davi às dezenas de milhares”.

Davi, ouvindo essas palavras, teve medo de ser morto pelo rei. Então, “apresentou-se a eles alterado, comportando-se qual louco […], tamborilando nos batentes das portas e deixando correr saliva pela barba” (I Sm 21, 14).

Assim, Davi conseguiu escapar e refugou-se na caverna de Odolam. Quando seus parentes souberam disso foram ao encontro dele. E “com Davi agruparam-se todos os miseráveis […] e descontentes, Ele tornou-se o seu chefe. Eram cerca de 400 homens” (I Sm 22, 2).

Então, Davi dirigiu-se ao rei de Moab e pediu-lhe que seus pais ficassem morando em sua casa, até que sua situação se tornasse mais estável. E o régulo consentiu.

O profeta Gad foi ao encontro de Davi e disse-lhe: “Não fiques no teu refúgio. Parte e vai para a terra de Judá” (I Sm 22, 5). Ele, então, se retirou com seus soldados e dirigiu-se para o bosque de Haret.

Massacre de 85 sacerdotes e de todos os habitantes de Nob

Saul chamou seus oficiais para saber do paradeiro de Davi, e um deles disse-lhe que vira o “filho de Jessé” na casa do sacerdote Aquimelec, o qual “lhe deu provisões, entregando-lhe também a espada do filisteu Golias” (I Sm 22, 10).

Mandando chamar Aquimelec e sua família, bem como todos os sacerdotes de Nob, Saul perguntou ao sumo sacerdote porque dera pães e espada a Davi, que estava se insurgindo contra Saul.

Aquimelec respondeu: “Quem, entre todos os seus servos, é mais fiel que Davi, genro do rei, chefe de teus homens, estimado por toda a tua casa?” (I Sm 22, 14).

Então, Saul mandou a seus oficiais que matassem Aquimelec e todos os outros sacerdotes, mas eles “recusaram-se a levantar a mão contra os sacerdotes do Senhor” (I Sm 22, 17). Ébrio de ódio contra os justos, Saul ordenou a Doeg – o qual estivera na casa de Aquimelec, quando Davi pediu-lhe alimento – que fizesse a carnificina. E ele “matou naquele dia 85 homens que vestiam as insígnias sacerdotais”. Depois, servos de Saul dirigiram-se à cidade sacerdotal de Nob, onde “homens e mulheres, crianças e recém-nascidos, bois, asnos e ovelhas foram passados ao fio da espada” (I Sm 22, 18-19).

Salvou-se apenas o sacerdote Abiatar, o qual foi ao encontro de Davi que lhe proporcionou segurança.

Peçamos a Maria Santíssima a graça de somente termos por verdadeiros amigos aqueles que seriamente almejam a santidade e a glorificação da Santa Igreja.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (52))

……………………..

1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.104.
2 — Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 298.