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Zika Virus: instrumento para promover abortos?

Brasília (Sexta-feira, 05/02/2016, Gaudium Press) – O mosquito Aedes Aegypti, tem tomado conta das atenções e preocupações de todos.

A mídia, em geral, coloca o mosquito em suas manchetes. E ele tem sido personagem importante de noticiários e comentários a todo instante.

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O motivo para tanto alarde é razoável. A população precisa conhecer a gravidade da proliferação do transmissor da dengue, do vírus zika e da chikungunya.

Mas, dentro de tanta “popularidade” do Aedes Aegypti, não é que apareceu gente tão “oportunista” quanto o mosquito…

Eles aproveitaram a ocasião para defender sua esdrúxula ideia: exterminar as vítimas do mosquito seria um modo eficiente de combater o vírus Zika… Aquele mesmo vírus ao qual se atribui a causa do surgimento de uma, como que, epidemia de microcefalia.

Explicando o injustificável, os defensores dessa ideia “raciocinam” assim:

-As gestantes picadas pelo mosquito podem contrair o vírus Zika:

-Contaminando-se com ele, as grávidas podem transmiti-lo a seus bebês ainda em gestação e provocar neles a microcefalia;

-O vírus ainda não tem um antídoto perfeito, a microcefalia também não.

-Portanto, o bebê em gestação contaminando-se e adquirindo a microcefalia será inevitavelmente um futuro estorvo, um filho inútil trazendo trabalhos, cuidados e gastos. Sobretudo gastos…

-Qual a saída que eles excogitaram para o problema?

Pura e simplesmente, eliminar a vítima para deter a proliferação da doença. Promover o aborto dos já infelizes, inocentes e indefesos contaminados.

Mas isso seria uma falsa solução: uma fuga de responsabilidade, se não fosse um genocídio, uma espécie de ação “eugênica”. (JSG)

CNBB

O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos Brasil (CNBB) divulgou uma mensagem sobre esse assunto: o combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, do vírus zika e da chikungunya.

O texto é objetivo e sereno, chama atenção para a gravidade da situação gerada pela proliferação do vírus zika e sua possível ligação com os crescentes números de casos de microcefalia: não provoca pânicos.

Mas os Bispos ressaltam que tal contexto, sem dúvida de enorme gravidade, não “justifica defender o aborto”.

Os Bispos defendem as vítimas.

A Mensagem

A Mensagem do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre o combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, do vírus zika e da chikungunya foi divulgada na quinta-feira e nós a transcrevemos na íntegra:

MENSAGEM DA CNBB SOBRE O COMBATE AO AEDES AEGYPTI

“Tu me restauraste a saúde e me deixaste viver” (Is 38,16b)

O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 3 e 4 de fevereiro de 2016, conclama toda a Igreja no Brasil a continuar e intensificar a mobilização no combate ao mosquito aedes aegyti, transmissor da dengue, do vírus zika e do chikungunya. Com um grande mutirão, que envolva todos os setores da sociedade, seremos capazes de vencer estas doenças que atingem, sem distinção, toda a população brasileira.

Merece atenção especial o vírus zika por sua provável ligação com a microcefalia, embora isso não tenha sido provado cientificamente. A gravidade da situação levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a microcefalia e o vírus zika emergência internacional.

O estado de alerta, contudo, não deve nos levar ao pânico, como se estivéssemos diante de uma situação invencível, apesar de sua extrema gravidade. Tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal num total desrespeito ao dom da vida.

Seja garantida, com urgência, a assistência aos atingidos por estas enfermidades, sobretudo às crianças que nascem com microcefalia e suas famílias. A saúde, dom e direito de todos, deve ser assegurada, em primeiro lugar, pelos gestores públicos. A eles cabe implementar políticas que apontem para um sistema de saúde pública com qualidade e universal. Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano contribui muito ao trazer à tona a vergonhosa realidade do saneamento básico no Brasil. Sem uma eficaz política nacional de saneamento básico, fica comprometido todo esforço de combate ao aedes aegypti.

O compromisso de cada cidadão também é indispensável na tarefa de erradicar este mal que desafia nossas instituições. O princípio de tudo é a educação e a corresponsabilidade. Por isso, exortamos as lideranças de nossas comunidades eclesiais a organizarem ações e a se somarem às iniciativas que visem colocar fim a esta situação. As ações de competência do poder público sejam exigidas e acompanhadas. Nas celebrações, reuniões e encontros, sejam dadas orientações claras e objetivas que ajudem as pessoas a tomarem consciência da gravidade da situação e da melhor forma de combater as doenças e seu transmissor. Com o esforço de todos, a vitória não nos faltará.

Deus, em sua infinita misericórdia, faça a saúde se difundir sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Nossa Senhora Aparecida, mãe e padroeira do Brasil, ajude-nos em nosso evangélico compromisso de promoção e defesa da vida.

Brasília, 4 de fevereiro de 2016
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB (JSG)

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