Quais são os procedimentos necessários para a Quarta-Feira de Cinzas?

Redação (Quarta-feira, 10-02-2016, Gaudium Press) Nos próximos 40 dias, começando a partir desta Quarta-Feira de Cinzas, 10 de fevereiro, os católicos de todo mundo vão destinar parte de seu tempo em momentos de oração e reflexão. A Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa, inicia-se hoje com a Igreja chamando os fiéis a converter-se e a preparar-se para assim viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Semana Santa.

No Missal Romano, a Quarta-feira de Cinza é uma celebração onde é explicado que no final da Missa, são abençoadas as pessoas com a imposição das cinzas obtidas da queima dos ramos usadas no Domingo de Ramos do ano anterior.

Esta tradição de impor as cinzas é oriunda da Igreja primitiva, pois naqueles tempos, as colocavam as cinzas na cabeça para se apresentarem à comunidade. Isto era considerado um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.

Logo, a Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos quase 400 anos depois de Cristo. E a partir do século XI, a Igreja de Roma impõe as cinzas no início deste tempo.

A cinza é vista como um símbolo, sendo que sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Diretório sobre a piedade popular e a liturgia, que descreve:

“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Devem ajudar aos fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal”.

Provida do latim “cinis”, a palavra cinza significa o produto da combustão de algo pelo fogo, e que em pouco tempo, se tornou um sentido simbólico de morte, bem como de humildade e penitência.

A cinza, sendo sinal de humildade, lembra o cristão a sua origem e o seu fim, conforme narrados nas seguintes passagens bíblicas de Gênesis: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).

O ato da imposição das cinzas ocorre ao longo da celebração eucarística, logo após a homilia proferida pelo sacerdote. Atualmente, está permitido que os leigos ajudem o sacerdote.

O processo é caracterizado desta forma: as cinzas são impostas na fronte, em forma de cruz, enquanto o ministro pronuncia as palavras Bíblicas: “és pó e em pó te tornarás” ou “convertam-se e creiam no Evangelho”.

E quando há falta de um sacerdote ou celebrante para a realização do ato, a imposição das cinzas pode ser realizada sem Missa, de forma extraordinária. Contudo, a Igreja Católica recomenda que antes do ato, todos devem participar da liturgia da palavra.

Vale ressaltar ser necessário que a bênção das cinzas, da mesma forma como todo sacramental, somente pode ser feita por um sacerdote ou um diácono.

E quem pode receber as cinzas? Qualquer pessoa. Segundo o Catecismo (1670 ss.) “sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela”.

Para este dia de recebimento das cinzas, é de obrigação o jejum e abstinência – assim como acontece na Sexta-feira Santa -, para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos. Fora desses limites, é opcional.

Além disso, os fiéis podem ter uma refeição “principal” uma vez durante o dia.

Já a abstinência de comer carne é obrigatória a partir dos 14 anos, sendo que todas as sextas-feiras da Quaresma deve ser realizada. (LMI)

Da redação Gaudium Press, com informações ACI