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Papa na Missa de abertura da Quaresma: é tempo de podar a falsidade, mundanidade e indiferença

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 10/02/2016, Gaudium Press) – A Missa de início da Quaresma, com o tradicional rito de imposição das Cinzas, foi presidida pelo Papa Francisco na tarde desta quarta-feira, na Basílica de São Pedro.

Durante a celebração houve o envio dos Missionários da Misericórdia.

Durante sua homilia, o Papa disse que “a Palavra de Deus, no início do caminho quaresmal, faz à Igreja e a cada um de nós dois convites. O primeiro, é o de São Paulo: Deixai-vos reconciliar com Deus.”

O que é Reconciliação?

Francisco responde:

“Não é simplesmente um bom conselho paterno e nem uma sugestão. É uma verdadeira e própria súplica em nome de Cristo.

Vos suplicamos em nome de Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus.

Por que um apelo assim tão solene e sincero? Porque Cristo sabe que somos frágeis e pecadores, conhece a fraqueza de nosso coração, o vê ferido pelo mal que cometemos e sofremos. Ele sabe que precisamos de perdão, sabe que precisamos nos sentir amados para realizar o bem. Sozinhos não somos capazes.

Por isso, o Apóstolo não nos diz para fazer alguma coisa, mas para nos deixar reconciliar com Deus, permitir que Ele nos perdoe, com confiança, porque Deus é maior que o nosso coração.

Ele vence o pecado e nos reergue das misérias, se as confiamos a Ele.

Cabe a nós reconhecer que precisamos de misericórdia. É o primeiro passo do caminho cristão.

Trata-se de entrar pela porta aberta que é Cristo, onde Ele mesmo nos espera, o Salvador, e nos oferece uma vida nova e alegre.”

Blindagem, Vergonha, distanciar da porta

O Papa ensina que podem haver obstáculos que fecham as portas do coração.

Um deles é “a tentação de blindar as portas, ou seja, conviver com o próprio pecado, minimizando-o, justificando-se sempre, pensando em não ser pior que os outros.

Assim, porém, se trancam as fechaduras da alma e se permanece fechado dentro, prisioneiros do mal.

Outro obstáculo é a vergonha de abrir a porta secreta do coração. Na realidade, a vergonha é um bom sintoma, pois indica que queremos nos desligar do mal. Todavia, nunca deve se transformar em temor ou medo”.

Existe um terceiro obstáculo: nos distanciar da porta.

“Isso acontece quando nos enfurnamos em nossas misérias, quando remoemos continuamente, ligando entre si as coisas negativas, até chegar aos lugares mais escuros da alma. Então a tristeza que não queremos nos torna familiar, nos desencorajamos e somos mais fracos diante das tentações. Isso acontece porque permanecemos sós conosco, nos fechando e fugindo da luz, enquanto somente a graça do Senhor nos liberta. Deixemo-nos então reconciliar, ouvindo Jesus que diz a quem está cansado e oprimido: venha a mim. Não permanecer em si mesmo, mas ir até Ele. Ali há descanso e paz”.

Missionários da Misericórdia: abrir as portas dos corações

Estavam presentes na celebração os Missionários da Misericórdia que receberam o mandato de ser sinais e instrumentos do perdão de Deus. As palavras do Papa para eles foram muito específicas:

“Queridos irmãos, que vocês possam ajudar a abrir as portas dos corações, a vencer a vergonha e a não fugir da luz. Que as suas mãos abençoem e reergam os irmãos e irmãs com paternidade. Que através de vocês o olhar e as mãos do Pai pousem sobre os filhos e curem suas feridas”, frisou o Papa.

Foi aqui que o Pontífice tratou do segundo convite de Deus feito por meio do Profeta Joel: ‘Voltem para mim de todo o coração’.

“Se é preciso voltar é porque nos distanciamos. É o mistério do pecado: nos distanciamos de Deus, dos outros e de nós mesmos. Não é difícil se dar conta: Todos vemos como fazemos esforço para ter realmente confiança em Deus, de nos confiar a Ele como Pai, sem medo. Como é difícil amar os outros, em vez de pensar mal deles. Como nos custa fazer o bem verdadeiro, enquanto somos atraídos e seduzidos por tantas realidades materiais que se disperdem e no final nos deixam pobres. Junto desta história de pecado, Jesus inaugurou uma história de salvação. O Evangelho que abre a Quaresma nos convida a ser protagonistas, abraçando três remédios, três medicamentos que curam do pecado”.

Oração, amor verdadeiro e jejum

“Em primeiro lugar a oração, expressão de abertura e confiança no Senhor: É o encontro pessoal com Ele, que encurta as distâncias criadas pelo pecado.

Rezar significa dizer: “Não sou autossuficiente, preciso de você. Você é a minha vida e minha salvação. Em segundo, a caridade para superar a estranheza em relação aos outros. O amor verdadeiro, de fato, não é um ato exterior, não é dar algo de forma paternalista para tranquilizar a consciência, mas aceitar quem precisa de nosso tempo, de nossa amizade e nossa ajuda. É viver o silêncio, vencendo a tentação de nos satisfazer.
Em terceiro lugar o jejum, a penitência para nos libertar das dependências em relação ao que passa e nos treinar para ser mais sensíveis e misericordiosos. É um convite à simplicidade e partilha: tirar algo de nossa mesa e nossos bens para reencontrar o bem verdadeiro da liberdade. “

“Voltem para mim”, diz o Senhor, “de todo o coração”. “Não somente com algum ato exterior, mas do profundo de nós mesmos. De fato, Jesus nos chama para viver a oração, a caridade e a penitência com coerência e autenticidade, vencendo a hipocrisia. “

Podar a falsidade

Francisco foi preciso e objetivo em sua recomendação que concluiu suas palavras:

“Que a Quaresma seja um tempo benéfico para podar a falsidade, a mundanidade e a indiferença; para não pensar que tudo vai bem se eu estou bem; para entender que o que conta não é a aprovação, a busca de sucesso ou consenso, mas a limpeza do coração e da vida; para reencontrar a identidade cristã, ou seja, o amor que serve, não o egoísmo que se serve.

Coloquemo-nos a caminho juntos, como Igreja, recebendo as Cinzas e mantendo fixo o olhar no Crucifixo. Ele, amando-nos, nos convida a nos deixar reconciliar com Deus e a retornar a Ele, para nos reencontrar”. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com Informações RV)

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