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O maior dos reis de todos os tempos

Redação – (Sexta-feira, 12/02/2016, Gaudium Press) – Após a morte de Absalão, Davi voltou para Jerusalém, mas novos sofrimentos o aguardavam. Houve três anos de fome e logo depois os filisteus atacaram os hebreus.

O próprio Rei foi para a batalha contra os inimigos, mas devido a sua avançada idade já não possuía a destreza e a força que sempre o caracterizavam. Vencidos os filisteus, os valentes de Davi disseram-lhe: “Tu não mais sairás conosco para a guerra, para que não se apague a lâmpada de Israel” (II Sm 21, 17).

Recenseamento

Induzido por satanás, que queria prejudicar os hebreus (cf. I Cr 21, 1), Davi mandou fazer um recenseamento para saber quantos homens de guerra havia em seu reino. O resultado foi este: 800.000 em Israel e 500.000 em Judá (cf. II Sm 24, 9).

Em si o recenseamento nada tinha de mau, mas o motivo que orientou Davi foi “o orgulho, a vã satisfação de projetar a seus próprios olhos, e em face das nações vizinhas, o poder de suas armas”.

Sentindo remorso por não ter sido fiel a Deus, o Rei dirigiu-se ao Altíssimo, dizendo: “Cometi um grande pecado, ao fazer o que fiz. Mas perdoa a iniquidade do teu servo, porque procedi como um grande insensato” (II Sm 24, 10).

Instruído por Deus, o Profeta Gad declarou a Davi que sua falta seria castigada, e que o Rei deveria escolher um entre três flagelos: três anos de fome, três meses de derrota diante dos inimigos ou três dias de peste.

Davi escolheu a peste, a qual foi executada por um Anjo; durante três dias, morreram 70.000 homens. Esse terrível castigou aconteceu porque o povo participou do pecado de Davi. E, comenta Fillion, Deus quis mostrar que Ele queria mais a santidade que o grande número de israelitas.
Então, o Rei construiu “um altar ao Senhor e ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão” (II Sm 24, 25); estes últimos eram em ação de graças (cf. Lv 7, 12). Assim, a peste cessou.

Adonias se proclama rei

Outro filho de Davi, Adonias, o primeiro na linha da sucessão, proclamou-se rei, sem que o próprio Davi soubesse.

O Profeta Natã procurou Betsabeia, esposa de Davi, e aconselhou-a – para salvar sua vida e a de seu filho Salomão, pois Adonias procuraria matá-los – que se apresentasse a Davi e lhe recordasse seu juramento de que Salomão seria rei depois dele. E lhe indagasse: “Como, então, Adonias se tornou rei?” E o profeta afirmou que, enquanto ela estivesse falando com Davi, ele entraria para corroborar suas palavras.

Assim foi feito e Davi renovou seu juramento, confirmando que Salomão era seu sucessor. Então, o Profeta Natã e o sacerdote Sadoc, obedecendo às ordens de Davi, ungiram Salomão como rei numa localidade próxima de Jerusalém, e o povo o aplaudiu; ele não tinha ainda 20 anos de idade.
Sabendo disso, os partidários de Adonias fugiram e este se escondeu junto do altar do santuário. Implorou a Salomão que não o matasse; o novo monarca o perdoou e mandou que ele regressasse para sua casa.

Morre Davi

Notando que a morte se aproximava, Davi deu a seu filho Salomão as seguintes instruções: “Sê corajoso e porta-te como um homem. Observa os preceitos do Senhor […]. Assim serás bem sucedido em tudo que fizeres e em todos os teus projetos” (I Rs 2, 2-3).

Recomendou-lhe também que agisse sabiamente com relação aos inimigos internos do reino: Joab, que fora chefe do exército, mas cometeu duplo assassinato; e Semei que havia amaldiçoado Davi, quando este fugia de Absalão. E fosse generoso com aqueles que haviam apoiado Davi por ocasião da revolta de Absalão.

“Os acontecimentos vão demonstrar que as apreensões de Davi eram muito fundadas; Salomão tinha necessidade de virilidade e de sabedoria para se defender contra seus inimigos.”

E, aos 70 anos de idade, Davi entregou sua santa alma a Deus; ele reinou durante 40 anos: sete em Hebron e 33 em Jerusalém.

São João Bosco afirma: “Pela sua piedade, retidão e justiça [Davi] é proposto como modelo de todos os monarcas da Terra.” E o historiador Padre Darras faz os seguintes encômios a Davi:

“Todas as características que constituem a verdadeira grandeza estão reunidas neste homem extraordinário. A doçura, unida à mais enérgica atividade; a ciência do governo, aliada ao gênio das batalhas; o espírito de organização e glória das conquistas; a paciência nos revezes e a moderação nos sucessos; a arte de se fazer amar pelos homens, sem comprometer sua autoridade. Eis aí qualidades que, reunidas, formam um herói. Mas elas não são, por assim dizer, senão acessórios da personalidade de Davi. Um sentimento mais elevado o domina: o da justiça e da piedade. Davi não foi tão grande senão porque ele sempre se considerou como o humilde servidor de Jeová.”

Assim, pode-se afirmar que ele foi “o maior dos reis, não somente do povo de Israel, mas de todos os tempos e de todos os países”.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de compreendermos que, em nossas obras de evangelização, mais importante do que o número é a santidade daqueles com quem fazemos apostolado.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (59))

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(1) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.2, p. 428.
(2) – Cf. FILLION, op. cit. v. 2, p.428.
(3) – Cf. FILLION, op. cit. v. 2, p. 443.
(3) – FILLION, op. cit. v. 2, p. 446.
(4)- SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.113.
(5) – DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours. Paris : Louis Vivès. 1874. v. 2, p.428.
Idem, ibidem, p.338.

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