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Como terá sido a figura pessoal de Nosso Senhor Jesus Cristo?

Redação (Quarta-feira, 23-03-2016, Gaudium Press) Desde os primeiros tempos da era cristã os homens tentam imaginar como teria sido a figura pessoal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Seu porte, seu caminhar, sua fisionomia, seu olhar, sua voz.Como terá sido a figura pessoal de Nosso Senhor Jesus Cristo.jpg

O que se tinha, e também hoje se têm, são meras conjeturas. Incontáveis são as formas em que foi representado Jesus ao longo destes vinte séculos de Cristianismo. Nenhuma pode considerar-se a original. Naqueles tempos não era permitido fazer quadros ou esculturas, a lei impedia aos judeus por temor à idolatria.

Os Evangelhos nada nos trazem sobre sua figura. Tudo nos vem através da arte e da literatura. Jesus nascendo, ensinando, curando, expulsando demônios, acalmando as águas, transfigurado, flagelado, na Cruz, ressuscitado, subindo aos Céus.

Muitos videntes transmitiram que o contemplaram. Mas difícil é descrevê-lo. Dotado de todas as qualidades humanas, era inconcebivelmente belo. As multidões iam atrás dEle, seu atrativo era avassalador. O Salmo 44 o descreve como “o mais belo dos filhos dos homens”. Estas considerações nos levam a imaginar e admirar a figura Divina do Filho de Deus feito homem.

A arte o representou acentuando seja sua doçura, seus momentos de oração, na dor. Tantas maravilhas têm o Senhor Jesus que se faz impossível reconstruir sua personalidade.

Vestia-se como todos seus compatriotas, alheio à ostentação, mas sem desalinho, nunca com a afetação dos fariseus. Com sua túnica, obra das mãos de sua Santíssima Mãe, na cintura uma simples faixa. Seu manto adornado nos extremos com borlas como mandava o Deuteronômio e, em seus pés, uma simples sandália.

Disse o conhecido comentarista dos Evangelhos, Fillion, que “era dotado de um privilégio único: o de ser extraordinariamente santo, extraordinariamente puro, pois o Espírito Santo mesmo o tinha formado no seio da Virgem”. Outros escritores afirmam sua semelhança com sua Santíssima Mãe.

Suas sagradas mãos são as que mais os Evangelhos nos apresentam, apesar de que não as descrevem. Quando acariciava as crianças que lhe apresentavam, quando distribui o pão, mãos que tocam e curam, mãos que fazem um látego para expulsar os vendedores do templo, que param a tempestade, que lavam os pés dos apóstolos, que levantam o cálice na Última Ceia. Mãos… que acabam cravadas na Cruz.

As multidões se admiravam de suas palavras, “todo o povo lhe ouvia pendente de seus lábios” pois “jamais homem algum falou como este homem”. Quando Pedro trata de dissuadir-lhe da Paixão, o increpa: “Aparta-te de mim, Satanás”. Ao recriminar a hipocrisia farisaica de “raça de víboras”. Suas palavras têm a força de exortar indicando o caminho: “Quem quer vir após mim, tome sua cruz e siga-me”. O expressar dor ao dizer: “Jerusalém, Jerusalém!… Quantas vezes quis reunir aos teus filhos como uma galinha reúne sua ninhada sob as asas, e não quisestes!”. No Horto das Oliveiras ao responder “Ego sum” (Eu sou), fazendo cair por terra os algozes. Em sua agonia na Cruz responde a súplica do ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Sua voz tinha os timbres e tonalidades.

Sobre seu sagrado rosto é do que os Evangelhos menos nos relatam. Santo Agostinho confessava: Ignoramos por completo como era seu rosto”. Mesmo tendo a relíquia do Santo Sudário de Turin, na qual se reflete o rosto de Jesus; Assim como também o Véu de Verônica, a mulher que enxugou seu rosto no caminho ao Calvário; se faz difícil considerar como era a fisionomia de Jesus.

Do olhar do Salvador tantos momentos nos relatam os Evangelhos. Quando viu pela primeira vez a Simão: “Tu, te chamarás Cefas”. Ao jovem rico que convidava a seguir-lhe: “Fixando seu olhar nele, lhe amou”. Quando o Sermão da Montanha: “Alçando os olhos aos seus discípulos dizia ‘bem-aventurados…'”. Ao curar a quem tinha a mão paralisada no sábado: “Olhando-lhes com ira (aos fariseus), apenado pela dureza de seu coração”. Ao sentir que alguém o tinha tocado, “olhava ao seu redor para descobrir o que havia feito”, põem seus olhos bondosos sobre a hemorragia, recém-curada. Os vendedores que profanavam o templo fugindo diante do zelo ardente que faiscava de seus olhos e de sua boca, “não façais da casa do meu Pai uma cova de bandidos”.

Eram olhares de bondade, de misericórdia, tristes, doces, até de santa cólera. Memorável foi ao cruzar-se com São Pedro que o tinha traído, o olhou e o Príncipe dos Apóstolos começou a chorar de arrependimento; olhar que expressava palavras de perdão. Destacadamente célebre foi, sem dúvida, quando cruzou seu olhar com o da Santíssima Mãe no caminho do Calvário.

Forçoso nos é renunciar a semelhante dita de ter ao menos um retrato autêntico de Jesus. Somente no Céu nos será dado ver a Jesus cara a cara e conhecer seus sagrados traços e sua personalidade por inteiro. Pois, nos Evangelhos, nem os demais livros do Novo Testamento, nem os escritores eclesiásticos mais antigos -conclui o escritor Fillion- nos transmitiu notícias certas sobre este particular.

Por Padre Fernando Gioia, EP

(Publicado originalmente em www.laprensagrafica.com)

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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