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Arcebispo de La Plata, Argentina, fala da realidade do martírio hoje

La Plata – Argentina (Quinta-feira, 14-04-2016, Gaudium Press) Dom Héctor Aguer, Arcebispo de la Plata, Argentina, falou na televisão no sábado passado sobre a realidade do martírio hoje. Um martírio que é visível em fatos cruentos que são de público conhecimento, mas também daquele que se exerce com “a pressão tremenda, invasiva, de uma cultura descristianizada sobre os cristãos”, cujo efeito “se nota especialmente nos jovens”.Arcebispo de La Plata, Argentina, fala da realidade do martírio hoje.jpg

Dom Aguer explicou que “desde a primeira geração cristã o testemunho de Jesus foi pago, muitas vezes, com sangue. E tem sido pago gozosamente com sangue”, ainda que “não somente houve mártires nas primeiras gerações cristãs mas que houve mártires ao longo da história”.

“No calendário litúrgico da Igreja há, ao longo do ano, numerosas celebrações em honra dos mártires. Desde a primeira geração cristã o testemunho de Jesus foi pago, muitas vezes, com sangue. E foi pago gozosamente com sangue”.

“Se vocês leem, por exemplo, as cartas de Santo Inácio de Antioquia, do final do século I e princípios do século II, verão com que alegria esse homem, levado preso desde sua Antioquia natal até Roma, ia percorrendo as comunidades cristãs e escrevendo cartas a uns e a outros, propondo o martírio como uma forma fundamental, gozosa, de vida cristã, porque é o caminho que seguiu Jesus para chegar à glória. E como digo Santo Inácio de Antioquia poderia citar muitos outros Padres da antiguidade”.

“Mas não somente houve mártires nas primeiras gerações cristãs, mas os houve ao longo de toda a História. Alguns sustentam que Luis XVI, ao que lhe cortaram a cabeça na Praça principal de Paris, era um santo. (…) No século XX houve perseguições atrozes contra a Igreja como por exemplo a do comunismo espanhol, antes e durante a Guerra Civil; também no México aproximadamente na mesma data. Os Papas intervieram ali e recordaram nas encíclicas alusivas acerca disso mostrando que, efetivamente, a Igreja era perseguida até o sangue. E existem mártires hoje em dia também”.

Uma alusão ao recente atentado no Paquistão

“Não sei como haveria que acomodar o conceito de mártires mas seguramente se inteiraram [de] o que ocorreu há pouco no Paquistão onde cristãos que celebravam alegremente a Páscoa foram dizimados pela fúria do Estado Islâmico ou jihadistas ou como se chamem (…) há outros atentados horrendos como o ocorrido recentemente na Bélgica e em tantos outros lugares. Não se sabe como qualificar isso que é um verdadeiro horror de inumanidade”.

Outros tipos de martírios

Continuou afirmando que “existem outros tipos de martírio que a Igreja sofreu sempre e que sofre hoje, martírios incruentos. Me refiro à pressão tremenda, invasiva, de uma cultura descristianizada sobre os cristãos e o efeito se nota especialmente nos jovens. Por exemplo a ânsia de poder e de dinheiro que se exibe impudicamente, a luxúria que aparece nas notícias de espetáculos e na farandola, às vezes com a ridícula mescla de políticos e vedetes e esse tipo de coisas. Tudo isso também é uma espécie de perseguição porque essas coisas atraem, impressionam enormemente, fazem mal enquanto que exibem com audácia, como se fosse normal e bom o que deve ser reconhecido como pecado”.

O Arcebispo platense assinalou que “um dos slogans que mais ouviu é: ‘assim fazem todos’, ‘assim se faz agora’. Se copia, se imita e as modas são implacáveis. Quem resiste também é um mártir, quem pode resistir é um mártir e somente se pode resistir a custo de uma grande fortaleza, não a mera fortaleza psicológica de um varão ou uma mulher. É a fortaleza que vem da graça de Cristo, é a virtude da fortaleza”.

Finalmente afirmou que “esse é o problema que nos é apresentado, mas esse é também o paradigma que corresponde à vida do cristão. Se um cristão, desde o seu Batismo onde tudo começa, não está disposto a dar até o sangue por Jesus Cristo vai chegar um momento em que corre o risco de renegar a Cristo. Se não há uma disposição para o martírio, para este martírio incruento, se não se é capaz de resistir e de opor-se e se prega ao que é contrário ao Evangelho porque o fazem todos, já se corre o perigo de trair ao Senhor. E por que não o faço eu? Porque Jesus me diz que não, porque isso que se propõem o que fazem todos vai contra os 10 Mandamentos, contra o Sermão da Montanha, contra o Evangelho, vai contra o que fizeram os Santos”.

“Consideremos -disse finalmente- o que passa ao nosso redor e, confiando na graça de Deus, preparemos nosso espírito, porque a uns e a outros em uma ocasião importante, ou em uma menor e cotidiana, se nos imporá a necessidade de dar testemunho”. (GPE/EPC)

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