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Elias na Transfiguração de Nosso Senhor

Redação (Segunda-feira, 09-05-2016, Gaudium Press) Após ter atravessado milagrosamente o Rio Jordão, Elias fora arrebatado num carro de fogo, conduzido por cavalos de fogo.

Do Paraíso Terrestre onde se encontra…

Não se tratava de fogo material, mas sim de Anjos, conforme diz o salmista: “Senhor, meu Deus, como és grande! Revestido de majestade e de esplendor […] Fazes dos ventos teus mensageiros, das chamas de fogo teus ministros” (Sl 104, 1.4).
Portanto, como sucedera com Henoc (cf. Gn 5, 24), Elias não morreu, mas foi levado a um local de onde virá no fim do mundo, para cumprir a segunda parte de sua gloriosa missão, conforme consta da profecia de Malaquias: “Eis que Eu vos envio o Profeta Elias, antes que chegue o grandioso e terrível dia do Senhor” (Ml 3, 23).

Cornélio a Lápide sustenta que Elias – como também Henoc – se encontra no Paraíso Terrestre. Realmente, ambos não podem estar sujeitos a doenças e morte, pois virão lutar contra o Anticristo, pouco antes do fim do mundo.

Mas, do lugar onde se encontra, Elias acompanha zelosamente o que acontece nesta Terra, e até mesmo intervém como demonstra o episódio a seguir narrado.

… o Profeta Elias escreve carta ao Rei de Judá

Com a morte de Josafá, Rei de Judá, seu filho primogênito, Jorão, sucedeu-lhe. “Depois de ter subido ao trono do pai e ter-se firmado no poder, Jorão mandou matar pela espada todos os irmãos e também alguns dos notáveis de Israel” (II Cr 21, 4), que poderiam opor-lhe sérios obstáculos.

Ele se casara com a péssima Atalia, filha de Acab – a qual cometeu posteriormente crimes semelhantes aos praticados por Jorão (cf. II Cr 22, 10) -, e mandou construir lugares de culto aos ídolos nas colinas de Judá; assim, “induziu os moradores de Jerusalém à idolatria e levou Judá à apostasia” (II Cr 21, 11).

Portanto os dois reinos, o de Judá e o de Israel, apostataram e se precipitaram na mais vergonhosa idolatria. E o Profeta Elias, que já havia lutado pela fidelidade do reino de Israel, agirá com o mesmo objetivo no reino de Judá.
Certo dia, Jorão recebeu uma carta de Elias, na qual o Profeta dizia:

“Induziste Judá e os habitantes de Jerusalém à idolatria […] e por cima assassinasse teus irmãos […], que eram melhores do que tu. Por isso o Senhor vai fazer cair uma desgraça terrível sobre teu povo, teus filhos, tuas mulheres e sobre todas as tuas propriedades. Tu mesmo ficarás gravemente enfermo de uma doença intestinal, que no decorrer do tempo fará os intestinos saírem” (II Cr 21, 13-15).

“Elias, portanto, escreveu a carta no paraíso [terrestre], para increpar mais rigorosamente o ímpio Jorão e convertê-lo, bem como para deixar patente quanta solicitude ele e os santos têm pelos homens fiéis, mesmo depois desta vida.”

Pouco tempo depois, filisteus e árabes invadiram Judá e levaram todas as riquezas do palácio real, inclusive os filhos do Rei e as mulheres, deixando apenas Joacaz, o caçula dos filhos.

“Depois de tudo isso, Deus lhe mandou uma doença intestinal incurável […]; ao cabo de dois anos, a doença lhe fez sair os intestinos e assim ele morreu com dores horríveis” (II Cr 21, 18-19), realizando-se dessa forma a profecia que Elias escreveu em sua carta.

A glória de Elias

O Profeta Elias teve a honra de aparecer, com Moisés, no Monte Tabor quando Nosso Senhor Se transfigurou. “Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém” (Lc 9, 31).
Moisés representa a Lei Antiga e Elias os profetas. Assim, eles “ratificam que Jesus é o Messias.”

Ensina São Tomás de Aquino: “Cristo quis transfigurar-Se para mostrar sua glória aos homens e para provocar neles o desejo da mesma.”

Quanto a Moisés “foi sua alma que apareceu mediante algum corpo que tomou, como sucede com os Anjos. Mas Elias apareceu com seu próprio corpo”, trazido do Paraíso Terrestre por um Anjo.

Na transfiguração, Cristo quis também “demonstrar que tinha poder sobre a morte e a vida, e que era o Juiz dos vivos e dos mortos, posto que trouxe consigo a Moises, que havia morrido, e Elias, que ainda vive. E que seus discípulos desejassem ardentemente imitar “a mansidão de Moisés e o zelo de Elias”.

Afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Imaginemos todas as glórias que houve na História: os generais que obtiveram as vitórias mais brilhantes; os demagogos aclamados pelas multidões mais estrepitosas; os monarcas que receberam as homenagens mais
reverentes; os sábios que tenham sido objeto de veneração dos homens mais
ilustres e mais admirativos; os Santos diante dos quais se tenham dobrado
as maiores multidões. O que tudo isso representa em comparação com a
glória de Elias ao lado de Nosso Senhor no Tabor?”

E proclama o escritor sagrado: “Quão glorioso te tornaste, Elias, por teus prodígios! […] Bem-aventurados os que te conheceram, e foram honrados com a tua amizade!” (Eclo 48, 4 e 11).

A Igreja declara que Elias é Santo, e sua festa é celebrada em 20 de julho. Que ele nos ajude a enfrentarmos com muita Fé e fortaleza as dificuldades que se apresentam, certos de que a vitória será da Santa Igreja.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada -69-)

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1 – Cf. CORNÉLIO A LÁPIDE. Commentarii in Sacram Scripturam. Lyon: Pelagaud et Lesne. 1841, v. V, p. 985.

2 – CORNÉLIO A LÁPIDE. Idem. 1840, v. II, p. 746.

3 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, v. V, p. 204.

4 – Suma Teológica III, q. 45, a. 3.

5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santo Elias, Profeta. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, n. 148, julho 2010, p. 15.

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