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O Pai é o Rei da Família

Redação (Quinta-feira, 16-06-2016, Gaudium Press) Há um certo tempo, um jovem pai de família me mostrou uma simples anotação, em um pequeno papel, que me havia solicitado depois de uma celebração eucarística, precisamente no dia dos pais há um ano. Estavam escritos ali alguns pontos sobre a importante missão de ser pai de família para eu ter presente na homilia. Isto me levou a preparar este artigo, que ofereço em honra daqueles que, constituindo uma família, a menor comunidade nascida da ordem natural criada por Deus, lhes compete este nobre e sagrado trabalho de serem pais.O Pai é o Rei da Família.jpg

Eram anotações, de meus idos tempos de estudo, de esquemas sobre a família dos famosos professores dominicanos de Santo Estevão de Salamanca (Espanha). Maravilhoso trabalho destes sacerdotes que me digno em trazê-los à luz nestes tempos em que parecem em repouso as consciências de muitos pais de família, como que perderam a compenetração do alto papel que cumprem dentro do seio familiar.

Em qualquer sociedade ou comunidade é necessário que haja uma autoridade, ainda mais na família. É evidente que sem autoridade, se faz impossível a vida familiar. Por direito natural a família tem que ter uma cabeça, uma autoridade forte que a proteja, e que a governe com amor, facilitando a obediência dos filhos, com os quais há um vínculo de união físico.

Assim se pode dizer que o pai é o sustento e ao mesmo tempo o defensor da família. Sustento pois tem a responsabilidade de assegurar o teto, alimento e vestimentas à sua esposa e filhos segundo seu estado ou condição social. “Com o suor de teu rosto comerás o pão” (Gn 3, 19).

O mais belo dos citados comentários -esquemas de há pelo menos 50 anos atrás-, é a visão que fazem do pai de família simbolizado como: “coluna, bigorna e coração”.

“Coluna que sustenta o edifício familiar com as virtudes e o ambiente propício”. Que em sua familiaridade e confiança mútua não fracassará a autoridade hierárquica. Não permitindo-se frivolidades, mas com sã alegria e unidade fará de seu lar uma escola de ensinamentos divinos e humanos.

“Bigorna, porque aguenta e esquiva o contínuo martelo dos inimigos externos, que tentam desmoronar a família”. E vejam que os autores estão falando há meio século! O que dizer nos dias de hoje dos que chama “inimigos” da família, como os maus costumes, as modas, certos meios de comunicação, etc.

“Coração”. Expressando seu amor e autoridade, “abriga aos seus dando-lhes confiança e segurança dentro do lar”.

É assim o pai: guia da família, dirigindo-se o navio do lar. “A ninguém cedas este direito” (Eclo. 33, .20.24), que teu governo seja “com serenidade porque é a cabeça; com firmeza, porque é a primeira força; com amor, porque é a vida da família, e os laços do amor não podem tocar-se sem amor”. E não apenas será guia dirigindo a família, mas também educando aos seus filhos, tanto moral, como psicologicamente -quer dizer, fortalecendo neles sua personalidade- para que saibam amar o bem, e sejam sãos no pensar e no atuar.

Nesse intercâmbio de deveres e direitos, bem sabemos que não apenas os pais tem direitos nem os filhos somente deveres. Todos: pai, mãe, filhos, estão submetidos às santíssimas leis que instituiu o próprio Deus, os Dez Mandamentos. É a educação moral de que são responsáveis os pais, para que seus filhos tenham uma vontade forte, que os impulsione a amar o bem, em ordem à constituição de sua própria personalidade.

Que recebam uma formação religiosa adequada, realizada sobretudo com o exemplo, tendo um efeito mais duradouro que a conquistada pela própria mãe. Os pais devem incentivar a religiosidade, a recepção dos sacramentos, o estudo dos ensinamentos da Igreja. Não devemos esquecer-nos que todo esforço será inútil se não está Deus conosco, pois edificaremos essa “igreja” ou “santuário” doméstico sobre areia e não sobre pedra.

Como representante de Deus na família, a deve dirigir. “Não foi a Maria, mais a José, que o anjo apareceu para ordenar-lhe que fugisse ao Egito, porque ao marido compete dirigir a família”, dizia São Vicente Ferrer.

Que sejam guias no religioso, sobretudo com o testemunho, revestindo o lar de uma agradável religiosidade. Homens religiosos, frequentadores dos sacramentos, cumpridores do preceito dominical, rezadores do Santo Rosário. Serão sempre modelos que marcarão não apenas seu próprio lar, mas também a sociedade que os rodeia. Dizia Pio XII a um grupo de pais de família franceses (16-9-1951) que primeiro, no santuário do lar doméstico, além de prover a conservação, a saúde corporal, intelectual, moral e religiosa, “devem em particular cumprir as obrigações para com Deus, e constituir, com toda a força do termo, uma sociedade cristã”.

“Alta e delicada é a vocação de pai, digna e suave sua tarefa, séria e enorme sua responsabilidade no lar”, muito afirmativamente terminam as recordações dos padres dominicanos de Salamanca. Ser pai exige uma reflexiva e contínua preparação pessoal, pois, ser pai é ser… o rei da família.

Sendo participante do poder criador de Deus, sendo participante do poder conservador de Deus, o pai de família é um representante do próprio Deus, tendo algo de sacerdote, como intermediário que recolhe as súplicas da família.

Queira São José, casto esposo de Maria, pai adotivo de Jesus Nosso Senhor, conceder-lhes consciência e responsabilidade da elevada função a qual foram chamados. É meu especial desejo e felicitação.

Por Padre Fernando Gioia, EP.

(Artigo publicado originalmente em “La Prensa Gráfica”, El Salvador. www.laprensagrafica.com 14-06-2016)

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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