Gaudium news > Ruína dos reinos de Israel e de Judá

Ruína dos reinos de Israel e de Judá

Redação (Terça-feira, 19/07/2016, Gaudium Press) – A fim de melhor compreendermos os acontecimentos que culminaram com o desaparecimento dos reinos de Judá e de Israel, e o cativeiro de Babilônia, apresentaremos uma sintética visão de conjunto da História do povo eleito nesse período trágico.reino dividido.jpg

Como se formou a “raça” dos samaritanos

Na Assíria houve um rei chamado Teglat-Falasar, o qual era um “monarca poderoso, conquistador indomável, que subjugou todos os países situados entre a Média e o Mediterrâneo”.

Um rei de Israel, para evitar que Samaria fosse conquistada, entregou a Teglat-Falasar 30 toneladas de prata. Mesmo assim, o rei assírio invadiu cidades de Israel e levou muitos habitantes para a Assíria (cf II Rs 15, 19.29). E o Rei de Israel foi obrigado a lhe pagar tributo.

Oséias, Rei de Israel, não pagou o tributo e fez aliança com o Egito, contra a Assíria. Então os assírios, após um cerco que durou três anos, tomaram Samaria e seus habitantes foram deportados para a Assíria e cidades da Média (cf. II Rs 17, 3-6; 18, 9-11). Era o ano 721 a. C.

O número de exilados foi de aproximadamente 30.000. “Em seu lugar, implantou-se todo um amontoado de povos trazidos dos quatro cantos do império assírio; ao culto de Javé se misturaram, na Galileia e Samaria, vinte idolatrias. Assim se formou essa raça de ‘samaritanos’, que os judeus do tempo de Jesus terão em execração.”

“Isso aconteceu porque os israelitas pecaram contra o Senhor […], seguiram os costumes dos povos que o Senhor havia expulsado diante deles” (II Rs 17, 7-8). Deus os advertira pelos profetas: “Observai meus mandamentos”, mas eles não os cumpriram; “chegaram a sacrificar seus filhos e filhas no fogo”. Então “o Senhor ficou profundamente indignado contra os israelitas e rejeitou-os para longe de sua face” (II Rs 17, 13.17-18).

Abominações praticadas no Templo de Salomão

Também os reis de Judá enveredaram por péssimos caminhos. Por exemplo, Acaz “chegou a sacrificar seu filho no fogo” (II Rs 16, 3), ou seja, imolou-o ao ídolo Moloc, tentando assim livrar-se dos ataques dos reis da Síria e de Israel. E pediu socorro a Teglat-Falasar, dizendo: “Sou teu servo e teu filho […] salva-me” (II Rs 16, 7) e lhe mandou tesouros do Templo e da casa real. E no Templo praticaram-se abominações idolátricas.

Houve um rei de Judá, chamado Ezequias, que purificou o Templo, reorganizou o culto e mandou destruir todos os altares dedicados aos ídolos.

Senaquerib, rei dos assírios, tomou 46 fortalezas de Judá e ameaçou conquistar Jerusalém. Então o Profeta Isaias mandou dizer a Ezequias que Senaquerib não entraria na cidade santa, pois Deus a protegeria, em atenção a Ele mesmo e a seu servo Davi (cf. II Rs 19, 32-33).

“Naquela mesma noite, o Anjo do Senhor saiu e exterminou no acampamento assírio 185.000 homens” (II Rs 19, 35). Heródoto faz referência a esse fato, embora o desfigurando. E Senaquerib voltou para Nínive.

Com a morte Ezequias, subiu ao trono seu filho Manassés, que foi “o mais ímpio dos reis de Judá”.

Entre outras abominações, ele construiu altares idolátricos no interior do Templo de Salomão, onde introduziu a “prostituição sagrada”; imolou seu próprio filho a Moloc (cf. II Rs 21, 4.6; 23, 7).

Isaias increpou-o devido a seus crimes; por isso, Manassés mandou que ele “fosse serrado ao meio com uma serra de madeira”.

Como castigo desses pecados, Jerusalém, após um cerco de 18 meses, foi tomada por Nabucodonosor II, Rei de Babilônia, em 587 a. C.

Os Profetas, verdadeiros guias do povo

Deus suscitou profetas, quer no reino de Judá quer no de Israel. Eles repreendiam o mau comportamento do povo e dos reis, incitava-os à penitência, indicavam-lhes as vias que deviam seguir para manter a fidelidade ao Altíssimo, e às vezes realizavam milagres. Convém frisar que “profetizar não significa apenas, nem principalmente, prever o futuro, consiste, pelo contrário, em interpretar o presente para saber conduzir os fiéis nas vias da Providência”.

Elias e Eliseu fizeram grandes milagres, mas não escreveram seus oráculos. Mas sob o reino de Josias, Rei de Judá (século IX a. C), começa a série dos profetas cujos escritos foram conservados. Alguns falam dos acontecimentos temporais; outros, de modo simbólico, a respeito do Messias, do estabelecimento da Igreja, de Maria Santíssima etc.

Antes do cativeiro da Babilônia, entre os profetas destacaram-se:

– Isaias, que profetizou a ruína de Jerusalém.

– Jeremias, que, após a tomada de Jerusalém, permaneceu na cidade santa e pronunciou as admiráveis ‘Lamentações’. Depois foi levado pelos judeus para o Egito, onde foi lapidado por seus compatriotas.

Houve também nesse período profetas menores: Oseias, Joel, Amós, Abdias, Miqueias, Naum, Baruc, Sofonias e Habacuc.

Afirma o teólogo Jean-Louis Ska que os grandes personagens da História de Israel são os profetas, e não os chefes militares ou os soberanos. São eles os verdadeiros guias do povo por meio da palavra; os reis, por sua vez, só terão êxito em suas funções na proporção da docilidade com que aceitarem as diretrizes desses porta-vozes de Javé. A causa da ruína dos reinos Norte (Israel) e Sul (Judá) foi o desinteresse por parte dos governantes em ouvir as advertências enviadas por Deus através de seus profetas.

Os profetas são homens muito ligados à vida pública de seu país, tendo, ao mesmo tempo, as suas vistas direcionadas para o porvir. Por não terem ouvido os conselhos dos profetas, os líderes do povo foram os responsáveis pela destruição da nação.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 77)

………………………………………………….

1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, v.II , p. 626.
2 – DANIEL-ROPS. Histoire Sainte – Le peuple de Dieu. Paris: Arthème Fayard. 1942, p.267.

3 – Cf. FILLION, Louis-Claude. Op. Cit. p. 649.
4 – MOLERO, Francisco X. Rodriguez. In LA SAGRADA ESCRITURA – Texto y comentario por profesores de la Compañía de Jesús. Madrid: BAC. 1968, v. II, p.738.
5 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.148

6 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, v. V, p. 407.

7 – CAULY, Eugène Ernest. Cours d’instruction religieuse – Histoire de la Religion et de l’Église.4. ed. Paris: Poussielgue. 1894, p.129.
8 – Iidem, ibidem p. 135.

9 – Cf. SKA, Jean-Louis. O Antigo Testamento explicado aos que conhecem pouco ou nada a respeito dele. São Paulo: Paulus, 2015, p. 68-69.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas