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Um dos sete Anjos que estão diante de Deus

Redação (Segunda-feira, 15-08-2016, Gaudium Press) Pleno de gratidão para com Rafael, Tobias quis recompensá-lo com bens matérias, pois julgava que ele fosse um ser humano. Então, Rafael chamou à parte Tobit e Tobias e afirmou, entre outras coisas:

Cântico profético

“Bendizei a Deus e celebrai-O diante de todos os viventes, por todos os benefícios que Ele vos fez […] Publicai as obras de Deus com a honra que merecem. Os que cometem pecado e iniquidade são inimigos de si mesmos.” E dirigindo-se a Tobit disse: “Quando oravas, tu e Sara, eu apresentei o memorial da vossa prece na presença da claridade do Senhor” (Tb 12, 6.10.12).

E concluiu:

“Eu sou Rafael, um dos sete Anjos santos que assistimos diante da claridade do Senhor e entramos na sua presença” (Tb 12, 15). Ou seja, “um dos espíritos celestes mais elevados em dignidade”(1), que são citados no Apocalipse (cf. Ap 1, 4; 8, 2).

Quando ouviram isto, ambos se prosternaram tomados de medo. Rafael os tranquilizou e ordenou que assentassem por escrito tudo o que aconteceu. E subiu ao Céu!
Tobit, então, escreveu uma belíssima oração que é um verdadeiro cântico profético, pois descortina “grandiosas perspectivas messiânicas”.(2)

Prefigura do Céu empíreo e da Igreja Católica

Destacamos alguns pontos desse cântico.

– Deus “vos castigará por causa de vossas iniquidades […] Convertei-vos, pecadores!” (Tb 13, 5-6).

– Jerusalém será punida devido às suas más obras. Praticai boas obras e bendizei o Rei dos séculos, para que seu Templo seja de novo edificado em ti (cf. Tb 13, 9-10). A cidade santa já sofrera muito devido aos ataques de inimigos, mas ainda estava de pé, bem como o Templo, quando Tobit compôs seu cântico.(3)

– “Uma luz fulgente brilhará em todos os confins da Terra! Muitas nações virão a ti de longe” (Tb 13, 11). Tais palavras “predizem a conversão dos povos pagãos ao verdadeiro Deus, e a catolicidade da Igreja de Cristo”. (4)

– Tobit amaldiçoa todos os que falarem contra Jerusalém, destruírem seus muros, abaterem suas torres; e abençoa todos os que a temerem. Declara que são felizes todos os que se entristecerem por seus castigos, pois contemplarão toda a sua alegria (cf. Tb 13, 12.14).

– Prevê a reedificação da cidade de Jerusalém e do Templo. E também a glória futura de Jerusalém, cujas portas serão construídas com safira e esmeralda, as muralhas com pedras preciosas, as torres com ouro, as praças pavimentadas com cristais e pedras de Ofir (cf. Tb 13, 16-17).

Os Livros de Isaias (54, 11-12) e do Apocalipse (21, 18-21) trazem descrições semelhantes a respeito da nova Jerusalém.

Jerusalém nesse caso é prefigura do Céu empíreo, ou seja, um Céu material, de magnificência indizível, no qual os corpos dos justos, após a ressurreição dos mortos, poderão desfrutar uma eternidade feliz.(5) E também da Igreja Católica, a qual, embora passe por épocas de perseguições internas ou externas, jamais será destruída, conforme a promessa de Nosso Senhor: “As forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18). Sua pulcritude deve se manifestar nas construções e na decoração dos templos, nas músicas bem como nos ornamentos, objetos e cerimoniais litúrgicos.

Protetor dos enfermos e dos viajantes

Quando Tobit ficou cego, tinha 62 anos de idade. Depois que recuperou a vista, viveu longos anos na abundância, deu esmolas e celebrou a grandeza de Deus (cf. Tb 14, 2).

Estando próximo da morte, chamou seu filho e lhe recomendou que se mudasse com sua família para a Média – atual Irã -, pois, segundo afirmavam os profetas de Israel, entre os quais citava Naum, Nínive e todo o império assírio seriam destruídos.

Tobit previu também que todas as nações se converterão, mas as pessoas que ficarem empedernidas no pecado “desaparecerão de todos os países” (Tb 14, 7). Tais palavras fazem lembrar a profecia de Nossa Senhora, em Fátima: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!”

E Tobit recomendou a Tobias: “No mesmo dia em que sepultares tua mãe”, a qual morreria logo depois, saia de Nínive com sua família, “pois vejo que é grande a iniquidade em seu meio, é grande a perfídia que nela se comete, e ninguém se sente envergonhado” (Tb 14, 10). E no momento em que Tobit disse: “agora a minha alma se vai…” (Tb 14, 11), deitaram-no num leito e ele morreu; tinha 112 anos.

Quando sua mãe faleceu, Tobias com sua família foi para a capital da Média, onde passou a residir com seu sogro Raguel. Após a morte de seus sogros, ele recebeu a herança, como já havia auferido a de seu pai.

Tobias, bem idoso, soube da destruição de Nínive – acontecida em 612 a. C. – e viu seus habitantes sendo deportados para a Média. E bendizendo o Senhor, morreu cercado de honra, aos 117 anos de idade.

Quanto ao Anjo, a Igreja o venera como São Rafael, pertencente a um dos mais altos coros angélicos. Ele é o protetor dos doentes e também dos viajantes.(6) Sua festa, juntamente com a de São Miguel e São Gabriel, é celebrada em 29 de setembro.

Por Paulo Francisco Martos

(1)FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, v.III, p. 370.
(2)Idem, ibidem, p. 334.
(3)Idem, ibidem, p.372.
(4)Idem, ibidem, p. 372.
(5)Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. E seremos repletos de grandeza… .In Revista Dr. Plinio, São Paulo, n. 49, abril 2002, p. 16.
(6)Cf. FILLION. Op. cit., p.347.

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