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Castel Gandolfo: cheio de história, vira museu

Castel Gandolfo (Quarta-feira, 26-10-2016, Gaudium Press) Incrustrado numa aprazível colina junto a uma aldeia quase cidade, em torno de um lago azul, onde o clima é agradável todo o ano e a vegetação é bem cuidada, ai fica a Residência de Verão dos Papas.

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Pelas alamedas de seus jardins e pomares, Papas caminharam, visitantes ilustres dirigiam-se para o Palácio, cruzavam seus portais e percorriam as salas, os solões, aconchegavam se na biblioteca ou rezavam na capela.

Ainda hoje, quando ninguém mais reside nele, é possível rememorar acontecimentos e ouvir nitidamente o eco de passos das pessoas que ali teceram acontecimentos históricos.

Museu de História Viva

Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, localizado 20 quilômetros de Roma foi aberto ao público: ele agora é um Museu.
Provavelmente nele não mais se escreverá os acontecimentos. Os estudiosos, turistas, fiéis, curiosos e até peregrinos poderão ir até lá para ver e ler a história. Eles poderão agora conhecer a intimidade dos papas.

Espaços que até agora eram reservados para uso exclusivo dos Pontífices podem ser visitados: a biblioteca, o escritório particular e até mesmo o quarto de dormir.

Vai ser possível ir até a Capela e admirar o ícone da Virgem de Czestochowa, pisar no mesmo local onde -pela primeira vez- dois papas rezaram juntos: Bento XVI e Francisco.

Iniciativa

A iniciativa de abrir Castel Gandolfo ao público foi do Papa Francisco que tem uma tendência a sempre surpreender com suas atitudes, mas que nunca residiu no Palácio de verão.

Isso, aliás isso não é uma novidade entre os Papas: desde o ano de 1596, apenas 15 dos 33 Pontífices pernoitaram ou passaram alguns dias em Castel Gandolfo.

A surpresa, então, fica por conta da decisão de que aquele espaço gerador de história seja transformado em um museu. Museu permanente, ao até o próximo pontificado…

Uma visita a Castel Gandolfo: itinerário

As instalações e os aposentos são sóbrios, pouco luxuosos. Como já foi acentuado, a relevância dele vem com a história de que são testemunhas.

O itinerário de uma visita é iniciado na “Sala dos Suíços”. Decorada com mármores policromados. Em seguida vem o elegante Salão Verde para os encontros oficiais. Depois vem a “Galeria da música”, a “Sala do trono”, a sala do Consistório para os encontros com os cardeais.

Foi nessa sala que Giuseppe Angelo Roncalli, futuro Papa São João XXIII, recebeu a púrpura cardinalícia. A biblioteca está próxima do escritório do Papa onde foram escritas inúmeras encíclicas e homilias. Foi sobre a escrivaninha dele que o Papa Bento XVI depositou documentos importantes que ele passava para Francisco.

Morte e vida se intercalaram

O quarto ou aposentos mais íntimos do Papa vem em seguida. Ele é simples: uma cama de solteiro, Nossa Senhora com o Menino Jesus, um armário, o criado-mudo e o retrato do Papa Gregório.

Neste quarto, a morte e a vida se intercalaram, ainda há pouco. Nele nasceram por volta de 40 crianças. Eram filhos de mulheres que durante a guerra foram abrigadas por Pio XII e que lá deram à luz durante a guerra.

A maioria desses bebês foi batizada com o nome de Eugênio, em homenagem ao Pontífice Eugênio Pacelli – que, em 1958, faleceu naquela mesma cama. Neste aposento, Paulo VI, 20 anos depois, 1978, deixou a vida deste mundo.

A história, o tempo, tudo passou ali, tudo foi cronometrado pelos vários relógios da Residência que ainda funcionam normalmente, registrando novas eras.

Alguns objetos usados por pontífices ainda estão lá intactos e funcionando. Exemplo disso é o telefone que foi utilizado pelo Papa João Paulo II, que definia Castel Gandolfo como sendo “Vaticano Dois”. 

O primeiro e o último, até agora…

O primeiro hóspede de Castel Gandolfo foi Urbano VIII. Ele chegou ao Castelo em 10 de maio de 1626. No século XX, apenas João Paulo I nunca esteve em Castel Gandolfo, nem teve tempo para isso, pois foi Papa por 33 dias.

O último a passar ali as escaldantes temporadas do verão romano foi Bento XVI. Em 28 de fevereiro de 2013, Joseph Ratzinger deixou o Vaticano de helicóptero, após renunciar ao pontificado.

Os portões do Palácio de Verão dos Papas foram fechados, iniciou-se o período chamado de ‘sede vacante’. Eles ainda puderam testemunhar os últimos instantes de um ato histórico, de um epílogo: os últimos instantes de um papa residente em Castel Gandolfo.

Museu

Castel Gandolfo agora é um museu. Como os outros, está aberto ao público de segunda a sábado. Há uma bilheteria no local, mas, é aconselhável adquirir as reservas com antecedência.

Afinal, Castel Gandolvo não é um museu qualquer: nele ainda pode ser ouvido o eco dos passos da história… (JSG)

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