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Motivar a adoração

Redação (Terça-feira, 08-11-2016, Gaudium Press) O dever de adorar o Santíssimo é cumprido pelos fiéis quando comungam com devoção, seja a comunhão sacramental ou espiritualmente, quando participam de uma Hora Santa, também visitando ao “Deus escondido” que permanece reservado no sacrário, ao participar de uma procissão de Corpus Christi, etc.

Da mesma forma, até podem adorar o Senhor em sua casa ou no trabalho!

De que maneira? Aproximando-se, em espírito, do sacrário de sua paroquia ou de algum outro templo, em um ato de fé e de amor. A bem dizer, pode-se adorar a Jesus Sacramentado em todo o tempo e lugar.
Que graça e que facilidade!

Imaginemos uma circunstância hipotética bastante ‘sui generis’- que se soubesse que Nosso Senhor Jesus Cristo vá aparecer em pessoa em tal praça pública ou lugar descampado, e uma hora precisa.

Seguramente ali se congregariam milhares e milhares de devotos e de curiosos.

Porém não é menos certo que em milhares e milhares de sacrários de nossas Igrejas e capelas urbanas e rurais, o Senhor está presente, sempre a nossa espera, congregando pouquíssimos… ou ninguém, e sem que sequer se pense nele.
Falta de fé? Falta de amor?

Sim, e também falta de consequência, pois o que professamos com os lábios não aplicamos em nossa vida concreta.

A razão iluminada pela fé nos diz que Jesus está lá. Porém acontece que a sensibilidade não se acende diante desta verdade incontestável e, por isso, não chega a mover a vontade para que se decida ir adorar o Senhor.

Essa insensibilidade é irracional, e por isso, pecaminosa. Enquanto ela não é combatida e seja corrigida, deixará sua sequela inevitável: uma vontade desfibrada, incapaz de mover-se.

Até os animais que atual por instintos, são infalíveis no exercício do cumprimento de seu fim. O homem, porém, chega racionalmente a renunciar o dever, o que acarreta consequências fatais e eternas.

Assim somos…

Das potências da alma -inteligência, vontade e sensibilidade- a terceira é a mais frágil e, a esse título, a que deve ser cuidada e motivada com especial esmero.

Sem um incentivo que potencie a vontade, a virtude torna-se impraticável, ou quase tanto.

Por isso, em relação ao culto devido à Eucaristia, é adequado que haja ambientes apropriados que estejam à altura do mistério e que estimulem aos fiéis a fazer atos de adoração.

Poder-se-ia objetar que a ambientação não é mais que uma moldura acessória, que o que importa é a substância mesma: apenas a presença da Eucaristia, sem mais.

Porém, quem simplificar as coisas assim, claudica de sua condição humana, já que não somos puros espíritos como os anjos. Necessitamos de um estímulo material.

Como amar e servir a Deus e ao próximo sem atitudes, gestos, sinais?

O mor e o serviço se plasmam em coisas palpáveis, não fica nas teorias ideais. Eles se cristalizam também em princípios razoáveis e realizáveis hic et nunc, aqui e agora, quer dizer, que tomem corpo na terra… e não no mundo da lua.

Aplicando esta reflexão à adoração ao Santíssimo Sacramento, é bom saber que quando se trata de honrar o Rei dos reis, tudo é pouco; e neste empenho sempre vamos ser apequenados.

Para seu devido culto, a presença real de Jesus pede uma “opção preferencial” pelo melhor, pelo mais excelente possível.

Vamos a alguns exemplos:

para honrar a Eucaristia, o que escolheríamos se tivéssemos que escolher: um cálice de barro ou um de prata?

Para a toalha do altar, algo de acrílico ou de linho?
Para o Sacrário. Escolheríamos uma madeira rústica ou de categoria, ou um metal de valor?

Para as velas: a cera seria de parafina?

Para o vinho a consagrar, seria um vinho de qualidade ou o mais ordinário possível?

Para os vasos: flores de plástico ou naturais? etc.

Outras perguntas:

Diante do Santíssimo, devo estar vestido de qualquer forma ou apresentar-me dignamente? Saudar lhe ao entrar com uma genuflexão ou diretamente chegar e sentar-me sem maior respeito?

Procurar estar à vontade, ou “padecer” em bancos incômodos, mais próprios a um faquir que a um adorador?

Preferir as harmonias de uma música que me distende ou as estridências de um ritmo mundano que dispersa minha atenção?

Si no se dispõe de uma moldura apropriada para a adoração, a sensibilidade não se deleita, a vontade não se move e a inteligência não se satisfaz, Não ser que nos creiamos “super-homens”.

Ou seria outra exceção que não desmentiria a regra- que estamos chamados a ser singulares anacoretas que transitam por vias anormais…

Cuidemos do essencial e também dos detalhes, porque o amor verdadeiro está feito de uma multidão de detalhes, inclusive aparentemente supérfluos.

Assim motivaremos a adoração; do contrário -já que nada de grande se faz de repente- irá tomando corpo a desordem que nos poderá conduzir paulatinamente muito longe no caminho do mal, do erro e da feiura.

Que contraste desolador: enquanto os católicos tantas vezes descuidamos do culto Eucarístico, profanadores de igrejas utilizam as Hóstias roubadas dos sacrários, para ultrajar o sacramento fazendo “missas negras”.

É o que denunciou recentemente o arcebispo de Toledo, Espanha (ACI, 19 outubro,16).

Como conclusão, digamos que não só se tem que cuidar de detalhes. Outra maneira excelente de motivar a adoração é indignar-se com os sacrilégios perpetrados e ir aos pés de Jesus Hóstia para reparar tanta maldade que fica impune.
Por acaso, não se deve amar a Deus co todo o coração, com toda a alma e com todas as forças? (Dt, 6, 5).

A adoração reparadora é uma pujante demonstração de amor.

Por Padre Rafael Ibarguren EP
Conselheiro de Hora da Federação Mundial das Obras Eucarísticas da Igreja

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